Goiânia - Brasil - 20:00 - Domingo.
Cheguei a um momento que não aguento mais minha vida repetitiva.
Vivo trabalhando, pagando contas e retornando para casa apenas para dormir. Divido apartamento com minha amiga e minha irmã, Maiara e Lauana, se não fosse assim, a grana que eu ganho, não daria ao menos para me alimentar. Não é um salário ruim, mas também não é um salário que dê para viver bem.
Minha mãe sempre me dizia: Filha, estude para ser grande. E nem isso eu sou, tenho pouco mais de 1,55m. Não sei se era exatamente desta grandeza que minha mãe se referia, creio que não e nem essa grandeza eu tenho.
Tenho vinte e quatro anos e trabalho na agência de modelos, Mendonça's, é uma granada curta, mas é um bom trabalho e, como eu não tenho ensino superior, é ótimo até demais, não posso reclamar, é daqui pra pior.
Meu sonho real era ser cantora, viajar o mundo levando minha música, mas nunca tive muita chance de mostrar meu talento, às vezes posto vídeos no meu Instagram dedilhando algumas notas no meu violão e soltando minha doce voz. Ao menos meus amigos elogiam nos comentários, o que se resume a quatro ou cinco no máximo.
Era domingo a noite, Maiara estava largada em um sofá, Lauana deitada no que eu estava e com a cabeça apoiada em meu colo.
As duas assistiam um filme enquanto eu estava com um livro apoiado na cabeça de Lauana, lendo.
Este livro está mexendo com a minha líbido. Misericórdia, senhor, me tira essa vontade de ser bem fodida ao menos uma vez na minha vida.
O fogo daquele livro estava passando para mim e ao menos podia cruzar minhas pernas, já que Lauana estava com a cabeça sobre elas.
— Sabe o que eu queria agora? – Soltei enquanto colocava o marca páginas no livro e largava ele no braço do sofá.
— Comida? – Disse Maiara enquanto arrumava os óculos de grau.
— Dinheiro. – Lauana disse com preguiça.
— Eu queria uma pessoa que soubesse me foder com vontade pra que meu corpo lembrasse disso pelo menos uma semana.
Lauana que estava deitada em meu colo, levantou rapidamente, me encarando abismada, assim como Maiara, que tinha a boca levemente aberta.
— Isa, eu não sabia que você curtia essas coisas.
— Você está falando sério? Eu estava até agora esperando você rir para que eu pudesse rir junto. – Disse Maiara.
— Tenho que parar de ler esses livros depravados, isso está mexendo com a minha cabeça.
Todo livro de putaria que você imaginar, eu já li. Trilogia de cinquenta tons, trilogia inferno de Gabriel, a garota do calendário, acotar... E mais uma grande variedade deles. Coloquei o olho, vi que é livro erótico, eu estou comprando, só queria que algo assim acontecesse comigo, deve ser tão superior um relacionamento onde a base é um bom sexo. Quer dizer, eu gosto de romance, talvez eu viveria chorando se namorasse um cara assim, eu sou realmente confusa, não tentem me entender.
— Está mexendo é com a sua vagina, estou sentindo o fogo no cu daqui. – Disse Maiara.
Eu e Lauana rimos.
— Aí, Maiara... Mas eu queria ter uma experiência assim, eu só pego gente fraca.
— Pensei que você gostava de ficar com o Danilo. – Disse Lauana.
— Lauana, não brinque com a minha cara. Homem fraco, pego ele pois é o que eu tenho disponível no momento. Ele parece mais um irmão para mim, é frustante.
— Maraisa, eu jurava que você gostava de umas coisas mais fofinhas.
— Gosto, mas também gosto de safadeza. Foder pesado e dormir juntinhos depois.
Peguei novamente meu livro e abri na página.
— Não tenho do que reclamar, sou bem fodida, graças a Deus. – Disse Lauana, voltando a deitar no meu colo.
— Graças a Deus? Graças a mim! – Maiara soltou do outro sofá, inconformada.
Vi uma almofada voando na nossa direção, ao invés de pegar em Lauana, pegou bem na minha cara.
— Vocês deveriam parar de usar o nome de Deus para esse tipo de comentário.
— Maraisa crente ataca novamente, estava agorinha falando que queria ser fodida até esquecer como se anda.
— Aí, Maiara. Acho que preciso de um banho.
Me abanei com o livro e as meninas começaram a rir.
Fui para meu quarto dormir, claro, dormir depois de fazer carinho em mim mesma. Deitei na cama usando uma fina e curta camisola de cetim e coloquei um vídeo pornô lésbico no meu celular. Nunca entendi porquê gosto de ver mulheres fazendo isso, sendo que sou hétero. O lésbico me deixa excitada, repito em mim o que uma garota faz na outra.
Fazer isso só me deixa mais necessitada, por mais que eu chegue ao ápice, meu corpo fica atrás de mais. O que está acontecendo comigo?
Acho que vou ligar para o Danilo, ele é péssimo em sexo, mas pelo menos é algo diferente de mim mesma.
Grunhi de ódio e joguei meu celular do lado na cama. Não consegui gozar.
Levantei e fui até a pequena varanda do meu quarto. Eu moro no segundo andar, então, podia ver bem as pessoas trafegando pelas ruas frias de Goiânia.
Observei uma mulher jovem saíndo de um estabelecimento, devia ter seus vinte e cinco ou mais, estava acompanhada por um homem de uns trinta anos. Ela parecia importante, roupas sociais que de longe vejo que é de grife, pasta preta em mãos e o rapaz que a acompanhava, parecia ser seu motorista particular.
Me abracei ao meu próprio corpo, estava frio e eu estava usando apenas uma camisola fina.
Carla Maraisa, você é uma sem fundamento, as pessoas passando na rua e você quase nua. Nem calcinha eu estou vestindo.
Vi a mulher levantando o rosto em minha direção, nossos olhares se encontraram bem na hora que deu um vento e balançou minha camisola, baixei rapidamente.
Aí, meu Deus! Será que ela viu?
Corri para dentro e fechei a janela e a cortina.
Nunca vou ver essa mulher, então, está tudo bem, só paguei um nudes de leve para uma estranha.
Uma estranha muito linda...
Grunhi novamente de ódio e me joguei na cama.
Dorme, Maraisa, dorme. Ao menos dormindo você não passa vergonha.
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In Paris | Malila.
ФанфикCarla Maraisa é funcionária do senhor João Gustavo Dias, um incrível rapaz herdeiro da agência de modelos de seu pai. Por mais que o trabalho e ser secretaria de um cara legal fosse bom, Maraisa já estava cansada de sua vida repetitiva e do dinheiro...