XI • " Mulheres que eu nem divulgo"

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Alinho o blazer cinza enquanto fito minha figura no espelho, sentindo a gola alta da blusa preta me sufocar levemente

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Alinho o blazer cinza enquanto fito minha figura no espelho, sentindo a gola alta da blusa preta me sufocar levemente. Gosto de peças sobrepostas mas não gosto do jeito formal que devo me apresentar ou do excesso de mangas apenas para esconder as tatuagens. O elevador indica o destino e as portas se abrem, me obrigando a não voltar atrás, assim coloco a mão no bolso da calça que se põe folgada em minhas pernas e que não parece uma combinação agradável com o coturno preto.

Vou ter que comprar um sapato social. Isso me faz apertar a mandíbula com aversão.

Cumprimento os funcionários rapidamente enquanto passo pelos corredores do escritório, até chegar à sala principal, tomando um pouco do meu tempo em frente ao balcão de secretários. Fico em pé com as mãos nos bolsos e a mente viajando pelo ambiente, o balcão de mármore preto, a decoração minimalista e as plantas do tipo palmeira, que não devem necessitar de água constante ou exposição ao sol, já que o ambiente é bem fechado e só é possível observar a vista da cidade em ambientes seletos do escritório, como a sala de reuniões, por exemplo.

- Sr. Jeon? A apresentação já se iniciou há 10 minutos - A secretária me tira dos devaneios sobre decoração, conferindo o relógio.

Respondo com um breve aceno de cabeça, voltando minha mente a realidade e lançando um agradecimento de baixo tom. Em seguida já me coloco fervendo em frente a porta escura, não há mais como fugir ou adiar e somente agora sinto o peso do arrependimento em minhas costas, sinto o quanto todas as decisões que me trouxeram até aqui não valeram a pena. Não é uma moeda de troca, apenas eu estou doando. Não poderia estar mais puto que isso.

Adentro o ambiente com passos calmos, contrastando o turbilhão que paira minha cabeça, causando dor na parte frontal. A maior parte dos advogados voltam o olhar ao recém chegado, em suas peças sociais irritantes e suas características de privilégio igualmente irritantes. Hesito um pouco olhar para o lado e encarar a expressão que tanto conheço, de raiva e de cobrança, mas não posso evitar nesse momento e sinto seu olhar ultrapassar minha carne com toda a sua força. Chego perto e me ponho ao seu lado, sendo os únicos de pé e logo eu com uma chegada de atraso e estando em meio da apresentação de algum caso importante.

- Jungkook.

Sua voz é baixa como um sussurro, mas dura e com o ar passante entre dentes, um cumprimento cheio de significado oculto. Como se quisesse repreender cada ação minha. Bom, basta estarmos sozinhos novamente para que coloque tudo pra fora.

- Pai.

O encaro ladino, com o rosto tão sério quanto. Ele sabe muito bem que não quero estar aqui e que agora meus desejos pessoais têm se colocado mais fortes do que antes, de quando ele podia manipular seu caçula facilmente. Virada de jogo: Eu não sou mais um garoto.

Sou brevemente apresentado ao restante da equipe presente na reunião e busco um local vago ao redor da mesa, focando a minha atenção no caso que está sendo apresentado pelo meu pai. Importante ao ponto de necessitar de uma equipe com especialidades em diferentes ramos do direito, mesmo que haja maior enfoque no direito político. Tento relaxar na cadeira de couro confortável mas me repreendo em questão de segundos, voltando a posição mais centrada.

Não existe amor em SP • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora