Capítulo 15

74 12 12
                                    


" Onde vocês estão? "

Foi a mensagem que ela enviou como resposta para Ícaro.

" Vou te mandar a localização e pode vir, se quiser, quando sair do trabalho. Obrigado."

Pela localização dele, ele não morava longe da casa dela. Era um bairro que ela passava sempre que ia para o centro.

— Danadinha, vai se encontrar com ele e o filho?

— Não é filho dele, é filho de uma amiga.

— Que horas vai para lá?

— Não tem muita coisa para fazer hoje, você me cobre?

— Claro. Para que servem os amigos, mas como uma condição.

— O quê, Patrick? – Lara revirava os olhos ao olhar para ele.

— Você vai sondar se ele curte um menáge.

— Você só pode estar de sacanagem comigo! – Lara ria e deu um tapa no braço dele.

— Não custa tentar e prometo nem te tocar. Nós dois atacamos ele com vontade e ele nem vai saber o que lhe atingiu.

— Não sei porque você ainda insiste nessas ideias malucas, eu nunca vou dividir um homem com você.

— Porque é besta. Quantas vezes te chamei para sairmos a três? Vive desperdiçando, e olhe que já peguei cada homem, tenho mais sorte que você.

— Sou seletiva, meu amor e você é um puto!

— Um puto nada egoísta, minha cara.

— Preste atenção ao volante, seu puto. – Lara gargalhava. – E não, não quero essa imagem em minha mente de você pelado e... em ação, muito obrigada.

— Não sabe o que está perdendo.

Chegaram ao escritório e ela deixou o amigo e rumou para a casa de Ícaro. Que Deus a ajudasse, foi seu último pensamento.

Vinte minutos depois ela estacionava de frente a uma casa germinada e de aparência simples. O muro era baixo e via-se o carro dele que ela já conhecia e uma moto estacionada ao lado do carro. Dava para ver também que metade da garagem era gramado, e o carro e a moto ficava em uma parte com pisos de ladrilhos. Uma janela ampla de vidro, do que devia ser a sala, ia do chão ao teto e Lara estacionou seu carro do outro lado da rua e quando ia bater na campainha, ele Ícaro saiu da casa acompanhado do garotinho da foto.

Minha nossa, ele estava sem camisa e de shorts! Não era possível um homem ser tão bonito assim. Ele mexia com ela de verdade.

— Olá. Você deve ser o Rupert – ela cumprimentou o garoto tão logo Ícaro abriu o portão.

— Como você sabe meu nome? – O menininho devia ter cinco ou seis anos e era uma gracinha. Desconfiado, ele tinha a minúscula mão entre a dela e a olhava meio de lado.

— Ícaro me falou de você e disse que iam ficar juntos hoje.

— Sim, mas minha mãe não gosta que eu fale com estranhos – foi a sábia resposta do garoto.

— Ela não é uma estranha, Ruppert, é minha amiga, tudo bem?

— Ok, vamos continuar brincando? – O menino os deixou e correu para dentro da casa.

— Obrigado por ter vindo. Entre. – Ícaro segurou no braço dela e a convidou a entrar. – Você está linda.

Pronto. A labareda a acometeu. Ele a desestabilizava sempre, maldito seja. Lara vestia um conjunto de terninho risca de giz salmão que sabia que a deixava bem apresentável para ir ao fórum e não tinha ido até sua casa para se trocar.

Enquanto entravam na casa, ela fingia reparar em tudo, sem saber se soaria bem o elogiar também, pois ele estava lindo, mas apenas de shorts, ela preferiu ficar quieta.

A casa de Ícaro era modesta e bem arejada. Entraram na sala e dois sofás grandes de frente um para outro, estavam cheios de brinquedos. Uma tevê grande em um painel alto e apenas isso, ele não era o maluco da decoração, como ela.

— Não sou bom com decoração, na verdade, nada comprado aqui foi ideia minha. Minha cunhada me ajudou, sou péssimo com isso e não fico muito em casa. – Ele parecia estar envergonhado.

— Mas me parece muito legal. Sóbrio e tranquilo.

— Obrigado. Você quer comer ou beber alguma coisa?

— Eu quero! – Rupert entrou na sala gritando. – Quero refri de guaraná.

— Nem pensar, rapazinho, sua mãe me disse para não te dar nada estimulante.

— Mas eu quero! – O menino gritou e subiu no sofá, começando a pular.

Vestido com um conjunto de um super herói e muito sorridente, ele passou a brincar com alguns carrinhos que estavam jogados no sofá.

Lara deixou os dois ali na sala e se aventurou pela casa. A cozinha era pequena, móveis modernos, a geladeira era parecida à sua, os armários de madeiras estavam todos abertos, pelo visto o garoto tinha procurado refrigerantes, pois até a geladeira estava escancarada e a gaveta de de legumes, com certeza tinha sido usada como escada para ele ver acima.

Lara fechou tudo e saiu da cozinha e foi até o corredor dos quartos, sua sandália fazia toc toc no piso de madeira e ela a tirou. O quarto de hóspedes tinha uma cama, uma mesinha de cabeceira e uma tevê pequena. Ela abriu o armário e estava vazio de roupas, apenas lençóis, edredons e travesseiros ali dentro. No quarto que devia ser o do socorrista, parecia ser bem mais usado. A imensa cama de casal estava desfeita, toalhas e roupas no chão e o cheiro dele estava impregnado no ambiente. Ela ouvia os dois brincarem, Rupert ria alto, e também falava alto, como a maioria das crianças. O banheiro estava com a porta aberta e ela entrou. Uma banheira antiga de mármore estava pela metade com água e vários brinquedos jogados ali dentro. O banheiro era amplo e totalmente bagunçado. O socorrista não era nada organizado, pois o cesto de roupas estava aberto e bem cheio, mal fechava de tantas roupas. O chuveiro pingava, em cima da pia, uma bagunça generalizada de perfumes, desodorantes, espuma de barbear e barbeador..

Ela então abriu o armário que ficava de frente à cama e na primeira porta, viu alguns uniformes dele pendurados. Uma onda de excitação perpassou o corpo dela ao se lembrar como ela ficava irresistível trajando o uniforme, a vestimenta de seu trabalho. 

O Socorrista ÍcaroOnde histórias criam vida. Descubra agora