"Porque é que não contaste nada antes?" eu perguntei.
O Connor encolheu os ombros. "Acho que ainda não estava preparado. Só a minha família é que sabia."
"Mas nós somos tipo família, dã," a Arden disse, dando-lhe um pequeno empurrão no ombro.
Ele deu uma pequena gargalhada e desapertou o casaco. Apesar de eles já nem serem um casal, agiam como um. Agora que penso bem, eles sempre agiram como um casal... É o que acontece quando se encontra bons amigos.
"Então... Tu e o Luke?" a Arden perguntou, com um sorriso tolo na cara e cruzou os braços.
"Ah o q-que é que tem?" eu perguntei, tapando o sol com a minha mão. Hoje o dia estava demasiado quente, sem falar no sol que cegava cada pessoa que decidia entrar na aventura de sair de casa.
Eu, a Arden e o Connor decidimos ir até à praia. Até porque é isso que uma pessoa normal faz quando estão 38ºC lá fora. A Kim foi passar férias mais os nossos tios. Eles vivem em Maine, mas passam sempre as férias no México. Ainda pensei duas vezes antes de ir com eles, mas cheguei à conclusão que preferia passar as férias com os meus amigos. Sim, o Luke está incluído.
Já tinha passado uma semana desde que o beijo entre mim e o Luke aconteceu. Tem sido um pouco estranho estar com ele, apesar de ele nem parecer afetado ou assim. Será que aquilo foi uma mentira e ele nem sentiu nada? Ele não tem falado sobre isso. As mensagens pararam, como é óbvio. Sim, sinto saudade de as receber às 4 da manhã e ficar com um sorriso enorme só por 4 palavras como: não tenho sono, baby.
Sinto saudades de ele me chamar baby. Ao ínicio, quando ele me começou a chamar isso por mensagens, eu detestava... agora? Psh, sinto-me mal por ele ter parado.
"Aquela não é a Tracy?" o Connor perguntou, apontando para uma rapariga ao longe, alta, com o cabelo num tom de loiro sujo rodeada por um enorme grupo, a maioria raparigas. "Argh, ela é tão obcecada consigo mesma. No outro dia, vi-a a afixar uma foto de si mesma no cacifo. Por favor, quem é que faz isso? É que era só mesmo ela! Sem mais ninguém na foto!"
Eu e a Arden apenas ficámos a rir. O Connor encolheu os ombros e descalçou-se, enterrando os pés na areia da praia e continuou a andar para um bom local.
Seguimos o Connor até que ele se vira de costas para nos encarar e com os chinelos na mão, começou a falar. "Mas a sério... Nunca repararam o quão cabra aquela coisa é? Eu não percebo porque é que há tanta gente aos pés dela!"
Eu e a Arden voltámos a rir feitas malucas e finalmente parámos num lugar. Não tinha muita gente à volta, exatamente como queríamos. Eu e a Arden retirámos as toalhas de dentro das nossas malas, enquanto o Connor já a tinha estendido na areia porque a trouxe ao ombro.
A Arden começou a saltar na areia de tão quente que estava e simplesmente atirou a toalha para cima da areia de uma maneira qualquer para se poder sentar. Eu comecei a rir-me e apercebi-me que era a única. Olhei para o Connor e ele continuava atentamente a olhar para a Tracy e o grupinho.
"Mas tu és obcecado por aquela gente?" eu perguntei, apoiando-me nos cotovelos para poder olhar para ele.
Ele abanou a cabeça e murmurou qualquer coisa, de seguida olhou para mim. "O-o quê?"
"Tu és obcecado com aquela gente!" eu gritei, rindo-me.
"Só estava a ver. Ela é como se fosse a rainha abelha naquilo," o Connor disse apontando para o grupo de pessoas.
Realmente o que se via era ela a tirar selfies e o resto das pessoas a rir e a conviver. De vez em quando ela largava o telemóvel mas era só para ir para o colo de um gajo. E o gajo trocava. Como ia para o colo dum, como ia para o colo de outro. Aquela rapariga não deve saber o que fazer com a vida, então experimenta de tudo.
"Uma vez ela entornou-me a própria comida para cima. Disse que tinha tropeçado numa cadeira e deixou o tabuleiro tombar para cima da minha roupa. O pior é que eu vi que ela fez de propósito," eu disse, dando um pequeno empurrão nos meus óculos escuros. Tinha a cana do nariz a soar de tanto calor que estava que até os óculos escorregavam.
Fiquei um pouco a observar aquele grupo de adolescentes. Vai na volta que alguns deles já nem adolescentes são. Pude ver a maravilhosa Tracy a tirar uma selfie que supostamente era uma selfie de grupo mas em vez disso, apontou a câmara só para ela mesma. Alguém vai ficar muito chateado quando vir aquela foto no Instagram, ou seja, os "amigos" dela.
"Agora também tu, Kay? Deixa lá os maluquinhos!" a Arden acordou-me dos meus pensamentos, atirando-me uma garrafa de protetor solar para cima. "Vá. Não queres ficar com um escaldão pois não? Não. Pois, bem me parecia."
Revirei os olhos e levantei-me para meter o protetor. Enquanto o espalhava pelo corpo, continuava a olhar para aquela gente. Como é que ela pode ser popular se ela é tão falsa?
"Ah! Já vos contei que amanhã vou receber a minha carta?" eu disse, num pulo.
"Estava a ver que não!" o Connor disse, fingindo rezar.
Eu revirei os olhos e soltei uma gargalhada. "E para o mês que vem posso ir comprar o meu próprio carro!" eu disse, dando um pulo de contente.
"Já o podias ter feito à mais tempo se não tivesses chumbado da primeira vez, burra," a Arden disse, deitando-me a língua de fora.
Deitei-lhe a língua de fora de volta apesar de ela ter razão. Já todos com a minha idade tinham o próprio carro e andavam com ele para todo o lado, menos eu. Decidi ter a maravilhosa ideia de tirar a carta na altura dos exames finais. O que não correu bem, exatamente como soa. Quando chegou a altura para estudar para os exames, eu preferi estudar, claro. O que deu em falta de sono e quando cheguei ao exame de condução estava meio a dormir e meio acordada. Se calhar já estão a imaginar o que aconteceu a seguir. Pois, bati contra um contentor do lixo e com isso ainda tombei umas bicicletas e umas motas que estavam para vender numa loja. Fiquei logo chumbada, mas com razões para isso. A minha família nunca mais se calava com isso, e que eu tinha desperdiçado uma boa oportunidade para poder conduzir por mim própria e não precisar que ninguém me levasse a lado nenhum. Parece que eles só se calaram quando eu tirei a iniciativa de tentar de novo.
"Finalmente vais poder-me recompensar por todas as vezes que te levei ao shopping," a Arden disse com um sorriso tolo.
"Nem penses!" eu disse, atirando-lhe a garrafa do protetor solar.
"Porquê? Antes eu levava-te comigo, agora tu levas-me contigo!" ela disse.
Eu deixem um suspiro alto sair e aceitei a proposta. "Está bem..." eu disse e a Arden fez uma mini festa.~~~~~~
"E pronto! Agora já podes fugir de casa sem ninguém!" a minha mãe disse, colocando o braço à volta dos meus ombros.
Eu ri-me e fiquei a contemplar o que tinha nas minhas mãos. A minha carta de condução! Finalmente! Agora podia ir mais vezes ao shopping - o que eu estava à espera à anos - à praia sozinha, visitar amigos... Ok, praticamente tudo, menos viajar para outro continente porque isso é impossível fazer de carro... atualmente. Nunca se sabe o que pode acontecer no futuro!
"Como é que sentes, princesinha?" o Luke perguntou, apoiado na bancada da cozinha pelos cotovelos.
"Poderosa," eu disse, com um sorriso tolo, não largando a carta por nada.
Ele deu uma leve gargalhada e eu sorri-lhe.
Mais de 50% das razões que eu não fui para o México mais os meus tios e a minha irmã estavam à minha frente. Não ia conseguir passar 1 mês e pouco sem ver este sorriso e ouvir este riso. Sim, existem coisas com o nome de chamadas de telemóvel, mas não é a mesma coisa. Mas então, Kay! Existe FaceTime! De novo, não é a mesma coisa. Quem é que sente o momento apenas por estar a ver um video? Ninguém! Apenas se estiveste no momento, porque aí podes lembrar-te, mas pronto.
"Kay!" ouço a minha mãe a chamar-me da sala. Nem reparei que ela tinha saído!
Deslizo da cadeira e dou uma pequena corrida até à sala, e paro à entrada. "Sim?"
"Já fizeste a mala, acredito?" ela disse, ligando a televisão.
"A mala? Que mala?" eu pergunto, elevando a sobrancelha e encostando o meu braço à ombreira da porta.
"Kay. Onde é que tu andas?" a minha mãe perguntou, estalando os dedos. "Daqui a 2 dias vamos a Cuba!"
A Cuba? O que é que vamos fazer a Cuba? "Cuba?" eu pergunto.
"Sim, Cuba. Ou preferes ficar aqui?" a minha mãe perguntou, elevando a sobrancelha.
"Não, não! Cuba soa-me bem. Bastante bem!" eu disse, um sorriso enorme a começar a desenhar-se na minha cara.
Vamos a Cuba!
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The Text Message Prank
Genç KurguCerto dia, Kay recebe uma mensagem do banco. Aflita, decide ligar para o tal número para tentar perceber o que se passava. Será que ela se vai arrepender?