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Carolina Marzin.

No dia seguinte, consigo chegar no horário certo para o trabalho e sem atrasos. Ainda bem, porque uma segunda vez me atrasando só faria com que aquele babaca do meu chefe brigasse comigo novamente. Acho que hoje estou mais disposta para lidar com ele, depois de conhecer como ele é.

Já aceitei que ele deve ter algum problema, mas isso não significa que eu não fique magoada com o jeito que fala comigo. Só vou tentar não demonstrar o quanto isso me chateia.

Me visto e deixo meus cabelos presos em um rabo de cavalo desta vez. Corro para pegar meu metrô ao horário certo, e depois de alguns minutos de viajem chego à empresa e cumprimento Milena.

- Bom dia, Mi.

- Bom dia, Carol! Está linda hoje!

- Obrigada, você também.

Ela provavelmente disse aquilo por simpatia. Não me considero uma garota bonita, ainda mais porque não tenho paciência para lidar com maquiagens, mas mesmo assim não deixo que isso me abale tanto na vida.

E estou calçando meu par de all stars hoje, um pouco sujinhos pois não tive tempo de lavá-los, então também não faço ideia se combinaram com o estilo secretária.

Assim que chego à minha mesa, deixo minha bolsa ao lado e sento-me na cadeira. Revejo todos os compromissos de Sr. Ramos hoje, e Bianca me ajuda a me organizar melhor para deixar as informações dele mais dinâmicas. As páginas da agendinha que comprei já estão enchendo.

Passo um pedaço da manhã separando emails no computador e os imprimindo para que Sr. Ramos os assine, e um pouquinho mais tarde, ele chega. Parece apressado hoje, e me dou tempo para admirá-lo um pouco conforme ele se aproxima do balcão.

O corpo alto e intimidante moldado por músculos que tenho certeza de que existem por baixo das roupas, e as longas pernas ajustadas em uma calça. Os cabelos ligeiramente molhados e os olhos de um homem que acabara de acordar, sonolentos de um jeito sexy que me obriga a fechar as pernas.

Imagino como ficariam em outras situações obscenas, e ao mesmo tempo que me encho de imagens sujas os olhos se fixam em mim, e aqueles pedaços de chocolate-amargo me fazem ofegar. Os dedos do meu pé se retorcem e eu me sinto fraca.

A mandíbula de Sr. Ramos se trava e ele molha os lábios, e tenho que baixar o rosto para que ele não me veja corar. Ainda sim sinto seu olhar sob mim, mas olho para qualquer outra coisa para não olhar para ele. Até que ele para.

Olho para cima.

- Bom dia.

Mas ele nem se dá o favor de responder.

- Onde está minha agenda. - Engulo seco e a pego, junto com os papéis que ele precisa assinar.

- Está aqui. E estes aqui são para que o senhor assine.

- O que é isso? Rabiscos? Como vou entender esta coisa? - Ele bate o papel da agenda que fiz para ele na mesa. Fico em choque. E meu plano de conseguir lidar com ele vai por água abaixo, porque já sinto uma irritação querendo me consumir. - Isso não devia ser chamado letra. Faça uma legível.

- Como... como o senhor não entende? Aqui está escri...

- Não quero saber. Faça uma melhor. É claro que consegue ler isto, já que a letra horrível é sua.

Baixo as mãos de cima do balcão e meus braços cedem. Mas que... babaca! Ninguém nunca reclamou da minha letra em anos de faculdade, com trabalhos e provas. Como ele não pode entender? Ele checa os papéis que grampeei para que ele assine e sai andando em direção à seu escritório.

Sem agradecimentos nem nada do tipo. E quando fecha a porta, eu bufo.

- Mas que... ah! - Sussurro.

- Calma... vai se acostumar. - Bianca fala do outro lado.

- Jura? Porque o tanto que estou irritada e não é nem metade do dia me faz duvidar disso. - Murmuro e abro a merda do Word, porque prefiro escrever a agenda dele e imprimir aqui do que fazer à mão novamente.

- Talvez no meio do dia melhore. Ele fica meio rabugento de manhã. Por isso mal diz bom dia. Parei de cumprimentá-lo à dois anos atrás, quando percebi que ele mal me ouvia e ia direto para a sala.

- Hum. É, talvez eu faça isso também.

Será que ele é sozinho, por isso é tão duro e exigente?

Sr. Ramos deve ter dinheiro. Quero dizer, ele é um empresário e dono da Factory, então provavelmente deve ter acumulado muito durante os anos. Sua exigência e arrogância beiram um homem que sabe o que faz com sua vida, manipula tudo nela perfeitamente bem e não aceita que pisem fora da linha.

Depois de imprimir sua bela e legível agenda, entro em seu escritório e decido não olhar para ele. É perigoso que eu seja atraída e hipnotizada por seu físico novamente, portanto apenas entro, ando até sua mesa e bato a mão com o papel próximo à ele.

- Bata na porta. Onde está seu respeito?

Sumiu, junto com o seu. Engulo a raiva e a vontade quase incontrolável de soltar as palavras. Calma. Você pode se conter, Carol. Um dia de cada vez e vai conseguir se acostumar. Não o respondo e deixo seu papel ali, me viro e fecho a porta com o máximo de delicadeza possível.

***

O resto do dia foi uma tremenda merda. Só serviu para que eu ficasse com mais raiva ainda, e uma hora ou outra tenho certeza que vou explodir. Não consigo conter meus sentimentos e Sr. Ramos foi um babaca comigo o dia todo. Por que ele não pega no pé da Bia também?

Tudo o que eu fazia havia algo que ele conseguia achar de erro, e se eu ousasse resmungar ou tentar resolver ele apenas me mandava refazer novamente e não reclamar. Não houve uma vez em que vi ele que não senti raiva, e quando abro a porta de casa estou uma pilha de irritação.

Porque agora tenho dever de casa a fazer também, e como ele mesmo disse, "odeio atrasos e não os tolero". Aquele babaca consegue ser lindo na mesma medida que é um chato. Jogo minha bolsa em cima do sofá.

- "Está ruim, não dá pra ver direito, faça melhor..." babaca. - Resmungo comigo mesma. - Ele é um idiota. Um idiota tão gostoso... mas é uma pena que é um idiota. Por que não pode ficar de boca fechada? - Ou então calar aquela boca na minha? Que saco.

Tomo um banho quente que relaxa um pouco meus nervos, mas mesmo assim não é o suficiente. Escrevo tanto que meu dedo mindinho dói, e vou dormir com os nervos à flor da pele.

Dear Boss | Volsher.Onde histórias criam vida. Descubra agora