X • "Em cada escombro, em cada esquina"

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Aviso de gatilho: Abuso de substâncias.

Aviso de gatilho: Abuso de substâncias

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Você está morto pra mim, Breno.

Gostaria de ouvir tais palavras saindo de minha boca com mais convicção, especialmente se fosse cara a cara com ele, mas por outro lado, seu rosto é a última coisa que quero ver. Eu sabia que não faria bem continuar ao seu lado, mas deixá-lo ir não foi fácil, eu não soube como agir, tomei algumas decisões que se tornaram arrependimentos e agora nada vai ser como era antes. Por mais que seja assustador, acredito que faz parte de como as coisas funcionam. Tudo mudou e eu também.

Carrego a caixa bege para fora do closet e retiro de um a um os objetos que estavam lá. Pra ser sincera quando terminamos não achei que teria volta, diferente das outras vezes. Mas ainda assim fiz o que já havia se tornado um hábito a cada briga nossa, guardar todas as fotos e presentes em uma grande caixa. Um urso pardo de pelúcia com o nariz vermelho, fotos de momentos aleatórios e alguns bilhetes. Ele com certeza soube me conquistar, criamos boas memórias e compartilhamos sorrisos que achei que ninguém mais poderia arrancar de mim. Passo as fotos reveladas uma por uma, procurando entender em que momento as coisas começaram a dar errado. Não é possível que do dia pra noite ele tenha decidido ficar com outras pessoas sem considerar meus sentimentos. Não é possível.

Em uma dessas, estamos abraçados em um restaurante, os traços inocentes da minha pouca idade somem com o sorriso grande que enfeita o rosto, ele como sempre com um riso tímido e blusa de botão sem que nenhum esteja fora da casa, como um bom moço que sempre se mostrou pra mim. No verso a data e uma pequena mensagem que me faz entender quando tudo deveria ter acabado mas continuamos como se nossa vida dependesse disso.

"Não vá embora jamais, linda Mona, eu amo você! Breno."

A primeira vez que brigamos feio e eu quis ir embora, nem lembro o motivo, mas algo me diz que pecamos ao insistir em algo que já deveria ter deixado ir. Abrir mão e deixar que seguíssemos caminhos diferentes, não foi trivial, mesmo que pareça, mesmo que eu tenha me mostrado ávida pelo divertimento... Ainda doía, entre goles e beijos, ainda sentia sua falta. Nesse momento não tenho mais lágrimas pra derramar, nem nenhum sentimento de raiva, apenas quero que tudo passe, quero que a ideia do tempo curar tudo seja verdade e seja agora.

Mas a cura. Ela não é fácil, não é linear, nem acontece da mesma forma para todos. Eu tenho que ser paciente comigo.

- Hora de me livrar disso...

Ele ainda surge em meus sonhos, sempre como se eu tivesse a oportunidade de pedir desculpas. Eu não sei que mecanismo estranho da minha mente é esse que crê ser minha culpa, mesmo que o consciente aos poucos entenda o valor que eu tenho e busque focar em mim cada vez mais. Tivemos muita história, ele fez parte da mulher que sou hoje, com contribuições positivas e negativas, a experiência de viver tem os dois lados e sei que tudo que vivemos teve uma razão.

Não existe amor em SP • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora