XXI • "Onde os grafites gritam"

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Aviso: Menção ao suicídio, Conteúdo sexual

Sem perceber o que faço, guio meu corpo para perto da cena, quando a voz de Tom se sobressai, me surpreendendo

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Sem perceber o que faço, guio meu corpo para perto da cena, quando a voz de Tom se sobressai, me surpreendendo.

- Amanda, desce daí.

Ela o encara com um riso cínico.

- Agora fala comigo?

Por sorte a movimentação ao redor só se dá pelas pessoas mais próximas do grupo, levando em conta que a maioria da festa já está bêbada. Dou alguns passos para trás, com receio de me tornar parte de sua diversão. Já entendi que ela é do tipo que te empurra para qualquer coisa apenas por entretenimento, mesmo que acredite ter uma razão triste por trás disso. Sempre há algo triste por trás.

À essa altura, os outros tentam cercar a mesa como forma de fazê-la desistir da cena, da pequena apresentação em que despeja verdades que ninguém quer que sejam ditas. Se existe alguma coisa que não dá pra passar despercebido é o mar de segredos que os conecta e por alguns segundos me condeno por propor criar mais um.

- Porra Amanda, não seja ridícula! - Tom eleva a voz, claramente sem paciência.

- Ridícula? - Ela para um pouco, com suas linhas de expressão se atenuando, indignada. - Vai mostrar quem você é na frente de todo mundo?!

Ele morde a parte interna de suas bochechas, evidenciando o seu maxilar, quando leva o copo de bebida para a boca, cheio de egotismo, parecido com a pessoa que ela quer expor e ele não permite se fazer. Seu olhar se assemelha ao dia do bar, enquanto a trava da porta do banheiro soava em meus ouvidos e o seu semblante me engolia, não como mulher, mas como carne.

- Taehyung!

Sua voz é comemorativa, acompanhada de uma dancinha ainda em cima da mesa. Observo nossos arredores e a atenção não se concentra em nós, assumindo que se trata apenas de uma cena de bêbada, que rapidamente será solucionada com um grupo de amigos a obrigando a beber água. Implicitamente sabemos que não é só isso, embora confesse que me incluir não têm sido nada fácil. Perceber que sou parte de um embolado de problemáticas não é a melhor das epifanias, afinal.

Taehyung ergue a mão até ela para que possa ajudar em sua descida, mas é fortemente ignorado. Tom continua em seus grandes goles de bebida forte com gelo, em partes se fazendo de desentendido da situação, ou sem coragem para encarar. Logo noto a aproximação das meninas, Mariana, Luana e Fernanda, com olhares curiosos.

- O que tá acontecendo? - Sussurra Lu para mim.

- Eu espero que nada demais.

Meu desejo é sincero.

Vejo o cara que a acompanhava mais cedo acender um cigarro e falar algo perto do ouvido de Tom, o fazendo virar com uma cara de poucos amigos. O cabelo platinado recebendo o reflexo das luzes e as olheiras acentuadas trazendo profundidade para os sentimentos que escorrem de seu rosto. De supetão ele segura o tornozelo dela com raiva, quase a fazendo cair, mas Taehyung segura seu braço.

Não existe amor em SP • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora