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(310) 639-7164 recebida hoje, às 2:03
não me vais voltar a falar, é?
eu já te pedi desculpa umas 324 vezes

Eu enviada hoje, às 2:03
quando é que estavas a planear contar-me, hum?
foram não sei quantos meses numa mentira!

(310) 639-7164 recebida hoje, às 2:04
kay, eu fui-te dando pistas atrás de pistas
tu é que és a burra e não chegaste lá! nem mesmo pela voz?

(310) 639-7164 recebida hoje, às 2:04
naquela noite em que te liguei e que te acordei, se não te lembras, eu disse o meu nome mas tu cagaste nisso completamente

Eu enviada hoje, às 2:05
ai eu é que sou a burra? tu não percebes, luke? eu achava que estava a falar com duas pessoas totalmente diferentes! então era por isso que tu sabias tudo! porque eu contava à pessoa com que eu falava por mensagem e por chamadas!
quando é que estavas a pensar contar-me?

(310) 639-7164 recebida hoje, às 2:06
desculpa! eu já pedi desculpa!
eu não sei quando é que te ia dizer... ao inicio também não sabia quem tu eras... mas quando falaste na kim, soube logo.
e sabes que mais? bem... que se lixe, tu também já sabes tudo. durante estes meses, conheci-te melhor. antes achava que eras só aquela pitinha irritante que nunca parava quieta e adorava ver Raven... mas enganei-me. apercebi-me que tinhas crescido e mudado. para melhor. e foi aí que dei por mim, a falar contigo naquelas noites sem sono. apercebi-me que apaixonei-me por ti. a maneira que rias quando eu dizia qualquer coisa estúpida fazia-me ficar com um sorriso enorme para o resto do dia. mesmo aquelas mensagens a dizer que sou estúpido... lá no fundo eu sentia que esta eras tu a mostrar a tua maneira de ser querida. passava as noites inteiras a pensar na melhor das maneiras de te dizer quem eu realmente era mas nunca consegui descobrir uma decente. bem, teve de chegar o dia. e esse dia foi hoje. desculpa.

{antes}

"L-Luke?"
À minha frente estava o Luke, a falar ao telefone e a dizer exatamente a mesma frase ao mesmo tempo que o rapaz que eu falava.
"E-eu..." ele começou por dizer.
"T-tu..." eu disse.
Ambos ficámos a olhar um para o outro sem nada para dizer. Lentamente, retirei o telemóvel da orelha e desliguei a chamada. Ele fez o mesmo.
"Kay, desc--"
"Durante este tempo todo," eu disse, não conseguindo encará-lo.
Passei meses a falar com o Luke a achar que era outra pessoa... Disse coisas que não tinha dito a ninguém. Era por isso que ele sabia de tudo! Era por isso que ele não queria que eu respondesse às mensagens com ele por perto, porque o telemóvel dele ia denunciá-lo imediatamente.
"Kay, e-eu posso explicar," ele disse, agarrando-me o pulso.
"Luke," eu disse, afastando o meu pulso da mão dele e encarando-o. Ele encarou-me de volta, parecendo preocupado. "Vai cagar."
Esqueci a porcaria do gelado e voltei a fechar-me no quarto. Sentei-me na minha cama e fui até à minha lista de contactos do telemóvel. O meu coração estava aos pulos e até conseguia ouvir os seus batimentos fortes.
Suspirei e inspirei. Voltei a fazê-lo. E de novo.

O Que Me Chamou Baby - pretende eliminar o contacto?
Sim Cancelar

"Sim," eu murmurei ao premir no ecrã.

Contacto eliminado com sussesso!

Voltei a deitar uma enorme quantidade de ar, como se o estivesse a prender. Parecia um enorme suspiro de alívio. Quem me ouvisse a supirar de tal maneira, haveria de pensar que um enorme peso saiu dos meus ombros. Mas realmente não. Parecia mais que 30 elefantes decidiram acampar em mim.
Ouvi um bater à porta, mas ignorei. Fiquei a olhar para o cobertor da minha cama.
"Está sujo," ouvi alguem dizer num sussurro.
Virei-me para a porta para ver quem era.
"Sai. Não te quero aqui," eu disse, virando o olhar para o cobertor.
"Kay... Eu preciso de esclarecer umas cois--"
"Quais coisas, pá? Queres esclarecer ainda mais? O vai cagar não suficiente para perceberes que não te quero ver?" eu disse, mandando-lhe alguns olhares.
"Tens... tens razão. Desculpa," ele disse e saiu.
" Pois tenho!" eu gritei e atirei uma almofada para a porta já fechada.

{depois}

Já passaram 2 semanas desde que descobri que o Luke é o tal gajo, desde que eliminei o contacto dele, desde que a Arden namora com o Mikey e desde que o Connor disse que era gay. No meio disto tudo, a Arden e o Connor são os únicos felizes.
"A Blaire já encontrou casa?" eu perguntei à minha mãe. "Diz-me que já..." murmurei.
Sentei-me em cima da bancada da cozinha enquanto a minha mãe fazia algumas panquecas. Ainda estava com o meu pijama da Pucca vestido, com umas meias da Hello Kitty e o meu cabelo num ninho de ratos - nem um rabo de cavalo, nem um coque, uma porcaria qualquer, o cabelo de uma pessoa que não dormiu nem uma hora na noite passada - e os meus olhos super inchados.
"Não... Tem sido super difícil. Agora no verão as pessoas alugam as casas todas para férias, ou os estrangeiros compram-nas para ter casa cá. Porquê?" a minha mãe disse, virando-se para mim e encostando-se na bancada com a espatula como se fosse uma varinha mágica.
"Oh, por nada," eu disse, encolhendo os ombros. "Nem sei porque é que os estrangeiros vêm cá. Não há praias, o tempo não é tempo tipo California, Florida... mas pronto."
"Ao menos dão dinheiro," a minha mãe disse suspirando e voltando às panquecas. "E sai de cima da bancada, Kay Hughes."
Eu dei uma leve gargalhada e deslizei até ter os meus pés no chão. "Estava a ver que não reclamavas."
Decidi ir até à sala. Ver o novo episódio de Keeping Up With The Kardashians só mesmo porque posso.
Cheguei lá, pronta para sentar o rabo no sofá e acampar lá, literalmente, mas fui surpreendida pelo Luke, já lá sentado.
"Não foste com a tua mãe porquê?" eu perguntei, num tom seco, cruzando os braços e deixando-me ficar à porta da sala.
Ele encolheu os ombros e virou o olhar em mim. "Não estava com o mínimo de paciência."
Molhei os lábios e desviei o olhar para o chão. Fiz o meu caminho até ao sofá e sentei-me lá.
Ficámos em silêncio. Um silêncio perturbador. Queria tanto pedir-lhe desculpa por ter sido tão estúpida nestas semanas. Por não lhe ter respondido à mensagem. Ele disse-me que se tinha apaixonado por mim! Será que era só uma partida? Ele também disse que eu o fazia sorrir... Eu! Eu faço alguém neste mundo sorrir! Logo a pessoa que também me faz sorrir... Será que lhe devo dizer isso? Eu também ficava sempre com um sorriso para o resto do dia quando ele me mandava uma mensagem. Oh, então quando ele me mandava mensagens de bom dia e boa noite. Sim, eu não sabia quem era... Mas isso não quer dizer que não era ele quem estava a dizer aquilo. Realmente dizer aquilo. No campo de férias ainda me fez pensar mais. Não foram as mensagens, até porque elas foram poucas ou nenhumas, mas sim ele. A companhia dele era... bem, algo que eu não me importava ter o resto da vida. Será que lhe devia dizer isto tudo? Não. Até lhe disse que não o queria ver. Nunca mais! Ele parecia bastante convencido com as minhas palavras. Será que ele acreditou? Bolas, sou mesmo boa atriz. É claro que o quero ver! Todos os dias! Será que eu dissesse um simples amo-te ia parecer uma estúpida? É claro. Porra, Luke! Eu amo-te!
"Hum?" ele murmurou, olhando pra mim.
"Que é que foi?" eu perguntei, o meu medo a começar a crescer. Eu disse aquilo em voz alta? Ai por favor, não!
"Tu acabaste de dizer que me am--"
"A-ai fo-foi?" eu disse, em pânico.
"Sim..." ele disse, um quase-sorriso tolo na sua cara.
"Não não disse! Estás a imaginar coisas! T-tens a certeza que estás bem?" eu disse, colocando a palma da minha mão na sua testa.
Ele riu-se. Ai, como aquele riso fazia logo o meu dia melhor.
"Vez? Voltaste a fazê-lo!" ele disse, apontando para mim e a rir-se.
"E-eu... Porra, preciso de aprender a manter as coisas para mim!" eu disse dando uma chapada a mim mesma.
Ele continuou a rir-se enquanto eu recuperava do meu embaraço.
"Descansa..." ele disse, com um sorriso na cara.
"Hum?" eu perguntei, virando a cara para ele.
"Ahm, bem... Não és a única," ele disse, coçando o pescoço.
"O quê? Tu também deitas coisas cá para fora quando estás simplesmente a pensar?" eu perguntei, confusa.
"Não, tosca," ele disse, dando-me um pequeno empurrão no ombro e soltando um pequeno riso.
Fiquei em silêncio à espera que ele me explicasse mas nada saia da boca dele. Fiz um movimento com a minha mão para que ele continuasse.
"Ahm, o quê? Ainda não percebeste?" ele perguntou, parecendo um pouco embaraçado.
Neguei com a cabeça e ele soltou um suspiro.
"Ainda és mais burra do que eu pensei. Bem..." ele disse, sorrindo. "Vejamos se isto te esclarece."
Ele começa a aproximar-se de mim e o meu ritmo cardíaco começa a aumentar. Ele estava prestes a--
Yap. Um beijo. E oh, bom? Maravilhoso? Essas palavras não são nada comparadas com aquele beijo. Era como se fosse um golo de água quando se está a morrer à sede - morrer por mais.
Assim que os nossos lábios se separaram, ele deu-me uma leve festa na bochecha.
"Esclarecida?" ele perguntou, um sorriso desenhado na sua cara.
Mordi o lábio e de seguida sorri e assenti. "Acho que melhor explicação era impossível," eu disse, soltando uma gargalhada.

The Text Message PrankOnde histórias criam vida. Descubra agora