Capítulo 21

3.2K 309 54
                                        

Paris - França - 08:19 - Domingo.

Chegou o dia de me despedir de Paris e da minha companhia perfeita.

Vai ser difícil ficar sem Marília, sem as mãos dela me tocando, até mesmo me acostumei com seu mau humor diário e sua autoridade excessiva. Mas ao mesmo tempo estou saltitante, tenho tanta saudade de Lauana e Maiara, não vejo a hora de contar para elas tudo que aconteceu. Quer dizer... Nem tudo se pode sair contando por aí.

Sai do closet já completamente vestida, fui até meu quarto, arrumei minha mala com apenas algumas roupas, mas obviamente coloquei algumas roupas da YSL, Marília comprou tanta roupas, calçados e bolsas para mim, que ao menos cheguei a usar metade do que ela comprou. Como acho que voltarei, deixo as roupas aí para usar quando vier.

Sai do quarto arrastando minha mala, encostei ela na parede. Lamar já veio a meu encontro e a pegou.

— Pronta, Maraisa?

— Marília saiu?

— Ela mencionou que vai até a pista de vôo te ver.

Confirmei com a cabeça.

Desci as escadas e fui até a cozinha tomar café. A senhora Lea assim que me viu já veio me abraçando.

— Você voltará, certo?

— Espero que sim...

— Ah, querida, vou sentir saudades. Você faz tão bem a minha menina.

— Também vou sentir saudades, tia Lea.

— E saudades da minha garotinha?

— Principalmente dela.

Me separei do abraço e sentei para tomar um pouco de café.

— Sabe dizer onde ela se enfiou? – Falei antes de tomar um pouco do café preto.

— Creio que foi trabalhar. Não a vi, quando cheguei já tinha saído.

Depois de tomar café e dar mais alguns abraços na senhora Lea, entrei no carro de Lamar até a pista de vôo. Ao chegar já vi de longe o avião dela parado. Eu poderia ir em vôo comercial, Marília Mendonça.

Um carro preto parou, logo vi Marília descendo dele e vindo a meu encontro a passos largos.

Vou chorar, não quero ir, vou morrer de saudade dessa mulher.

Marília estava com cabelo solto, calça jeans azul, um suéter gola alta preto, camisa social branca por cima e um blazer azul escuro de abotoamento duplo.

Quando ela chegou próximo a mim, abriu a porta do carro que eu desci e me mandou entrar.

— Me desculpe ter saído tão cedo, eu tinha compromissos inadiáveis.

Olhei para Marília com calça jeans, primeira vez que a vejo de jeans... Lá se vai meus pensamentos impróprios, mas, imagina Marília com calça Jeans folgada na cintura, caindo um pouco apenas para mostrando o elástico da Calvin Klein, descalça e de top, com o cabelo bagunçado pós sexo. Deve ser tão... Uau!

— Vou sentir saudades... – Tentei puxar um assunto fofinho, se eu contar pra Marília o que se passa na minha cabeça, é capaz dela me levar para dentro desse avião e me foder lá.

Marília beijou meus lábios lentamente.

— Sei bem que suas mãos são bem travessas e elas amam passear por aqui. – Marília tocou minha intimidade por cima da calça. — As mantenha longe dessa região, Carla. Eu saberei quando te ver em algumas semanas se você se masturbou.

— Como vai saber?

— O seu corpo me dirá, ou você mesma. Então se comporte.

Puxei ela para mais um beijo, em instantes eu estava sentada no colo dela.

— Carla, pelo amor de Deus!

— Como vou manter minhas mãos longe do meu corpo, se já estou indo viajar morrendo de tesão?

— Vamos resolver isso então.

— Marília!

Ela puxou o celular do bolso do blazer e digitou um número.

— Lamar, avise ao piloto que Maraisa demorará mais 15 minutos.

Marília desligou a ligação e jogou o celular no banco.

— Marília! – A repreendi. — Todos eles vão saber o que estamos fazendo! Estou com com vergonha.

— Problema deles. O primeiro que eu ver que está excitado, quando sair desse carro, está demitido.
Marília segurou a jaqueta que eu usava e sorriu para mim.

— Balenciaga? Que traição é essa com a YSL?

— Foi você quem pagou, só não quis fazer desfeita. – Ela soltou um riso nasal. — Posso ser sincera? Queria muito levar ela para o Brasil, não tinha espaço na minha mala então pensei: por que não levá-la no meu corpo?

— Por que não pegou uma mala no meu closet e colocou as roupas que queria levar?

— Tudo bem, eu coloquei algumas. Principalmente da YSL.

— Depois me fala as que você quer, quando eu viajar para lá em algumas semanas te levo, ou então leve um dos meus cartões e faça compras por lá.

Tapei a boca dela com minha mão.

— De jeito nenhum, está doida?

— Por você...

Me aproximei de Marília e beijei seus lábios. Nossas línguas desfilavam sem pressa uma sobre a outra. A mão atrevida que ama meu corpo já foi entrando na jaqueta e tocando a pele da minha cintura, exposta pela camisa.

— Você é tão linda, Maraisa. – Marília fez carinho no meu rosto com o polegar. — Também vou sentir saudades de te ter me irritando o dia inteiro com o Bruno.

— Obrigada por esses dias, pelas pessoas que me apresentou e por tudo que me proporcionou.

— Não trate como uma despedida, logo você estará aqui de novo. Gostaria que viesse morar, o fuso horário vai me matar, o Brasil está a 5 horas a frente da França.

— Se eu vier morar na França, não pense que eu moraria com você.

Marília me olhou com cara de ofendida.

— Minha casa e minha companhia são tão ruins assim?

— Não, mas tá vendo aqui. – Mostrei meu dedo para ela. — Não tô vendo nenhum anel.

— Ah entendi... Só mora junto se casar? Que menina mais culta e a moda antiga.

Segurei as duas bochechas de Marília com minhas mãos, ela ficou com um biquinho nos lábios. Dei um beijinho, abri a porta e desci.

— Carla!

— Vai ficar me desejando também, Marília! – Falei e sai correndo.

— Carla Maraisa!

Não olhei para trás, eu estava rindo enquanto corria. Usava tênis então facilitava muito o processo. Mas Marília sempre consegue ser mais rápida, ela me agarrou pela cintura e beijou meu pescoço.

— Então é assim, senhorita Pereira?

Me virei, circulei o pescoço dela com os braços. Roubei uma sequência de selinhos.

— Tchau, Marília...

— Boa viagem, querida. Se comporte. Lamar vai te acompanhar.

— Lamar viaja comigo? Marília eu estou indo para o Brasil, não é como se eu fosse para uma balada ou algum compromisso aqui na França.

— Exatamente!

Revirei os olhos para ela, antes que ela reclamasse eu dei o último beijo.

Entrei no avião sozinha, queria a companhia dela. Que saco!

Logo o avião levantou vôo, peguei um livro e me aconcheguei na poltrona.

Longas horas de viagem a vista.

In Paris | Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora