Guerreiro de Marley - Reiner Braun

capítulo 10

Sentada sobre uma pedra, eu olhava para o céu estrelado, observava a lua e sentia a brisa fresca bater contra meu rosto gelado.

Olhei para o lado e vi o corpo da vítima, suspirei pesado e fechei os olhos. Não me sentia nem um pouco culpada.

Além disso fazer parte do meu "trabalho", esse cara merecia morrer, afinal, ele abusava de mulheres e crianças. Logo não merecia viver.

Né levantei da pedra e fui até o corpo, chutando levemente sua mão, para confirmar se ele realmente morreu, me abaixei e fui sentir seu pulso.

Ele estava realmente morto, me levantei novamente, pensando o que iria fazer com ele. O rei cuidaria de tudo, mas eu não poderia deixar ele jogado aqui no meio do nada.

Eu deveria joga-lo fora das muralhas, afinal, tenho permissão para subir nas muralhas a hora que eu quiser.

Coloquei o corpo em minhas costas e fui em direção à muralha, o caminho seria longo se eu fosse a pé, então fui de cavalo.

Prendi o corpo morto e gelado contra o meu e comecei a correr com o cavalo para a muralha.

Galopando com o cavalo o mais rápido que eu podia, sentia o corpo dar leves pulos contra mim por conta dos movimentos do cavalo.

Isso é realmente nojento.

Assim que cheguei na muralha subi na mesma através dos mecanismos para subir coisas dela. Cheguei no topo da mesma e soltei aquele corpo nojento do meu. Foi então que joguei ele de cima da muralha, vendo os titãs sentados apenas olharem o homem cair no chão bem do lado deles. Mas os titãs não fizeram nada com o corpo.

Era um comportamento legal dos titãs que eu queria muito estudar, eles não podiam se mover de noite e pelo que vi, não comiam pessoas mortas.

Vou anotar para estudar isso também.

Me sentei na beirada da muralha, observando os titãs, nem os anormais podiam se mover de noite, eles permaneciam sentados no pé da muralha sem fazer um único movimento.

Sorri vendo os titãs e fechei os olhos, relembrando dos meus dias de treinamento com Kenny.

─ Podemos descansar um pouco? Estou cansada demais pra continuar... - eu disse me sentando no chão empoeirado.

─ Sem descanso pirralha!! Levante. - ele ordena e eu me levanto - Quero que me ataque para matar. - ele me da uma faca.

─ Não quero lhe matar Kenny... - eu disse de cabeça baixa.

─ Escuta pirralha, lá fora você não vai ter escolhas. Ou você mata ou você morre, essa é nossa vida. - levantei a cabeça e prestei atenção no que ele dizia - O mundo é cruel, tanto dentro quanto fora das muralhas... E nesse mundo horrível em que nascemos, temos que lutar para sobreviver.

─ Mas eu não quero machucar ninguém... Não quero ver os outros sofrendo. - ele se abaixou e ficou da minha altura.

─ Haha não prestou atenção no que eu disse, garota entre homens e monstros, entre pólvora e sangue, você só tem uma chance. Faça os tiros valer à pena. - ele afaga meus cabelos - Um dia você vai entender tudo isso. É uma garota forte, vai superar a força dos titãs, tenho certeza disso. Vamos voltar para casa, você precisa descansar, não vai ser uma soldado boa se estiver cansada. - ele se levanta e coloca seu chapéu.

─ Velhote, posso te perguntar uma coisa? - disse andando do lado do mais alto.

─ O que quer saber?

─ Por que está me ajudando? - questionei e ele riu anasalado.

─ Um dia você vai ser útil, mas garota, eu vou te proteger até que seja útil, isso é só trabalho, você não é minha filha e eu não sou seu pai. - ele diz e abre a porta de sua casa - Entre, tome um banho e vá comer.

Voltei a realidade quando escutei um grito estranho, olhei para baixo e vi um titã caído de modo estranho, enquanto um outro titã mordia seu braço.

─ Que estranho... - me levantei e observei durante mais um tempo - Eles não deveriam se mover de noite... Muito menos tentar comer um ao outro.. - fiquei com o semblante sério olhando tudo aquilo.

Até que depois de um tempo, os dois titãs pararam de se mover e ficaram paralisados olhando para cima da muralha Rose, mais precisamente, olhando para mim.

Uma brisa forte e estranha surgiu do nada, fazendo eu ficar arrepiada e meus cabelos voarem de acordo com o vento.

Me abracei tentando amenizar essa sensação estranha que ocorreu, os titãs ainda olhavam para mim e só depois de analisar mais os dois, notei que ambos sorriam.

Essa situação estava tão confusa e estranha que até mesmo eu senti um frio na barriga pelo medo, coisa que eu não sentia a anos.

Após encarar os titãs por mais uns segundos eu decidi ir embora, não queria permanecer ali, aquela situação estava estranha demais. Talvez eles fossem titãs anormais, mas mesmo que fossem, apenas isso não explicaria o motivo de agirem assim.

Desci da muralha e montei no cavalo, correndo o mais rápido que podia, pensando no sorriso assustador que aqueles titãs tinham.

E foi com esses pensamentos que fiquei imersa até chegar no centro de cadetes, onde eu coloquei o cavalo no estábulo e voltei para meu dormitório.

A insônia me atingiu com tudo, fazendo eu ficar acordada durante boa parte do resto da noite, consegui dormir apenas depois de me acalmar um pouco.