A ESCOLHA DE UMA HARARE

Capítulo 6

      Faziam oito dias que Runna e Eros organizavam o baile, eram só 3 dias, mas acabou demorando mais tempo. A garota sentia um carinho pela rainha, era uma Harare meiga, passou todos os dias fazendo propaganda de seu filho, mas quem não faria? "Lupércio é um Harare muito culto, adora viajar, está sempre aprendendo sobre o nosso povo. Ele programa várias viagens, mas é muito caseiro também, ele será um pai maravilhoso!". Ela tinha um carinho maternal natural, era tudo que Eros desejava de sua sogra, pena que o filho não era bem o que imaginava.

      Passava a manhã e a tarde inteira com a rainha planejando os mínimos detalhes da noite do baile. A conexão que tinha com Runna parecia incrivelmente natural, como se ela precisasse daquele tipo de carinho naquele momento. As Harares fizeram os criados trabalharem três vezes mais do que o comum, afinal, ninguém importante visitava aquele castelo para um evento tão importante a tempos.

      Apesar de ocupar o tempo com o baile, depois de sair do seu quarto para realizar essas tarefas ao lado de Runna, Aidan e Clara, a conselheira da rainha, Eros conseguia um tempo à noite para se encontrar com Haures e planejar tudo do baile, mas nem sempre conversavam sobre isso. Desviavam seus assuntos para falar de coisas aleatórias, como os desejos que Haures tinha para o seu futuro livre e as suas experiências no castelo da capital de Ingalo, enquanto Eros comentava das coisas que mais amava em seu reino. Os dois tagarelavam a noite toda, até Angelic expulsar o herdeiro do quarto ou chamar a herdeira discretamente nos jardins. E se passaram oito dias com tantas coisas.

      Tentavam aprender também os passos de dança de salão.

      -Você sabe que está pisando no meu dedo, não é? – Haures fala sentindo dor no dedão.

      -Opa! Perdão!– Eros se desculpa, se apoiando em seu ombro para tentar miseravelmente tirar os sapatos, para amenizar os acidentes.

      -Você não vai sujar os seus pés na grama? – Ela afirma.

      -Você não sabe dançar e fica me culpando. E o seu pé é sensível demais.

      -Sinto muito que você tem dois pés esquerdos! – Eros suspira irritada, ainda tentando tirar os sapatos. – Mas agora deu mesmo, eu tentando ajudar você, ainda sou tratado com arrogância! – A garota ainda tinha dificuldades para tirar aquele maldito sapato, as fivelas não saiam de jeito nenhum. – Senta aí, deixa eu te ajudar!

      -Não precisa! – Eros tenta novamente.

      -Senta aqui. – Haures a leva para sentar em um dos bancos, mas Eros se recusa. – Senta logo! – Ela obedece contra a sua vontade. Haures se ajoelha e consegue ajustar as fivelas para que ela tirasse os pés do sapato. – Pronto. Doeu?

      -Obrigada, vamos continuar a dança ou você vai reclamar por mais tempo? – Haures sorri, segurando os sapatos nas mãos.

      Até agora Lupércio não tinha muito interesse por nada que fosse relacionado a Eros, apesar dos olhares curiosos que lançava ao ver a proximidade que a garota tinha com seu indesejado rival na mesa do café da manhã. Quando os dois sorriam para o nada, como se estivessem se comunicando de alguma forma, isso dizia o quanto o plano de Eros estava dando certo, se não estava despertando uma atração, pelo menos estava deixando-o curioso, era o que acreditava.

      Alissa não era uma preocupação tão grande para Eros, visto que ela parecia evitar contato com Lupércio de um modo claro, enquanto seu irmão, Agares não tirava os olhos de Angelic, ela tentava evitar retribuir um risinho desconcertado, mas era quase impossível, mesmo lembrando do que havia deixado em Clévulos.

      Lupino permanecia tentando equilibrar o ambiente de paz entre Runna e Lupércio.

      A floresta densa e úmida fazia Angelic suar entre a mata. A trilha que seguia era longe e seu equipamento era pesado. O suor que escorria sobre seu rosto levava a tintura azul que passava todos os dias, mas não tinha tempo para pensar nisso, escutara um barulho de movimento na floresta e arma-se cuidadosamente e silenciosamente com o arco e flecha que carregava. Os olhos verdes permaneciam em movimento, esperando que seus sentidos captassem de onde vinha o barulho.