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Christopher POV

Assim que cheguei em casa não deixei de pensar em Dulce um só minuto, eu posso ter estragado tudo com esse meu ciúme idiota. Onde já se viu eu que sou praticamente um brinquedo sexual dela, se sentir ameaçado por causa de outro cara, que por sinal nem conheço. Peguei meu celular algumas vezes com vontade de mandar uma mensagem, mas imaginei que talvez eu ficasse sem resposta, então preferi deixar as coisas como estavam.

Fiquei andando de um lado para o outro em casa, eu não pensava em outra coisa. Então ouvi a campainha tocar e estranhei, eu não estava esperando ninguém.

— Dulce? — a olhei com estranheza.

— Desculpa vir sem avisar, posso entrar?

— Pode. — me afastei e ela entrou. — Achei que você não me procuraria tão cedo. — fechei a porta e a segui até a sala.

— Eu não iria vir hoje, mas não consegui deixar de pensar no que aconteceu.

— Eu também não, fui um idiota e peço desculpas por isso.

— Isso não vai dar certo, Christopher. A gente não pode ficar nessa, era pra ser apenas sexo e já tem sentimento no meio.

— Você tá querendo acabar?

— Sim, eu acho que é o melhor.

— Foi um ciúme idiota, te pedi desculpa.

— Eu sei, mas isso pode não acabar bem.

— Parece que você está com medo de criar sentimentos, por isso aproveitou essa situação pra acabar.

— Eu com medo? Você que começou com os seus ciúmes, o Jack é só um colega.

— Um colega que parece muito afim de você, pelo o visto.

— Tá vendo, você está com ciúmes novamente. — deu um tapa na testa.

— Você tem razão, isso não vai dar certo.

— Agora tá concordando comigo?

— Sim! Não era isso que você queria?

— Beleza então, acabou. Cada um vai pro seu lado!

— Ótimo!

Caminhei em direção a porta e a abri, Dulce me olhou e rapidamente saiu sem olhar para mim ou dizer qualquer palavra. Bati a porta logo em seguida e fiquei aborrecido, achei que iríamos acabar nos resolvendo.

Dulce POV

Fui até a casa de Christopher na tentativa de uma reconciliação, apesar de tudo, eu não queria que o que temos acabasse. Eu não deveria estar pensando assim, poderia muito bem encontrar outro cara que estivesse disposto a fazer o mesmo que ele. Achei que tudo poderia ser resolvido, mas de última hora pensei em acabar com tudo de uma vez. Não dava pra continuar com essas brigas bestas e esse ciúme chato.

Quando ele abriu a porta esperando que eu fosse embora, me deu vontade de avançar em cima dele e distribuir socos e tapas, mas eu só consegui sair dali o mais rápido e entrar no meu carro. Dei um longo suspiro e pensei se deveria voltar lá e sugerir que a gente esquecesse o que acabou de acontecer.

Estaria sendo idiota da minha parte fazer isso, então só deixei que a situação continuasse como estava. Talvez isso seja o melhor para os dois, eu errei quando achei que me envolver com alguém sem compromisso pudesse dar certo. No começo deu, mas depois foi entrando sentimento no meio de tudo isso e no final só deu merda.

Dirigi até minha casa, eu não consegui pensar em outra coisa, mas tentei a todo custo enfiar besteiras em minha cabeça e seguir normalmente com a minha vida. Era estranho a forma como tudo aquilo me fazia sentir, eu estava preocupada demais e com medo dessas sensações não passarem nunca. Christopher é apenas alguém que foi meu amigo no ensino médio, eu não deveria me sentir apegada, não preciso dele e posso me divertir sozinha se eu quiser.

Por uma parte eu sentia que a culpa foi minha, foi eu que dei a sugestão de nos envolvermos sem compromisso. Eu que quis que ele fosse isso pra mim, achei que poderia ser divertido, mas eu só consegui trazer de volta sensações que eu tive em um relacionamento passado. Não gosto de lembrar do que aquilo me fazia sentir, era horrível e constrangedor ao mesmo tempo.

As pessoas me julgam quando eu digo que não quero ter relacionamentos com ninguém, quando só quero curtir e não precisar dar explicações. É assim que você pensa quando alguém que você amava te magoa profundamente, é frustante você depositar toda sua confiança em alguém e isso não ser nada pra ela. Eu me senti assim e não é errado querer que isso não se repita, é difícil admitir para mim que eu estou com medo disso novamente.

E tem quem diga que aquela situação pode muito bem não se repetir mais, a realidade é que nunca saberemos. Eu não quero tentar de novo, prefiro evitar uma dor de cabeça desnecessária. Por quê perder tempo com isso se eu posso escolher ser livre.

— Dul? — Maite apareceu quando eu estava na sala assistindo TV.

— Oi, Mai.

— Você está bem?

— Por que a pergunta?

— Tô te achando tão quieta.

— Christopher e eu brigamos, decidi "terminar" tudo. — fiz aspas com os dedos.

— Não acredito.

— Ele ficou com ciúmes do Jack, meu colega de trabalho lá no hospital.

— Mas você não estava ficando com o Christopher? Ele deve ter se sentido trocado.

— A gente combinou de não ter ciúme, afinal a gente não tem nada.

— Isso é meio inevitável Dul, o que você pensaria se visse o Christopher com outra mulher? Ficaria tranquila com isso?

Parei um segundo e tentei achar uma reposta para essa pergunta, senti um incômodo em imaginar Christopher com outra mulher.

— Não sei. — respondi.

— Mesmo que vocês tenham falado de não sentir ciúmes, é meio difícil quando você está se envolvendo com alguém e vê essa pessoa com outra.

— Eu acho que vai ser melhor a gente parar com isso, tem sentimento e não é o que eu quero.

— Você enfiou na sua cabeça que sentimentos não são bons.

— Não preciso repetir o motivo pelo o qual eu penso assim.

— Tudo bem, mas pensa na pergunta que eu te fiz. As vezes a gente questiona o outro sobre uma situação que aconteceu com a gente, mas não pensa como seria se fosse o contrário.

Maite ficou de pé, deu um beijo em minha testa e foi embora logo em seguida. Fiquei pensando no que ela disse, me senti confusa por não saber como me sentiria.

Afraid Of Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora