Arthur Ramos.
Na quarta de manhã, me vejo andando lentamente para observar Carolina entrando dentro da empresa, desta vez sem estar atrasada. Ela agora está com uma camisa social dobrada até o cotovelo, aquela saia novamente mas de uma cor diferente, saltos de tira fina e quando vejo seu cabelo solto, alguma coisa enfraquece dentro de mim.
Porra. Pare com isso. Ando a passos largos e entro dentro da empresa. Milena acena para mim.
- Bom dia, Sr. Ramos!
- Bom dia. - Respondo num múrmuro.
Um mal dia, na verdade. O executivo com quem terei que ter uma reunião agora cedo não é exatamente um sujeito fácil de se lidar.
Não que eu não vá negociar com ele. Negócios são cruciais. Mas há pessoas que não se importam em fazer um bom trabalho. Apenas em ganhar dinheiro, deixando qualquer merda que tenha feito em um estado inadmissível. E não funciono assim.
Para mim, tudo precisa estar dentro do que espero. Prezo por coisas de qualidade e bem feitas.
Continuo andando até chegar ao elevador, mas quase paro quando vejo Carolina entrando no local. Ela me vê antes que eu possa dar meia volta, e coloca uma mão para o elevador não fechar as portas. Ando a passos normais até estar dentro do pequeno espaço.
As portas se fecham, e um silêncio predomina.
- Devo começar a dizer todos os seus compromissos de hoje? - Ela quebra o silêncio.
- Claro. Não sei por que não começou. Não me faça avisar da próxima vez.
- E se você estiver em um mal dia?
- Um mal dia?
- Sim, Sr. Ramos, um mal dia. E então irá descontar seus problemas em mim por eu apenas querer ajudá-lo...
- Se eu estiver em um bom dia ou não, não interessa. Apenas faça seu dever sem retrucar.
Ela respira fundo. Observo a forma como o queixinho se levanta, os lábios se molham e ela olha para frente como se procurasse paciência.
- Bem, hoje de manhã o senhor terá duas reuniões, e Milena me informou que o executivo da primeira já está à caminho para cá e em menos de vinte minutos provavelmente já terá chegado. Fiz as fichas correspondentes a cada um deles embora o senhor provavelmente já tenha feito um estudo de seus negócios anteriores. Logo em seguida, o senhor tem uma lista de requerimentos para preencher e seu outro compromisso só estará marcado para depois do almoço, que... - Ela continua falando, mas estou preso no tom de sua voz e em seus lábios se movendo.
São carnudos, e cada palavra sai em uma sonoridade clara e doce. Imagino que gosto eu provaria se cobrisse minha boca ali, e o ar dentro do elevador se torna denso. Meu corpo enfraquece contra a parede do elevador.
Os movimentos de seus lábios continuam em câmera lenta, mas agora estou preso em imagens perturbadoras vindas dos meus pensamentos. Corpos prensados e soados, lábios se devorando e respirações se misturando. Esse cabelo agarrado em uma das minhas mãos, a outra subindo lentamente a saia e...
Solto um ruído indesejado.
- Senhor? - Carol chama, e eu desvio os olhos imediatamente de sua boca. Isso não poderia ter acontecido. Por quê estou pensando essas coisas, porra? Evito olhar em seus olhos. - Está tudo bem?
- Por quê não estaria? Tenho cara de quem não está? - Respondo rude.
Só não estava esperando que ela respondesse.
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Dear Boss | Volsher.
RomanceQuando Carolina Marzin consegue emprego em uma grande empresa renomada, ela acha que sua vida está ganha. Afinal, a chance de alavancar em uma carreira fazendo aquilo que ama é enorme. Mas, quando conhece o dono da empresa, um homem exigente e arrog...