Capítulo 1

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"Às vezes, ir embora é a única coisa que irá te fazer encontrar a coisa certa" – Taylor Swift, It's Time to Go.

— Espere... — Ouvi a voz da minha melhor amiga, Trina, ecoando no quarto. — Pode abrir os olhos agora.

Afastei minhas mãos dos meus olhos e os abri. A primeira coisa que vi em minha frente foi o bolo cor-de-rosa, com certeza de frutas vermelhas (o meu favorito). Em cima dele, velas com o número 18, cor-de-rosa e cheias de glitter.

Sorri para minha melhor amiga.

— É bolo de sorvete, o nosso favorito. — Ela sorriu. — Você gostou?

Assenti com a cabeça, ainda tentando formular alguma frase para agradecê-la por essa surpresa maravilhosa.

— Eu amei! — Sorri. — Trina, você é a melhor amiga de todas!

Ela sorriu, dando os ombros.

— Eu sei.

Fazer dezoito anos é uma grande coisa, eu acho. Todo mundo sempre diz que é quando a vida realmente começa. Trina fez questão de estar comigo nessa fase, desde o primeiro minuto, como eu estive quando ela fez dezoito.

Por isso, decidi que passaria as primeiras horas do meu aniversário com minha melhor amiga e, de noite, eu passaria com meu pai. Porque seria estranho não passar meu aniversário de dezoito anos com ele.

Mas, para ser sincera, eu preferia passar com Trina, a minha melhor amiga da vida inteira, só nós duas e um bolo, do que uma festança enorme em algum bar que papai provavelmente me arrastaria para mostrar para toda cidade que sua garotinha estava crescendo.

— Vamos, Lily, faça um pedido! — Trina sorriu, se colocando ao meu lado. — Posso ficar com uma vela? — perguntou, mesmo já sabendo da resposta.

Nós tínhamos esse pequeno ritual: em nossos aniversários, nós dividíamos as velas e cada uma podia fazer um desejo, porque assim eles se realizariam juntos ou não realizaria nenhum.

— Claro, boba — falei, sorrindo.

Fechei meus olhos e juntei minhas mãos. Soprei a vela com o número 1, fazendo o pedido que eu guardaria para mim, assim ninguém descobriria e ele se realizaria.

— Eu desejo um marido alto, forte, lindo e gentil — Trina suspirou. — Droga, eu falei em voz alta... ele não vai se realizar. — Ela murchou.

Eu ri.

— Não diga isso, Trina, com certeza ele vai se realizar. É só não contar pra mais ninguém.

Minha amiga sorriu.

— Você é tão incrível... vou sentir sua falta quando se mudar pra outra cidade e entrar naquele internato de freiras — bufou. — Por que você tinha que ser a inteligente entre nós duas?

— Nós nem sabemos se eu consegui a vaga — rebati. — E, mesmo que eu consiga, nós vamos continuar amigas. Eu posso vir te visitar nos finais de semana e nada vai mudar.

— Promete? — Levantou o mindinho.

— Prometo. — Entrelacei meu mindinho no dela.

Trina sorriu e se levantou, murmurando um "já volto" e saindo do quarto. Franzi o cenho, intrigada em saber o que minha amiga estava planejando. Encarei meu bolo e sorri para mim mesma, era legal ficar mais velha.

Suspirei com a demora de Trina. Encarei o bolo com medo que ele derretesse antes que comêssemos.

Minha amiga voltou, escondendo algo atrás de suas costas e eu apertei os olhos, tentando enxergar o que era, mas ela estava o escondendo bem.

Silent GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora