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Arthur Ramos.

Eu fodi com tudo.

Não costumo foder com as coisas. Sei disto porque está claro o quanto penso e sou racional não somente em um ambiente de trabalho como em relação aos vários aspectos da vida, e nunca fui colocado em uma situação como esta.

Fui criado acirradamente para saber lidar sem dificuldades dos quaisquer obstáculos que fossem colocados ao meu caminho. Mas neste obstáculo eu tropecei e caí com a porra da cara no chão.

E a prova está na forma como Carolina não está reagindo mais às minhas exigências.

Está me ignorando. Assentindo quando eu lhe jogo pequenas broncas que deveriam deixá-la irritada. Eu a lembro de tarefas que tem que fazer e lhe pergunto por quê não começou, da forma mais rude e dura para que eu tente afastar aquilo que sei que está aqui.

Desejo. Um desejo fodido. Que do contrário do que deveria fazer somente está aumentando e se alastrando dentro de mim.

Estou contendo a vontade de colocar minhas mãos naquela tentação desde que a vi hoje com uma regatinha branca, uma jeans que expõem um pedaço de pele na região da barriga e parece pousar em sua cintura como uma luva, moldada em algo que deveria ser trocado por minhas mãos.

Quero sentir cada pedacinho de curva se deslizando em minha palma. Contornar com os dedos e devorar com a boca. Saborear e provar todos os gostos e pedaços que quero descobrir dela. Agito um papel para o lado irritado, e ponho outro na mesa para tentar ler de que porra se trata.

Mas só consigo pensar naqueles lábios se mordendo, nos olhos esverdeados com pinguinhos de um cinza fosco, nos cabelos caindo sob seus ombros como uma cascata linda, tão linda...

Bato um punho na mesa.

- Que porra.

Estou tentando me concentrar fazem horas.

Mas só consigo pensar no quanto deveria tê-la puxado hoje mais cedo, ao invés de ter deixado ela sair achando que precisava pagar a porra da calça, e dito que não precisava e que precisava mais é de um beijo naqueles lábios, que só de pensar no sabor e do quão gostosos devem ser, vibro de necessidade.

Deveria ter sussurrado para Carol o quão estava linda hoje; deliciosa, e eu seria quem desfrutaria de tudo aquilo. Deveria ter a posto em cima dessa mesa e dito o que eu realmente faria a respeito com ela. Eu faria tanto... porra, como faria.

Não. Preciso odiá-la. Em nome do profissionalismo que eu deveria ter adotado desde o início e em nome de mim mesmo, porque estou me traindo ao sentir-me pela primeira vez em anos atraído por uma mulher. Distraindo-me do caminho na qual escolhi trilhar quando fundei esta empresa.

Não é uma escolha. Sempre foi uma ordem.

Não saio da sala até que eu seja o último a sair da empresa toda.

Não somente porque precisei terminar todos os afazeres que tinha de adiantar, mas porque não queria ver Carolina novamente. Estou com medo de mim mesmo e do controle que pode escorregar de minhas mãos.

Quando saio, vejo que ela se foi e respiro fundo.

Dirijo até em casa e quando chego decido que está na hora de compras. Os mercados estão cheios de fim de semana e prefiro adiantar-me de algo que posso não ter tempo brevemente. Caminho até o mercado mais próximo e vou em busca de produtos sem glúten assim que entro.

Não chego a ser vegetariano, mas sempre busquei por cuidar bem do que coloco para dentro do meu corpo. Arrasto um carrinho pelas fileiras, passo pelas prateleiras e recolho pacotes de aveia, quinoa e outras coisas que não possuam grande quantidade de transgênico.

Dear Boss | Volsher.Onde histórias criam vida. Descubra agora