XXVII • "Um postal tão doce"

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Aviso: Violência, Menção ao aborto.

Minha respiração é ofegante, o coração faz menção de sair pela boca e os nós dos meus dedos latejam levemente

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Minha respiração é ofegante, o coração faz menção de sair pela boca e os nós dos meus dedos latejam levemente. Continuo com o corpo acelerado dessa maneira como se estivesse tendo a adrenalina alimentada por uma voz que grita para que eu corra. Só que eu cansei de fugir e sou levado a lugares que não quero, com a cena se repetindo para mim.

O sorriso do filho da puta sujo de sangue pelo soco que recebeu.

Alguma voz grita para eu parar, quando meus pés já me guiam pra perto dele novamente, a origem da minha força se embolando com outras questões, com o fato de eu ter falado de caráter nos olhos do meu pai. Assim, eu me sinto capaz de qualquer merda! Tom segura na minha blusa, as mãos agarrando forte o tecido, dessa vez sem nenhuma intenção de levar outro soco.

Eu repito seu movimento, apenas com uma mão, querendo demais acertar seu nariz, o sangue fluindo nas minhas veias numa velocidade absurda, o ódio sendo a força motriz de minhas ações.

Ele me acerta primeiro, raspando seu punho em meu queixo e parte do lábio inferior, sem que eu absorva as sensações de dor. Farto de tudo que nos enrolava cada vez mais fundo em segredos doloridos demais e fodidos demais. Só que eu sou agarrado por trás, arrastado por braços que só identifico de quem são quando fito as cores desenhadas por toda a extensão. Da mesma forma alguns seguranças impedem o avanço de Tom.

Eu só consigo pensar no fim de tudo isso. Em como mexer no passado pode rasgar nossas cicatrizes de novo.

Alguns dias se reviram em meu estômago, conforme meu corpo se torna fraco demais pra aguentar a rotina de exercícios, completamente afetado pelos pensamentos incessantes da minha mente. Tudo tão interligado, que chego a questionar por quê os cenários ao meu redor não mudam, depois de reunir tanta coragem que agora me soa inútil. Quem seria o Jungkook que se ergueu e bateu de frente com tudo que considerou absurdo, sem aguentar engolir mais nada e que diferença tudo isso fez?

Percebo que continuo erguendo meu corpo da cama para encher a cabeça de gráficos coloridos que perpassam meus olhos, presos em uma tela por horas. Continuo sendo atormentado pela figura do homem que passei a repudiar, pedindo em silêncio a cada tragada que a cidade me livre do tormento que vive em minha cabeça, olhando longe nas luzes fortes do cenário urbano que me abraçou mas me sufocou nesse mesmo movimento.

As vezes é como se eu não existisse.

Como se ter erguido minha voz, falar o que sentia, dobrar minhas mãos em punhos, não tivesse valido de nada. Um surto temporário que me rendeu mais dor de cabeça. Vai ver eu deveria ter aguentado as coisas como estavam, sendo no que eu era bom em ser, uma sombra.

Passo pelos portões do condomínio, a mão deslizando suave no volante e o cheiro de maconha dentro do carro, tão frequente tenho fumado, por não saber o que fazer. Com alguma dificuldade, estaciono na garagem exposta da casa de Taehyung, com seu carro inclinado de forma a atrapalhar o amplo espaço para pelo menos três veículos grandes. Olho pelo retrovisor, as marcas de pneu que desenham a saída de sua garagem para a rua principal. Ele com certeza andou enchendo a cara e dirigindo.

Não existe amor em SP • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora