Acidentalmente Apaixonados - Kakairu (+18)

• Desconfortável •

Quando estava prestes a retornar para a mesa, o moreno ouviu a porta do banheiro ser aberta e ao ver quem acabara de passar por ela, sentiu seu corpo inteiro comprimir e seus olhos se arregalarem. Aquele não podia ser...

- Mizuki?!- sua voz saiu como em um sussurro desesperado.

O moreno permaneceu parado no lugar onde estava, como se o seu corpo inteiro estivesse congelado. Calafrios percorreram sua pele o deixando arrepiado, mas ao mesmo tempo sentia as palmas de suas mãos tão quentes que chegavam a suar. Em sua mente haviam uma mistura de sentimentos, raiva, medo, angústia, tristeza, ele não saberia descrever exatamente o que estava sentindo mesmo que tivesse vinte anos para fazer aquilo, o que não tinha. Na verdade nem queria ter, sua vontade era sair dali o mais rápido possível, mas temia que se tentasse se mover seu corpo não obedeceria aos seus comandos.

O silêncio prevaleceu durante um tempo. Ambos apenas se olhavam como se estivessem extremamente surpresos ao se verem, claro que para o moreno aquela surpresa não era tão agradável. Logo Mizuki adquiriu um sorriso malicioso, e foi então que Iruka percebeu que ele estava ali para fazê-lo relembrar todas as coisas ruins que ele tanto tentara esconder e esquecer. Estava certo de que demônios haviam o enviado para atormentá-lo.

O homem de cabelos brancos compridos deu um passo à frente e fechou a porta atrás de si, apenas para o Umino dar um passo para trás involuntariamente e se praguejar mentalmente por isso. Quando já estava bem próximo ao lutador, o Touji abriu um sorriso sarcástico ao ver o desespero nos olhos do outro e perceber que ele já estava encostado no balcão da pia e não tinha escapatória.

- Ora se não é o famoso, Iruka Umino...- falou enquanto alisava a bochecha do moreno com a parte traseira da mão, e sorriu mais ao ver que ele puxou o ar rapidamente em um suspiro trêmulo de terror ao sentir o seu toque.- Ah... Não faz assim, Iru! Você costumava amar quando eu te tocava.- completou debochado, enquanto se aproximava mais.

- Por favor, não me toque!- o respondeu rapidamente, agradecendo aos céus por não ter gaguejado.

- Não se faça de difícil, sei muito bem do que você gosta...- Mizuki disse enquanto deslizava a mão pelo abdômen do Umino indo em direção ao seu membro, e sentiu seu pulso ser apertado pelo moreno, que o impedia de fazer o que estava pensando.- Vejo que continua com braços fortes e mãos habilidosas.

- Eu disse para não me tocar.- o moreno soltou secamente, sentindo nojo irradiar em corpo e um gosto amargo de raiva invadir a sua boca. Ele não seria usado novamente, preferiria morrer à ser humilhado por aquele homem.

- Posso notar que está mais "corajoso".- o Touji comentou fazendo aspas com as mãos após se soltar do aperto. Adquirindo uma postura de superior, digna de ser acompanhada por um olhar de puro desprezo.

- Eu não sou mais aquele idiota que você usou para conseguir o que queria, Mizuki!- falou cerrando os punhos enquanto assumia uma pose implacável, mesmo que sentisse seu coração doer dentro do peito.

- Ha! Eu te usei?!- o de cabelos brancos perguntou ironicamente.- Me lembro de você me dar todas aquelas coisas em troca de eu te foder.- cuspiu com rispidez e o moreno sentiu como se as palavras fossem navalhas.- Exatamente como a vadiazinha que você é!

- M-Mizuki...- se xingou mentalmente por ter gaguejado.- Nós éramos namorados, morávamos na mesma casa, dormíamos na mesma cama... Você dizia que me amava.- disse tentando manter a imparcialidade, mas as palavras haviam lhe acertado como um soco, então temia que sua postura estivesse dizendo o contrário.

- E daí?- o Touji falou com tanta naturalidade, que Iruka percebeu que ele nunca havia nutrido nenhum sentimento por ele. Sentiu-se estúpido.

- E daí que eu te amava, Mizuki. Eu te pedi em namoro porque eu te amava, te chamei para morar comigo porque eu te amava, te presenteava com as melhores coisas porque eu te amava! O que você achou que fosse?!- comentou com a mão espalmada no próprio peito, como se isso amenizasse a dor que sentia.