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Carolina Marzin.

Acordo com uma dor de cabeça leve, mas mesmo assim que me incomoda. Não me lembro de beber tanto ontem, mas acho que por eu eu quase nunca beber, o pouquinho de álcool que ingeri ontem à noite fora o suficiente para me dar uma dorzinha.

Coloco a mão na cabeça e gemo de leve, levantando lentamente até me lembrar onde estou e de tudo que aconteceu na noite passada. Babi, Bruno, Samuel... e minha mão escorrega para a boca quando me lembro de Arthur. De não só o que aconteceu na sala de reunião, mas do que aconteceu depois. Merda. Minhas pernas enfraquecem e eu suspiro para abafar o gemido que quer sair da minha garganta. Sinto-me quente ao lembrar de tudo ontem à noite.

Lembro de seu beijo violento e seus lábios moldando o meu com intensidade. Lembro de ele agachado, de seus olhos escuros me olhando e sua língua me devorando e me enlouquecendo de um jeito que nunca, nunca em minha vida jamais senti ao ponto de quase desmaiar e me desfarelar em cima de alguém. A língua quente e faminta me invadindo, me angustiando e me engolindo com beijos longos, chupadas desordenadas e quando ele diminuía o ritmo só para saborear...

Sou preenchida por uma onda quente que perpassa até o meio das minhas pernas, me faz desfacelar em cima da cama e desmaiar de necessidade por mais. Já me sinto escaldar e pulsar por seu gosto, seus beijos e ele, seus olhos me encarando entre minhas pernas e minhas mãos envolvendo seu cabelo sem aguentar a tortura que ele me fez passar... tudo o que aquela boca fez, desencadeado sensações que jamais pensei existirem.

Meu Deus, como eu quero de novo.

Mas então lembro-me do depois. De que ele disse que tudo não passou de uma besteira. Que tínhamos que parar com aquilo, e voltar à estaca zero, o que me faz pensar do quão rápido saímos dela.

Voltar a ser apenas chefe e secretária... não sei o que Arthur pensa sobre isso. Ele disse que estava lutando para esquecer, o que quer dizer que eu estava certa. Ele tentaria esquecer e voltar a me tratar como uma qualquer. Não me surpreendo, pois Ramos parece deste tipo de homem.

Mas então ele me disse todas as outras coisas enquanto me beijava e me chupava, me fez dizer à ele que não sentia nada por Samuel... e eu não sentia mesmo. Estava quase dormindo naquela conversa sobre carros, e ele é tão sem-graça que eu com certeza ficaria entediada se não tivesse a Babi para conversar.

Eu sei que eu e Arthur não devíamos ter nos beijado, para começo de conversa. Porque ele é meu chefe e eu sua secretária, mas fora isso... tem mais alguma coisa que Arthur acha errado.

Não descobri o que é ainda, mas comecei a suspeitar quando descobri que ele quase não se relacionou. E depois suspeitei mais ainda, quando ele teve dificuldade de falar para mim o que havia de errado, e deu a desculpa de que precisávamos voltar a ser colegas.

Eu sei que precisamos... confesso que fiquei um tanto triste, porque não é de uma hora para a outra que vou esquecer dos poucos beijos que tivemos, ainda mais quando o vejo todos os dias e os beijos formam os melhores da minha vida. Tive alguns outros, mas os lábios de Ramos sobre os meus me fizeram ver que nunca fui beijada de fato. Não acho que serei capaz de ignorá-lo. De fingir que nada daquilo aconteceu e observá-lo durante o dia.

Suspiro. Com as pernas moles e fracas da lembrança de ontem, levanto e logo tomo um banho quente, longo e cheio de pensamentos.

Faço meu café da manhã e enquanto estou comendo meus ovos com bacons, só consigo lembrar de Arthur falando deles, sobre o quanto dão doenças e fazem mal. Sorrio e balanço a cabeça. Fico me perguntando se ele é vegetariano. Ele diz que não, mas se odeia tanto assim coisas gordurosas, deve ser um homem reservadíssimo.

Dear Boss | Volsher.Onde histórias criam vida. Descubra agora