Capítulo 9

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"Era a única coisa que ela ainda não tinha pego: amor. Ninguém está imune." – O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Noite da festa.

O que eu aprendi na minha primeira festa em San Pellegrino era que as festas de mauricinhos eram iguais a todas as outras no final das contas. Jovens bêbados, muito álcool, música e pessoas se agarrando pelos cantos. Nada de muito "uau".

Não que não tenha sido divertida a noite, até certo momento eu e Asia dançamos juntas e poderia ser considerado algum avanço, mas para isso teríamos que estar sóbrias, o que não era o caso.

Estava perdida pela grande mansão de Mirko procurando um lugar para descansar um pouco. Não estava tão bêbada, mas estava um pouco aérea.

Me sentei no sofá e solucei. Estava emburrada, todos meus amigos haviam sumido. Marzia sumiu, Asia brigou com Patrick e sumiu também, Mirko sumiu com Arón e a desculpa dele foi apenas "temos coisas para resolver". Que bacana, eu estava sozinha.

Não por muito tempo, porque um rapaz desconhecido se sentou no sofá ao meu lado. Tentei ignorar sua presença, mas ele me encarava com um sorriso estranho nos lábios.

— Você é a Lily, não é? — Sorria para mim como se já me conhecesse.

— Sou sim. — Franzi o cenho, um pouco desconfiada. — E você, quem é?

— Sou Filipo, um amigo de longa data do Arón! Eu estava no jantar que a Madame Grenier fez para você, inclusive.

— Ah, claro — sorri, mais aliviada por não ser um completo desconhecido. — Desculpe se não me lembro muito bem de você, é porque tinha muita gente naquela mansão.

— Tudo bem, não tem problema. O importante é não esquecer mais, ok?

— Ok — sorri.

Filipo relaxou ao meu lado, se sentando um pouco mais perto e focando toda sua atenção em nossa conversa.

— E o que você tá fazendo sozinha por aqui?

— Todos meus amigos sumiram — encolhi os ombros —, então resolvi ficar um pouquinho por aqui para descansar.

— Bom, agora você não está mais sozinha — sorriu novamente. — Eu estou aqui com você para te fazer companhia.

Filipo colocou a mão levemente sob a minha que estava estendida sobre a minha coxa. Pisquei os olhos, tentando entender o motivo daquele toque. Ao mesmo tempo que fez isso, ele olhava para a multidão da festa, como se estivesse esperando que alguém o visse comigo.

Antes que eu pudesse reagir e afastar minha mão, apenas uma figura masculina se pôs em nossa frente.

Era Dante, ou VD como todos o chamam. Não o conhecia muito bem, não éramos amigos, mas tínhamos algumas aulas juntos e trocamos algumas palavras quando ele me pedia a resposta de alguma questão que ele não sabia.

Também já havia o visto outras vezes, como na detenção ou quando o peguei aos amassos com Asia no jantar na mansão. Além das vezes que ele sempre me cumprimenta nos corredores do Fiore como se fôssemos bons amigos.

A única coisa que sabia dele foi o que ouvi nos corredores do Fiore, que ele era um traficante muito perigoso e, pelo que eu sabia sobre isso, graças aos filmes que vi, era que traficantes perigosos sempre andam armados.

— Fora — disse com seu tom arrastado de sempre. Eu arregalei os olhos, assustada. — Não você. Ele. — Apontou para Filipo.

— Qual foi, cara? — o outro resmungou. — Eu só estou aqui conversando com a Lily, não me enche.

Silent GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora