Fomos Enganados

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Eu fiquei estático, me senti como no dia em que perdi Sunwoo, eu não sabia como reagir e o que devia falar ou fazer. Aquilo era uma pegadinha?

Mas, ele parecia muito com o grande amor da minha vida, a única coisa que diferenciava era o seu cabelo. O meu Sun tinha o cabelo preto e bem curtinho, já esse garoto que se dizia ser Sunwoo tinha o cabelo loiro e os fios eram um pouco mais longo.

Eu balancei a cabeça negativamente e virei de costas, saindo do mercadinho e subindo a rua de volta para a minha casa, porém, antes que eu chegasse na esquina o meu braço foi puxado e aquele mesmo cara parou na minha frente.

— Sunghoon, por que você está fugindo de mim?

— Que tipo de brincadeira de mal gosto é essa? Por que está fingindo ser Kim Sunwoo? Quem é você? — Eu estava bravo, claro que estava, não tinha como acreditar que aquele moço na minha frente era o meu Sunoo.

— Isso não é brincadeira, sou eu! O Sunoo! Por que não está acreditando em mim?

— Você não é o meu Sunoo, o meu namorado está morto há dez anos — Ele arregalou os olhos de surpresa e então abaixou a cabeça, ficando em silêncio.

— Não... Isso não é possível, eu estou bem vivo até onde eu sei — Ele tirou do bolso do seu moletom uma carteira amarelo pastel e dentro dela pegou a sua identidade e a entregou para mim — Pode ver, sou eu!

Eu peguei aquela identidade e li o nome Kim Sunwoo, não era muita informação já que poderiam existir vários Kim's Sunwoo's no mundo. Mas o que chamou minha atenção foi a sua data de nascimento.

24 de junho de 1996

Qual era a probabilidade de um cara nascer no mesmo dia, mês e ano, ter a aparência idêntica e o mesmo nome do garoto que eu me relacionei?

Seria coincidência demais?

— Ok, se você é mesmo o Sunwoo — Devolvo a sua identidade e cruzo os braços, tomando cuidado com a sacola que eu segurava — Me diga algo que apenas eu e ele sabíamos.

— No meu aniversário de 16 anos nós dois saímos escondido e fomos até a nossa lanchonete favorita, a Saturn, compramos o mesmo lanche e fomos comer enquanto víamos as estrelas — Ele deu um pequeno sorriso e voltou a me olhar nos olhos, com uma profundidade que apenas uma pessoa fazia — Eu lembro que você usou uma blusa rosada que eu te dei no dia dos namorados e eu o brinco de estrelinha que você me deu quando fizemos 500 dias de relacionamento.

Eu arregalei os olhos de surpresa e comecei a sentir que minha visão estava escurecendo, soltei a sacola e pude ouvir o barulho dos ovos quebrando. O suposto Sunwoo me ajudou a sentar na calçada e se sentou ao ao lado, eu respirava com dificuldade e meu peito queimava, tudo isso por simplesmente a ansiedade querendo dar um "Olá".

— Como? Como é você se está morto? — Perguntei fechando os olhos e apoiando minha cabeça nos meus joelhos, tentando regular a minha respiração.

— Eu não morri, eu fiquei bem doente e meu estado piorou depois que você sumiu, eu tentei acabar com a minha vida umas três vezes antes de receber alta do hospital e então nunca mais te vi. Seus pais sumiram, a casa estava vazia e ninguém do colégio sabia de você, meus pais falaram que você não queria cuidar de um doente que estava quase morrendo e foi embora com seus pais para nunca mais me ver — Ele apoiou a sua mão no meu ombro e acariciou levemente, talvez me ver fosse surreal para Sunwoo também, assim como estava sendo 'pra mim.

— O quê? Os seus pais me disseram que você teve uma crise e não conseguiram te socorrer e acabou morrendo, no mesmo dia meus pais me apressaram dizendo que íamos embora e eu não tive nem a oportunidade de ir no seu enterro — Eu levantei o rosto, me sentindo um pouco mais calmo.

— Acho que entendi o que aconteceu, nossos pais nos enganaram — Ele tirou a mão do meu ombro e cruzou os seus braços, olhando para o céu e vendo as poucas estrelas que eram visíveis e não eram escondidas pelas nuvens escuras.

Eu comecei a analisar o seu rosto, os olhinhos brilhavam, a boca rosadinha estava com um pequeno corte e abaixo de sua orelha havia uma pequena mancha, eu sabia a origem dessa mancha. Foi quando Sunwoo se queimou sem querer enquanto arriscou aprender a cozinhar sem supervisão de alguém, eu lembro o quanto que eu fiquei preocupado com ele naquela época.

Não me restava mais dúvidas, aquele era o meu Sunoo.

— Eu já volto! — Kim se levantou e foi até o mercadinho, demorou alguns minutos antes que voltasse com uma sacola — Isso 'pra você, um pedido de desculpas por ter feito você derrubar sua sacola — Dentro dela havia o mesmo que eu precisava comprar, ovos e açúcar. Eu me levantei do chão e arrumei o meu cabelo.

— Obrigado! Nós... Vamos poder nos ver outro dia?

— Com certeza, pode me passar o seu número? — Ele tirou o seu celular do bolso do moletom e eu comecei a dizer o meu número de telefone, um por um para não ocorrer riscos dele salvar errado — Eu preciso ir, nos vemos outro dia, não é?

— Sim... — Ele deu um sorriso fofo antes de se virar e descer a rua, enquanto eu ficava parado o assistindo ir embora.

Assim que sumiu pelas ruas, eu comecei a caminhar de volta para a minha casa com a cabeça mais cansada do que mais cedo. O meu desejo de anos estava se tornando realidade, todas as vezes que eu desejei ver Sunoo mais uma vez, todas as vezes que eu me recusei a acreditar que ele estava morto.

Então o meu garoto não morreu, nós dois fomos alvos de uma idiotice de nossos pais, era para eu estar tendo a vida dos meus sonhos com o cara que amo.

Era para eu ser um homem feliz e realizado, se não fosse pelos nossos pais.

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quem queria me matar pela morte do Sun no primeiro capítulo não precisa mais

Era tudo pegadinha da Rafa, Sunoo tá vivo!!!

ᴇᴛᴇʀɴᴀʟ ᴛʀᴜᴇ ʟᴏᴠᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora