Capítulo 19

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Uma fila já estava formada à entrada da boate e eles aguardavam na fila. O burburinho geral não permitia que ouvissem o que falavam e tampouco estavam preocupados de serem ouvidos, ali era sexo puro e bruto, nada chocaria ninguém ali.

— Esse é o problema, lascou geral com ele, entende, o socorrista. Mas espere entrarmos lá dentro para eu te contar.

Não demorou para entrarem. Lara só tinha vindo uma vez ali, depois de Patrick quase lhe implorar para que conhecesse a casa. Não tinha se envolvido com ninguém da vez que lá estivera, fora mais para conhecer e sim, saiu dali com o contato de um gatinho e sempre que estava na seca, ligava para ele. Não se podia dizer o mesmo do amigo. Patrick ia mesmo à caça quando ia lá e sempre era motivo de assunto para dias quando ele ia.

— Preciso beber, Patrick! – Ela exigiu quando entraram.

— Uau, o que foi que lhe aconteceu, hein? Vir aqui, querer beber. Deve ter sido mesmo uma catástrofe. Venha, vou buscar algo para bebermos e preciso fumar, prevejo que fumarei um maço depois que você despejar a bomba em mim.

Patrick pegou uma garrafa de vodka com o atendente e seguiram para os fundos da boate, para a área dos fumantes. Lara revirou os olhos enquanto seguiam para fora, muitos ali a convidavam, seja com o olhar ou lhe colocando a mão no ombro. Ela declinou de cada um por quem passava, com o clássico sinal das casas de swing, uma mão aberta em sinal de pare. Esse era o código para que não era sinal verde. Ela não queria transar. Nem levara camisinha, que era o sinal para sim, estou aberta a transar, ao mostrar a camisinha

A boate era de dois andares e as luzes estrobosas piscavam coloridas. O DJ já escolhia as músicas e as colocava a pedidos. O palco já contava com algumas pessoas a dançar, pura animação. Eram vinte duas horas, logo mais teriam as garotas da casa, fantasiadas e lindas a usar o pole dance, enlouquecendo cada um ali com suas posições e coreografias de danças eróticas, bem como os garotos lindos que fariam o mesmo. Após a meia noite também seria liberado o Dark Room e o labirinto no andar de cima.

Lara e Patrick chegaram ao fumódromo e ele acendeu o cigarro e a instou a começar logo o que iria contar.

— Pois bem, vou te contar tudo – ela começou.

Lara lhe contou cada detalhes de como tinha sido a transa com o socorrista, contou do garoto Ruppert e da evolução, até ele a chamar de amor.

Patrick a olhava embasbacado.

— Não faça essa cara, Patrick, por favor. Sei que você fala que ama cada um dos caras com quem dorme, a questão aqui não é essa.

— Falo mesmo e no momento, eu realmente os amo. Não aqueles que broxam, esses eu quero que faleçam!

Um casal ao lado que também estavam ali fumando, não puderam evitar de ouvir e deram uma risada alta. Patrick se virou para eles, achando quem achava graça.

— Pois não é? Uma vez saí com um cara, bem mais novo que eu e, acreditam que ele tinha um pau gigantesco, parecia uma tora. Pasmem, mas ele não aguentou três bombadas e aquilo tudo ruiu! Não riam, não desejo isso nem ao meu pior inimigo. Fiquei com o maxilar dolorido por dois dias de ter tentado ressuscitar o desgraçado. Quando por fim o pau acordou, todo majestoso e lindo, sentei logo e comecei a quicar, né. A desgraça broxa novamente. Ah, vá se danar, desisti, vesti minha roupa e o deixei lá.

— Meu Deus! – Falou a moça que ouvia a tudo de olhos arregalados.

— Tô te falando, ele ainda teve a audácia de me ligar depois. Canalha.

— Vai ver ficou nervoso, afinal, você me parece meio intimidador. – Foi o rapaz quem falou e Lara revirou os olhos, não acreditando que o amigo já estava se esquecendo do assunto principal .

— É, me acha intimidador? – Patrick perguntou e se aproximou mais do casal, claramente com o interesse desperto. Lara conhecia bem esse modo de flerte dele. Nem esperou o rapaz responder. — Vocês são casados, é? Estão procurando alguém para se divertirem?

Sério que ele os avaliava como um comprador de carne num açougue? Ele estava mesmo lambendo os lábios? Lara o cutucou, mas ele a ignorou, de olho nas presas.

— Não somos casados. Essa é Liza, nos conhecemos aqui. Eu sou Clóvis, é um prazer conhecê-lo.

— Oi, Liza, sou o Patrick, curte um menáge, meu bem? – Patrick os espreitava.

— Pode ser, é minha primeira vez aqui e topo tudo. – Liza estava tão empolgada quanto ele, ou melhor, eles.

Patrick não perdeu tempo, jogando o cigarro no cinzeiro alto ao lado, segurou Liza pela cintura e a trouxe até ele e a beijou delicadamente.

Clóvis se juntou a eles, e passaram os três, a se revezarem nos beijos que foram ficando mais quentes e Lara não sabia se era a bebida, mas sentiu o rosto aquecer.

Ela deu um passo atrás e quando ia sair do fumódromo e deixar os três sozinhos, não completamente sozinhos, pois haviam mais fumantes ali e estavam adorando assistir, um senhor de uns quarenta e cinco anos entrou pela porta do fumódromo e a mirou.

Ele era belo, forte, baixo, usava boné e piscou para ela.

Quando ela passou por ele, ouviu o que disse:

— Vamos nos divertir, garotinha?

Lara já ia ignorar, quando, pensando melhor, resolveu parar e olhar para ele. A vodka já tinha subido um pouco, ela se sentia meio lenta, a mente avoada. Por que não?

Ela então foi até ele, que assistia o trisal que acontecia bem ali e colocava um cigarro na boca para acendê-lo, retirou o cigarro da boca dele e colocou sua boca no lugar.

— Quer me comer? – Falou dentro da boca do homem e mesmo com o barulho de música que se ouvia ao fundo, ele a ouviu perfeitamente e se animou, puxando-a e colando seu corpo ao dela.

— Claro que quero. A vi entrando e a desejo desde então.

O cheiro de cigarro misturado à bebida, a desestimulou. Não era porque ele era mais baixo que Ícaro, nem porque ele nada a fazia lembrar do socorrista, mas não sentiu nada com o beijo dele, só uma leve repulsa. Ela sentiu a ereção dele a lhe espetar a coxa e nem isso a excitou, ao contrário.

— Mudei de ideia. – Ela falou e empurrou o peito dele com a mão espalmada.

— Você me quer, menininha, olha como estou duro. – O homem a puxou ainda mais, forçando-a a sentir seu pau.

— Você me broxou me dando apelidos infantis. Agora tire as mãos de cima de mim porque você cheira a cigarro e está me dando enjoo. – Ela falou baixo e ele a soltou, se desculpando.

Lara saiu dali e foi ao banheiro. Retocou a maquiagem e, ao se olhar no espelho, se sentiu tão mal. Foi uma má ideia ter ido até ali. Podia estar assistindo algo com Ícaro, podiam estar conversando, ouvindo músicas, qualquer coisa com ele seria ótima.

Duas moças entraram nesse momento no banheiro e Lara imaginou que seria necessário um pé de cabra para separá-las. Uma era negra, alta de cabelos black power, vestindo um short jeans branco colado ao corpo e deixava suas coxas torneadas e um top vermelho que mal suportava o tamanho dos seios, mas que logo foram libertos pela outra moça, que frenética tentava lhe tirar o top e por não conseguir, só o levantou e expôs os belíssimos seios. A segunda moça era morena, mais baixa que a negra, mas com a mesma vontade, vestia um macacão azul claro de tecido e pregueadinho nas costas com lastex. Elas estavam realmente no clima e em sua volúpia, impediam a única porta de entrada e saída do banheiro. Lara não queria atrapalhá-las e aguardou.

O Socorrista ÍcaroOnde histórias criam vida. Descubra agora