Interlúdio • "2015"

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Aviso: Insinuação sexual,
Uso de drogas por menores.


Maio de 2015.

Abro a porta do quarto de Jungkook, mas ele continua concentrado no jogo a sua frente. Afasto a bagunça de roupas em sua cama e me sento em silêncio, esperando por uma reação sua, mas o único som que ecoa no ambiente são dos seus dedos ágeis no teclado, com sua perna esquerda balançando em ansiedade, assim noto que está buscando refúgio na tela de computador. 

- Pode prestar atenção em mim? - Jogo uma das blusas em sua direção, o que finalmente o faz retirar o headset

- Mandy. O que você tá fazendo aqui? 

O vejo ajustar o óculos em seu rosto, com as mãos sem jeito descansando nas pernas. Abro um sorriso de lado porque gosto de sua aparência ingênua de certa forma, ele se aventurou comigo e Taehyung nas últimas semanas mas sei que sua maior rebeldia é buscar motivos pra atingir o pai. Sorte dele ter tamanha facilidade em aprender, mesmo com nossas fugas do colégio, já eu não posso dizer o mesmo. 

- Fiquei na recuperação de Física, e minha mãe descobriu que roubei o whiskey do meu padrasto. 

Ele solta o ar pela boca. 

- Você é terrível.

- Eu tento. 

Jungkook se levanta e começa a procurar algo na mochila largada no canto do quarto, perto das figuras de colecionar que estão dispostas em uma estante. É engraçado como a decoração de seu quarto o faz parecer mimado, com o cabelo cortado de forma clássica e a franja de fios escuros longos o suficiente pra atrapalhar seus olhinhos puxados.

Mas eu sei que as aparências enganam e seu choro fino ao falar do pai, com o gosto de bebida na boca. Frágil. O que de forma dolorosa se tornou um espelho pra mim.  

Ele me entrega um caderno com algumas anotações da matéria e eu folheio desinteressada, enquanto ele busca colocar alguma música pra tocar no quarto. 

- Amanda. 

Ergo a cabeça. 

- Não deu certo fugir do colégio, ele não disse nada. De novo. 

Sua expressão é séria, mas algo sobre suas tentativas de rebeldia sem experiência o deixam fofo. Tenho feito de tudo pra chamar atenção da minha mãe e algumas vezes dá certo, mas à altura que estou só precisava de alguém que entendesse como me sinto e pude achar isso no Jungkook. Uma pena que não seja a melhor influência pra ele. 

- Então vamos voltar ao bom e velho... - Retiro uns cigarros amassados do bolso e tento os endireitar - Cigarro. 

Vejo seu rosto preocupado. 

- Já tentei, eu só consigo tossir. 

Mostro a ele o acendedor de velas elétrico que vi na sala de sua casa e escondi na manga do casaco. 

- Espera. 

Ele desliga o ar-condicionado e abre a janela, deixando que a brisa de fim de tarde adentre. Já não há muita iluminação no quarto mas nos contentamos com a luz dourada que cobre sua cama, nos sentando próximos da janela. 

Acendo o primeiro cigarro e levo até a boca, sem saber bem como tragar, por mais que tenha tentado algumas vezes quando deixada em casa sozinha, colecionando unidades de cigarro que minha mãe não daria falta. Expulso a fumaça quase toda, me sentindo a pessoa mais legal do mundo. 

Ele ri de repente. 

- O quê?

- Parece com as pessoas da faculdade. Eu não sou nada assim. 

- Por que acha que apareci na sua vida? Ainda temos o resto do ano pra nos preparar pra faculdade, já vamos chegar sabendo beber, fumar... - Hesito um pouco. - Transar. - Viro o rosto de imediato pra paisagem fora da janela, puxando mais do cigarro. 

 Ouço uma respiração pesada, de nervosismo e tento esconder o meu próprio. 

- Você é virgem, Jungkook? 

Seus olhos se arregalam, ficando mais amendoados que o normal enquanto tento manter meu rosto estável, com medo de ser denunciada pelas bochechas vermelhas. Sempre achei que seria mais fácil do que está sendo falar sobre isso. Mas decido manter minha postura como se não fosse novidade. 

Ele acena a cabeça devagar, com os olhos pra todos os lados, menos os meus. 

A verdade é que Taehyung sempre foi cheio de vida, topando todas as loucuras que eu propus desde que nos conhecemos, há poucos meses, mas eu tinha que me esforçar de forma extra pra levar Jungkook junto e isso me fez criar um afeto por ele. Eu não sei, mas a idéia de beijá-lo agora me deixou totalmente desconcertada. Começo a odiar as coisas que passam na minha cabeça por que fico muito nervosa. 

- Eu posso te... Beijar? - Ele fala baixo e com os lábios tremendo um pouco.

Um nervosismo corre meu corpo e não consigo segurar o sorriso.

- Não é assim que se diz. Se quer conquistar uma garota deve dizer "Eu quero te beijar". 

E de forma inesperada ele não parece mais tão ingênuo quando inclina seu corpo em minha direção, atingindo meus lábios e depositando um beijo bom, inesperado pra forma que se porta mas um beijo lento e gostoso. 

Mal percebo quando minhas costas encontram a cama e meu casaco se desfaz ao meu redor, revelando a peça interna, ele timidamente afasta o tecido e eu o ajudo a retirar com mais rapidez, meu coração parece querer sair do peito mas quero continuar. 

Acho que gosto dele. 

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Achei que introduzir um interlúdio na história mostraria a dimensão das backstories que irei tratar melhor nos próximos capítulos, assim como adicionar a perspectiva de um dos meus personagens mais controversos (?). Acredito que Amanda divida opiniões, então vai ser divertido! Hahaha

Mais uma vez, muito obrigada pela leitura e pelo engajamento, isso me ajuda a continuar🤍

M.
@ itsplumblossom

Não existe amor em SP • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora