Secrets

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Ouvi o som do despertador tocar, o que me tirou imediatamente do sonho ótimo que eu estava tendo.

A realidade estraga minha vida.

Abri os olhos, sentindo as pálpebras pesarem 1000kg, dando de cara com Will dormindo na minha frente. Como se não bastasse, ele estava abraçado a mim.

- Will? - falei baixinho, me movendo milimetricamente - Acorda, temos que ir para o colégio.

Ele abriu os olhos lentamente. Parecia exausto.

- Não me sinto bem.

- O que está sentindo? - perguntei, mexendo nas mechas de seu cabelo.

- Algo na cabeça... Não é bom - ele franziu a testa, parecia um pouco assustado, mas muito incomodado.

Me lembrei de minha conversa com Dustin na noite anterior, e, me perdoe, eu agradeci aos anjos por Will não ir à escola neste dia.

- Fique em casa, tá? Eu volto no mesmo horário de sempre e cuido de você - Will concordou com a cabeça e sorriu para mim. Dei-lhe um beijo na testa e ele me soltou. Fiz uma manobra muito radical e foda pra conseguir sair da cama, visto que seu corpo me prendia encostado na parede, mas consegui.

Fiz o mínimo de barulho possível enquanto me arrumava, e logo desci as escadas pra tomar café da manhã.

Como sempre, estava sonolento. Levei um susto quando vi meu pai tomando café na cozinha, lendo um jornal. Levantou os olhos até mim quando me aproximei.

- Bom dia - ele disse secamente.

- Bom dia.

- Dormiu bem?

- Sim... - falei, com dúvida, enquanto abria a geladeira procurando por algo que não fossem frutas.

- Do jeito que você e Will estavam, parece que não dormiram.

Este comentário inútil me fez revirar os olhos. Me senti como se uma gota do meu sangue estivesse fervendo, esquentando o restante do corpo. Qual a necessidade de falar isso logo de manhã?

- Nós só dormimos, qual o problema?

- Meninos não dormem abraçados daquele jeito.

Bom, eu tenho um pau e durmo desse jeito. Portanto, suas palavras não condizem com a realidade.

- Não tem nada demais! - afirmei, pegando um iogurte de morango - As coisas mudaram.

- É bom que não tenha nada demais mesmo - se levantou da cadeira, dobrando o jornal e o colocando em cima da mesa - Vou trabalhar, tenha um bom dia.

Mostrei-lhe o dedo do meio e a língua quando se retirou da cozinha. Um ato de maturidade, eu diria.

Ao me sentar para comer meu danone, me deparei com a seguinte notícia no jornal que meu pai estava lendo:

"Show de bonecos de madeira vira sucesso por toda a região de Orlando."

No momento, meu sangue que antes borbulhava em minhas veias, pareceu esfriar. Meu pai desconfiava de algo, eu sabia que sim, e isso me deixava cada dia mais nervoso.

Balancei a cabeça, na tentativa de afastar esses pensamentos, e me dei conta de que estava no horário certo. Dessa vez, não chegaria atrasado.

Logo terminei de comer e fui fazer minha higiene matinal. Dei um beijo na bochecha de Will antes de sair e fechei a porta do quarto com cuidado. Abri a porta da sala, e mais um dia acabara de começar.

Wicchio - BylerOnde histórias criam vida. Descubra agora