Capítulo 17

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Paris - França - 20:38 - Quinta feira.

Não sei se é Paris quem me surpreende, ou se é Marília Mendonça, mas tenho grandes suspeitas que é a segunda opção.

Hoje aconteceu tanta coisa, que parece que vivi uns 3 dias, quando na verdade foi apenas um.

Estamos a bordo de um barco gigante, que na verdade é um restaurante chique, as mesas todas bem postas, com toalhas brancas, iluminação baixa. Jantar enquanto aproveitamos das belezas de Paris. Literalmente cai dentro de um dos meus livros de romance.

— Hoje aceita o vinho? Ou talvez champanhe?

— Deixo a seu critério.

Observei ela sorrir, um homem de uns 50 anos se aproximou da mesa. Marília fez os nossos pedidos, não entendi nada, pois foi em francês. Logo o homem se retirou e Sina se virou para mim.

— Um vinho, senhorita Pereira. Para o jantar, pratos típicos da gastronomia francesas. Iniciaremos com escargots. Prato principal Boeuf Bourguignon, é uma carne de boi cozida no vinho tinto. Para sobremesa, macaron.

— Marília, eu não faço a mínima ideia de como se como escargot.

Já posso estrelar um filme. As vergonhas de Maraisa: Agora em Paris.

— Tudo bem, eu posso te alimentar, senhorita Pereira.

Não demorou muito a comida ser servida, olhei para aqueles bichinhos no prato e tive muita dúvida se queria colocar aquilo para dentro do meu estômago.

O senhor serviu as duas taças de vinho e se retirou, eu logo provei o sabor do meu, Marília gosta muito de vinhos apurados e bem fortes, não tenho muito costume de consumir vinhos, ainda mais apurados desse jeito.

Observei Marília segurar um dos caracóis com um negocinho específico para isso, com uma espécie de garfinho ela retirou o conteúdo comestível daquele bicho, considerado um prato raro e de um valor com certeza absurdo.

Marília trouxe o conteúdo do garfo a meu encontro, abri minha boca e provei. Fiquei alguns minutos para decidir se gostei ou não.

— Então?

— Não é ruim, mas estou decidindo se é bom.

Marília sorriu, tomou um pouco do vinho esperando minha resposta.

— Okay, é bom, apesar de estranho.

Ela segurou outro caracol e, desta vez, levou o conteúdo para a própria boca.

— Mais?

Confirmei com a cabeça. Nunca vou ter oportunidade de comer isso de novo, vou ao menos ter certeza do sabor.

O jantar seguiu bem, vendo as belezas de Paris dentro de um barco, com Marília Mendonça a minha frente. O prato principal, era simplesmente magnífico, eu comi tanto que tive medo de passar mal, e a sobremesa apenas provei o sabor daqueles biscoitinhos colorido, pois eu estava cheia demais para eles. Se eu tivesse mais intimidade com Marília, com certeza tinha enfiado os biscoitinhos dentro da minha bolsa e trago para casa. Mas preciso demostrar ser uma mulher madura e elegante.

Ao descer, chegamos ao meu momento de glória, a bendita torre Eiffel. Fiz de Marília minha fotógrafa particular, tirei várias fotos em frente a torre e óbvio que Marília me surpreenderia e me levou até o topo dela onde dava uma vista de toda Paris. De tirar o fôlego.

Eu estava encostada nas grades de proteção do topo da torre, Marília parada ao meu lado, a apenas alguns centímetros de distância.

— Obrigada por me proporcionar um dia como hoje, Marília. Guardarei sempre na memória, como o melhor dia da minha vida.

— Não está exagerando?

— Nenhum pouco. Minha vida sempre foi muito repetitiva, ultimamente só estava indo em casa para dormir, minha única vista de todos os dias, era a tela do computador, as paredes branca e a porta da sala do seu irmão.

— Nunca te perguntei isso, mas você não tinha nenhum ficante no Brasil? Você era hetero, certo?

— Tinha, eu pegava um cara as vezes, mas era coisa de noite. Você foi a primeira mulher na qual eu me envolvi.

Observei Marília enfiando as duas mãos nos bolsos da calça.

— Corte qualquer vínculo que ainda possua com ele.

— Direitos iguais? Me cobre exclusividade, se me der também.

— Só tenho você, Carla. Voltará sozinha para o Brasil domingo, pense bem no que vai fazer por lá sem mim.

— Saberá tudo que irei fazer?

— Não. Estou te dando minha confiança. Não a desperdice, se ela for quebrada, não tem volta.

— Okay... Vamos para casa? Estou cansada.

— Sim. Necessito de um banho e de você na minha cama, Carla Maraisa.

Marília segurou minha mão, descemos da torre Eiffel e pegamos um táxi até em casa.

Ao chegar, tentei sair correndo na frente, subi as escadas, mas assim que pisei no corredor Marília me alcançou e me agarrou pela cintura.

— Não vai escapar de mim tão fácil assim.

Me virei de frente para ela, circulei seu pescoço com minhas mãos.

— Não pretendo. Posso tomar banho com você?

— Só banho?

— Hm... O que mais você deseja, senhora Marília Mendonça?

— Venha comigo e descobrirá.

Marília abriu a porta do quarto, já foi tirando a roupa e jogando pelo chão. Acho que descobri quem é a bagunceira da relação, que potinho de bagunça eu fui arrumar.

— Sabia que as roupas que você jogar no chão, alguém tem que apanhar, pois elas não andam sozinha até o local apropriado para elas ficarem?

— Hm... A senhora Lea não reclama.

— Marília!

Ela já estava descalça e sem a camisa. Amo a visão de Marília Mendonça apenas com calça social e sutiã. Até as roupas íntimas dessa mulher é de grife.

Soltei um grito de surpresa quando ela me pegou nos braços e me carregou em direção ao banheiro.

Tirei minha blusa enquanto ela colocava a banheira pra encher. Olhei bem para Marília de costas e meu coração disparou, o que é isso dentro de mim? Não pode ser paixão, tomara que seja um infarto, me apaixonar por Marília Mendonça é saber que nunca vai ser recíproco. Mas acho que não é infarto, é só meu coração batendo acelerado a cada vez que ela se aproxima ou toca em mim. É amor mesmo, eu estou fodida.

Tirei minhas calça, como não usava sutiã fiquei apenas com a calcinha. Fiz um coque no meu cabelo pois não queria molhar.

O cheiro das ervas que ela colocou invadiu o banheiro.

Quando eu achei que estava perfeito, lá foi Marília Mendonça tornar ainda mais. Ela abriu uma cortina, tinha uma vidraça enorme que dava visão das luzes da cidade e obviamente da minha linda torre Eiffel no fundo.

Entramos completamente nuas na banheira, eu estava entre as pernas dela, Marília fazia massagem nos meus ombros. Muito interessante como eu consegui achar tudo que eu queria, em uma só mulher, o quão sortuda eu sou? Empresária, boa de cama, faz massagem... É difícil encontrar os pontos negativos.

Naquela banheira fizemos um sexo que jamais havia sido feito antes, bem calmo, eu diria que até mesmo romântico.

Depois vestimos roupas confortáveis, eu como sempre furtei uma camisa social dela e uma calcinha box, Marília sempre optava por calça moletom folgada e camisa de algodão sem estampa.

Deitamos agarradinhas naquela enorme cama, meu corpo estava fisicamente esgotado, mas completamente renovado, reconstruído e... E apaixonado.

In Paris | Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora