Come with me

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- Back in Black, I hit the sack, I've been to long I'm, Glad to be back... - meu celular vibrava no bolso do meu moletom. Acordei, sentindo a dor do dia anterior, e puxei o aparelho pra fora, lendo o nome de Dustin na tela.

- O que é? Não são nem sete ho...

- PARABÉNS PRA VOCÊ! NESSA DATA QUERIDA! MUITAS FELICIDADES, MUITOS ANOS DE VIDA! - ele cantou, me fazendo sorrir - Liguei só pra te desejar parabéns! Queria ser o primeiro!

- Ah, bem, eu acho que ninguém mais vai ligar - falei, tendo a risada de Dustin como resposta - Mas, obrigado, mano!

- Que nada. Comprei um presente para você... Você nem vai vir pra aula hoje, né?

- É, estou meio sem condições até mesmo de respirar!

- Foi mal não ter ido te ajudar ontem! Minha mãe simplesmente apareceu na porta da escola e meio que me obrigou a entrar no carro!

- Seu mãe foi te buscar? - falei, incrédulo - Essa é nova.

- É, pode crer! Ela tinha que ir em uma reunião na casa do caralho e estava a fim de me apresentar para os novos sócios dela... Enfim, você está melhor?

- É, não muito... Briguei com meu pai ontem. Meio que tive um surto... - respondi, respirando fundo e me sentando com certa dificuldade na ponta da cama.

- Depois eu dou uma passada aí, beleza? - perguntou, e eu assenti - Tenho que ir agora, senão vou me atrasar! Até depois!

O garoto desligou, e eu fiquei alguns segundos apenas analisando a parede do meu quarto. A casa estava silenciosa, e nenhum barulho vinha da garagem, sinal de que meu pai já havia saído pra trabalhar.

Quando decidi me levantar, pisei em um dos brinquedos de madeira que eu havia jogado no chão no dia anterior, me fazendo xingar metade das minhas gerações.

- Brinquedo do caralho! - peguei o soldado de madeira do chão, o pondo de volta na estante.

Haviam várias peças de madeira espalhadas por todo o chão do meu quarto, e eu pensei em pedir pra Deus me levar quando soube que teria que por tudo de volta em seu devido lugar.

Caminhei com certa dificuldade até o banheiro, abrindo a porta devagar, encostando minha cabeça na mesma. Ao abrir, dei um grito. Havia um garoto em meu banheiro, apoiado na pia, analisando o próprio rosto. Ele se virou assustado, batendo as costas na parede e arregalando os olhos pra mim.

- QUEM É VOCÊ? O QUE FAZ NA MINHA CASA? VOCÊ QUER ME ROUBAR? - perguntei, apontando uma escova de dentes na direção do garoto, em minha defesa.

- O q-que? Não!

O garoto com cabelos castanhos parecia assustado. Ele devia ter a minha idade, e usava uma roupa familiar.

- Quem raios é você? - perguntei novamente, levantando uma sobrancelha.

- Meu nome é W-Will... - ele mordeu os lábios rosados, abaixando a cabeça.

Foi quando eu soltei a escova de dente no chão, me apoiando na porta para não cair ali mesmo.

Reconheci os grandes olhos verdes, a boca perfeitamente desenhada e os cabelos castanhos e lisos que caíam em sua face. O garoto vestia as mesmas roupas que meu boneco, mas parecia um pouco apertada demais nele. Minha boca continuava aberta, e Will me encarava com certo medo, se encolhendo no canto da parede.

- Você é real? - perguntei, me aproximando dele. Ele se sentou no chão frio e eu me abaixei, a fim de tocar seu rosto. Quando realizei tal ato, tive vontade de chorar, finalmente, de alegria - M-Meu Deus! Você é real! Eu estou sonhando?

Wicchio - BylerOnde histórias criam vida. Descubra agora