Capítulo 14

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"Totó, tenho a sensação de que não estamos mais no Kansas." — O Mágico de Oz.

N/A: Só um aviso que a metade desse capítulo contém alguns gatilhos. De verdade, é melhor pular caso se sintam sensíveis, ok? Uma boa leitura. <3

Parte 1

— Loirinho fru fru, aonde pensa que está indo?

O líder do bando falou, se levantando das escadas da entrada da grande mansão. O rapaz havia acabado de chegar, estava cansado. Exausto com tudo que estava acontecendo. Seu pai agora está na prisão e a raiva estava o cegando, porque tudo era culpa dela. Só queria tomar um banho e assistir futebol na grande televisão do seu quarto até dormir.

Soube que a paz tinha acabado quando avistou três homens na frente da própria casa. Felizmente sua mãe não estava ali, porque sabia que Arón Mercy não estava ali para tomar um chá.

— Eu não quero briga, Mercy. É melhor você se afastar e agradecer pelo seu papaizinho ter bastante dinheiro e boas conexões, senão o vídeo da sua irmã já estaria por toda a internet neste momento.

— Não mencione ela, ok? — o de cabelos vermelhos se queixou e se levantou também. Tinha um sentimento diferente no olhar. Mais raiva do que geralmente era vista ali. Talvez um amigo que falhou na proteção. Talvez mais que isso.

O terceiro estava sério, tinha cara de poucos amigos, tão alto quanto os outros dois, carregava uma melancolia consigo e nada falou. Scott sabia esconder seus sentimentos como ninguém. Foi treinado para isso.

— Achou mesmo que iria tratar minha irmã daquele jeito e não ia receber um troco por isso? Eu te avisei sobre isso, Brazzi, no momento em que você começou a persegui-la como um cachorrinho. Se tivesse vergonha na cara, teria feito isso em uma sala privada, tenho certeza que dessa forma eu não teria descoberto. Mas, para a minha sorte, você foi burro o suficiente de dar chilique na frente do colégio todo.

VD riu, com o braço direito dele criando mais munição para uma arma que logo iria proferir um tiro. Arón era conhecido por isso. E, na casa de Hart e VD, não havia devedores.

— Não posso mencionar o nome da puta que acabou com a minha vida? — gritou o loiro, como se cuspisse sangue. E isso logo se tornou realidade, com o forte e rápido baque que levou do mais sério entre os três.

E assim a noite seguiu, por longos minutos, que pareciam horas, dias, décadas para Patrick.

Não era apenas sobre Patrick. Foi a forma que o irmão encontrou de aliviar a dor de não ter conseguido proteger a própria irmã de um monstro como Victor Brazzi.

***

— Adoro suas proporções, não nega ser a filha de uma bailarina. Me irrita saber que não investe nessa carreira — Morello disse, depois de fotografar mais uma sessão e se prontificar em dar uma visualizada no seu monitor e afirmar os resultados. Não me importei em levantar.

Aquelas palavras entraram pelo meu ouvido e saíram pelo outro. Eu cresci com pessoas elogiando minha beleza e meu corpo, a vida inteira assim, e no segundo seguinte, elas se assustavam descobrindo que uma rosa podia ter espinhos.

A verdadeira Daisy Buchanan disse em seu diário que a melhor coisa que uma garota podia ser neste mundo era bela e tola. Era um fardo terrível eu não ter sido agraciada com a ignorância. Pelo menos, eu ganhei na loteria com a arrogância dos Mercy.

Morello tinha cabelos e olhos castanhos, uma beleza europeia comum. Era fotógrafo da agência de Grenier há anos, eram amigos há anos, diz ela que eles se conheceram em Roma, quando ele ainda era iniciante e fazia trabalhos pequenos fotografando para aniversários e casamentos, até que ela o resgatou porque viu o verdadeiro talento nele, e até hoje ele tirava fotos das suas modelos. Ela era ótima em pegar pessoas com nada e transformá-los dependentes dela.

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