Parte 17 - Presente e Futuro

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- Caio: (...) até que um dia... eu já tava com 9 anos... escutei a campainha da casa tocar... lembro de escutar minha mãe abrir a porta e dar um grito e logo depois escutei alguém cair no chão. Escutei o barulho da porta fechando, lembro de ter chamado por minha mãe e ninguém respondeu. Eu estava imóvel, morria de medo, não conseguia ter coragem para ir na sala ver o que tinha acontecido. Então ele virou o corredor e eu o vi, ele andava na direção do meu quarto e eu não consegui me mexer. Meu padrasto entrou no meu quarto, fechou a porta, trancou ela com chave, olhou pra mim e disse: "Agora é a hora de nos entendermos, anjinho".

Caio segurou firme na mão de Marcos, seu olhar era vazio. Marcos sentou-se bem ao lado dele, ficando bem próximo para transmitir um pouco de segurança.

- Caio: Eu tremia... lembro que estava em pé, no meio do meu quarto, eu não conseguia me mexer, eu mal conseguia respirar... Ele foi se aproximando de mim, olhando fixo nos meus olhos... Colocou sua mão no meu rosto e falou: "Tá tremendo por que anjinho? Não precisa ter medo... eu não vou te bater...". Lembro que quando ele falou aquilo eu até consegui respirar um pouco. Ele me pegou pela mão, me levou até minha cama e me colocou sentado nela. "Se você fizer exatamente o que eu mandar... eu não vou te bater..." ele falou e logo meu coração ficou acelerado de novo. Ele foi tirando minha camisa e eu não conseguia fazer nada, meu corpo não respondia minha mente. Logo em seguida ele falou para tirar a minha bermuda, "p-p-ra quê?" perguntei eu gaguejando. Na mesma hora tomei um tapa com toda força no rosto...

Marcos reparou que uma lágrima escorreu pelo rosto de Caio. O olhar dele era vazio, ele parecia que tinha se teletransportado para aquela memória, ele parecia que a estava revivendo. Marcos abraçou Caio e continuou escutando.

- Caio: "FAZ O QUE EU TÔ MANDANDO QUE VAI SER MELHOR!!" gritou ele pra mim. Com muito medo eu fui tirando minha bermuda ficando só de cueca, ele fez um sinal para que eu tirasse a cueca também, com muito medo tirei ela, ficando pelado na frente dele. Ele chegou perto de mim, se agachou e colocou sua mão em meu rosto, então, aquela mão foi descendo... ele foi passando a mão dele por todo meu corpo... lembro que eu arrepiei todo de medo... parecia que eu levava choque em cada lugar que ele encostava...

- Marcos: Caio... eu... eu não sei se quero ouvir mais... (Caio virou seu rosto e olhou para mim com aqueles olhos vazios)

- Caio: Eu preciso contar... por favor, me deixe terminar... (Marcos fez um sinal com a cabeça afirmando. Caio então voltou a encarar o vazio). Ele se levantou, olhou para mim e falou: "Agora anjinho, vou fazer o que sonhei durante muito tempo... você vai ser meu... só meu...". Ele me pegou e me jogou de bruços na cama, eu fiquei sem entender o que ele queria fazer, o que ele queria dizer. Então ouvi um barulho, um barulho de zíper abrindo, depois escutei ele cuspindo, eu não tinha coragem de olhar pra trás e ver o que estava acontecendo. De repente, senti uma coisa na minha bunda, percebi então que ele estava fazendo a mesma coisa que ele fazia comigo antes, ele estava esfregando o pau dele na minha bunda. Ele agarrava a minha bunda com força, e falava coisas que eu não consegui entender... ele começou a esfregar um pouco mais rápido e então... eu... eu... (Caio apertou forte a mão de Marcos)

- Marcos: Caio... não precisa...

- Caio: Eu senti... senti... uma dor alucinante... tudo começou rodar... meu ouvido começou a zumbir... minha visão foi ficando embaçada... a dor era tão forte que eu não sentia mais meu corpo... não tinha forças nem pra respirar direito...

- Marcos: Ele... estuprou você... (Marcos reparou que Caio não tinha cara de choro, mas lágrimas não paravam de descer pelo seu rosto)

- Caio: Eu escutava minha mãe gritando e esmurrando a porta... eu não conseguia fazer nenhum tipo de som... ele me virou na cama me deixando de barriga pra cima... pude ver o seu rosto... estava tudo meio embaçado... eu morrendo de dor e ele sorrindo... então veio mais uma fisgada... ele tinha voltado a enfiar em mim... eu me sentia totalmente rasgado, destruído... a dor era muito forte... era muito forte... aí, tudo começou a ficar escuro... eu já não escutava nada... não via nada... não sentia nada...

Segunda DançaOnde histórias criam vida. Descubra agora