Ketellyn 💖
Passei um mês morando de favor na casa da dona Sueli, hoje decide ir embora lá de Realengo, foi uma coisa de momento sabe, eu estava lavando a louça quando me deu vontade de voltar pra Rocinha, arrumei as poucas coisas que eu tinha e vim com a cara e a coragem que eu tinha.
Hoje eu entendi o xamã por ele tanto pedir pra baixar o preço da passagem, literalmente contei moedas pra pagar essa porra e ainda fiquei devendo vinte cinco centavos pro cobrador.
Respirei fundo antes de descer da van, fui uma das últimas a descer e se pudesse eu continuava dentro dela até o fim do dia. Ajeitei a minha mochila nas costas e fui subindo a ladeira enorme daqui da Rocinha, essa ladeira aqui mata qualquer um, papo reto.
Da entrada até a casa dos meus avós é papo de uns quarenta minutos apé, única forma de eu chegar lá é via canela porque eu não tenho dinheiro pra pagar moto táxi e muito menos van que sobe pra rocinha. Pra completar eu estou sem celular pra ligar para o meu primo vim me buscar.
Eu não aguentava mais andar e parece que hoje o caminho ficou mais longo. O que estava me motivando a andar era o ódio, de verdade mesmo. Depender de mim nem aqui eu estava, aliás, nem viva, vontade que eu tenho era pegar o primeiro meio de transporte que aparecer na frente e ir lá pra ponte Rio-Niterói e me jogar de lá.
Virei a esquina da casa dos meus velhos e veio um monte de coisa na minha mente. Saí daqui com doze anos e estou voltando com dezenove, aconteceu tantas coisas que se eu tivesse a oportunidade de voltar no passado eu não teria saído daqui, tinha chorado, implorado pra ficar com meus avós.
Bati no portão e me encostei no muro esperando alguém vim abrir. Escutei minha vó falando que estava aberto e que podia entrar, mania que esse povo tem de deixar o portão aberto, confiam de mais mas pessoas.
Ketellyn: Perde essa mania de deixar o portão aberto nunca né?! Só vai aprender quando um cracudo entrar e roubar as coisas de casa.
Marta: Boa tarde pra você também, Keke. - jogou o pano de prato no ombro. - Lembrou que tem avó agora foi? Tem tempo que procuro saber notícias suas e não tenho, pensei que tinha até morrido. Esses dias mesmo perguntei sobre você a sua mãe e ela me respondeu que só Deus sabia sobre seu paradeiro.
Ketellyn: Cheguei perto da morte, mas ela não me quis por lá não, tenho muita coisa pra viver ainda. - até fingir que não escutei sobre o que ela falou da Miriã, não vou falar nada porque minha vó tem problema de saúde, aí já viu né, pressão desce na hora. - Tô sem celular, quebrou. Cadê seu marido?
Marta: Seu avô tá no bar como sempre, sabe que ele passa o dia lá, até parece que não tem casa. Conversa besta menina, euem.
Papiei mais um pouco com a minha velhinha e subi pra colocar minha mochila no quarto. Desci novamente pra almoçar, desde ontem a noite que não como nada, terminei de laricar e lavei a louça. Dona Marta tava estendendo umas roupas e eu fui fazer isso por ela, eu estendia as roupas e ela me botando a par das fofocas do morro.
Eu não lembrava nem metade das pessoas que ela falava, mas eu fazia questão de saber dos babados. No meio das fofocas descobri até que uma prima minha tava grávida de oito meses já, pelo visto eu estava desligada de tudo mesmo.
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AUDAZ
Teen FictionSiga sem medo, faça você mesmo, amor. Basta acreditar, diga com fé o mundo vai ser melhor e amo minha vida