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- Carolina? - Ouço Lessa me chamar e sorrio para ele.

- Sim?

- Desculpe o abuso, mas poderia trazer algumas garrafinhas de água?

Penso por alguns segundos, pois se eu sair daqui para atender à um pedido na qual não sou encarregada, vou perder algumas coisas que posso escrever sobre o próximo tópico que Arthur vai falar.

Certamente não sou uma empregada e estou prestes a dizer isso à Gabriel, mas sou uma secretária... e acho que posso fazer este favor rapidamente. Me ajeito e penso que seria um desrespeito da minha parte negar isso a um convidado.

- Claro. Posso sim. Só um minuto. - Deixo minhas coisas acima da mesa e corro para pegar algumas garrafinhas de água em uma pequena geladeira no canto de um dos corredores. Carrego algumas desajeitadamente no braço mas será isso mesmo, porque estou apressada para anotar mais coisas.

Quando chego na sala Arthur está prestes a finalizar uma dúvida, então consigo distribuir as garrafinhas pela mesa sem muita pressa.

-... alguns principais fatores que tornarão um negócio seguro e de provável e possível êxito da parte da empresa, que incluem iniciar uma negociação apresentando o valor da oferta e determinar o preço limite ao qual você pode chegar para oferecer ao cliente, preparar-se para responder a objeções de venda e oferecer diferentes condições de pagamento, de forma a visar benefícios da parte de quem está comprando e consumindo...

Arthur continua falando, e espero que eu memorize o bastante para escrever essas coisas no papel.

Me inclino na mesa e deixo uma garrafinha ao lado de Lessa, mas bem na hora percebo que minha camisa sobe um pouco e vou ajeitá-la, mas de repente sinto os dedos de Gabriel tocando na minha cintura e abaixando-a.

Desconfortável, eu me desinclino da mesa e o vejo sorrir para mim, mas acho que o possível chaveco que ele está jogando na minha direção não está funcionando... porque o que acaba de acontecer me pareceu um assédio.

Vou abrir a boca para protestar, quando percebo a sala inteira em silêncio e quando olho para cima, vejo Ramos olhando novamente para Gabriel com um olhar petrificado em um ódio impassível. Lessa olha de volta para ele.

- Algum problema, Ramos?

Arthur olha para mim e para Gabriel de novo. Balança a cabeça que não mas trava a mandíbula.

- Nenhum. Como eu estava anteriormente pretendendo dizer, a negociação colaborativa se trata de um processo um tanto complexo mas que preza principalmente... - Me inclino para pegar minha prancheta, mas então sinto os dedos de Gabriel mais uma vez passando por minha cintura, como uma carícia normal. Mas os dedos dele me trazem repulsa e eu me afasto de novo.

- Para... - Sussurro, mas a voz Arthur vai aumentando conforme as palavras dele vão saindo:

-... por um modelo de negociação que exige transparência total entre as partes envolvidas, o que não vai acontecer se você não tirar a porra mão de cima dela. - Ramos adota um tom alto e ameaçador e agora está olhando fixamente para Gabriel. - Acho que estamos aqui para fazer uma parceria, Lessa, e não para uma sessão de amassos envolvendo minha secretária que está apenas fazendo seu trabalho enquanto é apalpada contra a vontade dela por mãos que não deviam chegar nem à porra de cinco centímetros de perto dela.

- Ora, Ramos... - Gabriel tenta achar um escape na situação constrangedora. - Diga à sua secretária então para não andar com roupas tão indecentes em seu ambiente de trabalho...

Fico chocada. Roupas indecentes? Me olho, procurando a indecência da minha camisa social e calça jeans. Arthur fica parado por um instante e olha tão intensamente para Gabriel que até eu fico com medo.

Dear Boss | Volsher.Onde histórias criam vida. Descubra agora