Capítulo 7

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"Seja qual for a matéria de que as nossas almas são feitas, a minha e a dele são iguais." – Emily Brontë.

Quando eu disse que a última coisa que eu queria no Saint Fiore era ser popular, eu estava sendo completamente sincera. Mas as coisas nunca saíam do jeito que eu queria e, quanto mais tentava passar despercebida, mais atraía atenção para mim.

E de uma forma muito estranha, as coisas no Saint Fiore estavam muito melhores.

Aparentemente a popularidade de Asia era muito pior do que eu imaginava, já que todos diziam que ela e Arón mandavam no internato. Então quando ela decidiu cismar comigo simplesmente por existir, isso acabou fazendo com que outras pessoas gostassem de mim. Eu achava que era uma daquelas situações de Team Lily ou Team Asia, e as pessoas estavam preferindo a que não as fazia chorar por causa de um olhar acidental.

Então as pessoas me cumprimentavam pelos corredores, sorriam para mim e não faziam mais fofocas maldosas nos banheiros. Além de que, depois da minha detenção por enfrentar o professor machista e babaca, as pessoas comentaram sobre isso de uma forma positiva, como se estivessem esperando finalmente alguém tomar atitude.

No começo, eu achei que isso tivesse dedo de Nik, imaginaria que ela fosse capaz de pagar para que me tratassem como um ser humano, mas ela estava tão ocupada ultimamente com seus concursos, eventos importantes e sua agência que mal se importava com como eu estava no Saint Fiore.

Quem estava amando era Marzia, já que, se minha popularidade estava em alta, ela, por ser minha única amiga, estava colhendo os frutos também. Já tinha planos para as próximas festas, e eu imaginava formas de fugir delas.

Bufei impacientemente enquanto esperava a máquina de lanches colaborar e destravar o meu lanche. Era chocante o quanto os pais dos alunos tinham que pagar de mensalidade nesse internato para ter uma máquina sempre travada.

— Tá tudo bem por aí? — Ouvi a voz familiar e me virei, era Patrick. Ele estava com as mãos no bolso da calça.

— A máquina travou — apontei —, mas eu nem estava com tanta fome assim mesmo. — Encolhi os ombros.

— Quer que eu te ajude?

Aceitar a ajuda de Patrick não parecia uma boa ideia, já que Marzia havia repetido várias vezes o quanto ele era um sinal de perigo e que eu não podia nem respirar o mesmo ar que ele.

Mas por outro lado, eu estava com fome...

Minha falta de resposta fez com que Patrick entendesse como um sim, porque foi até a máquina e ficou mexendo nela, tentando destravá-la.

— Eu queria te pedir desculpas pela forma que nos conhecemos — começou. — Não queria que achasse que eu estava flertando com você ou coisa do tipo, longe disso.

Isso acabou rendendo mais do que devia, na verdade. Começaram os boatos que eu e Patrick tivéssemos algo e terminou com Asia explodindo no meio do refeitório na frente de todo mundo.

Eu senti pena de Patrick nessa situação, mas era um assunto que eu não tinha vontade alguma de me intrometer já que, o que ele e Asia tinham ou não, não é problema meu.

— Ainda mais sabendo que você é a garota do Mercy... não quero me envolver nessa também, já não basta Asia — ele riu, mas parecia triste com a situação.

Meus olhos se arregalaram quando o ouvi.

— Eu não sou garota do Arón — disse, quase num grito, não me importando se chamasse atenção. Mas logo me contive. — Nunca aconteceu nada com ele e nós nos conhecemos no ônibus naquela manhã. Eu nem sei por que ele inventou isso!

Silent GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora