‧₊˚ quatro.

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Esse capítulo contém uma descrição explícita de assédio sexual. Se você é sensível a esse tipo de conteúdo, sugiro que termine a leitura do capítulo no trecho "Onde aqueles dois haviam se enfiado?".

「★」

Lara.

Maringá, PR.

16 de outubro de 2010.

Sábado era a definição exata de melhor dia da semana. Era o único dia que eu tinha livre, então, eu dificilmente o gastava ficando em casa, a menos que eu não estivesse em um dia bom. Normalmente eu saía com Otávio e Miguel apenas — isso devido ao fato de que Luan estava cada vez mais estourado e sempre tinha shows aos sábados. Nós sentíamos falta de o ter por perto mais vezes, mas todos sonhamos junto dele essa sua carreira de cantor, então vê-la realizada era uma realização pessoal para nós.

Naquele sábado em específico nós tínhamos combinado de sair para uma boate. Eu sabia que meu namorado não gostava muito da ideia, mas nunca deixei Henrique determinar nenhuma das minhas escolhas, independente do fato dele estar comigo. De qualquer forma, eu evitava falar quando saía para lugares do tipo porque sabia que ele ficaria descontente e eu estava indo apenas para dançar e distrair um pouco a cabeça dos problemas corriqueiros.

Combinei de encontrar com Otávio e Miguel às nove, mas como sempre, acabei chegando alguns minutos adiantada. Com isso, esperando por eles, continuei dentro do carro e tentei ligar para Henrique, já que eu estava o dia todo na expectativa para saber sobre o que tinha dado com o tal cara do escritório e ele não tinha me atendido da primeira vez que eu liguei, pouco antes de sair de casa. Confesso que passei o dia nervosa por eles. Eu tinha expectativas tão altas, afinal sonhava junto deles há anos por aquele momento, por aquela oportunidade

Ouvindo a linha, aguardando que ele atendesse, reparei que minhas unhas estavam mal feitas, já com o esmalte a descascar. Esse era um dos indícios de como eu tinha ficado nervosa naquele dia, imaginando o futuro que eles aguardavam e decidi descontar tudo em minhas unhas.

Alô? — ouvir a voz de Henrique preencheu meu coração por inteiro, dada a saudade que me assombrava. Engoli em seco e encarei ao movimento na rua, que começava a encher naquele momento.

— Oi, meu bem. — murmurei com os olhos lacrimejando. Ouvir sua voz estava se tornando difícil para mim.

Mantive meu olhar sobre as pessoas que passavam a frente do meu carro, mas sem realmente me atentar demais a elas. O rádio inundou meus ouvidos naquele momento, tocando uma melodia famosa da qual eu já tinha ouvido muito.

— A que devo a honra da sua ilustre ligação?

Engoli em seco, sem rir, porque o choro me tomava por inteiro e apertava o meu coração, não muito diferente de outros dias.

— Você não me falou como foi hoje...

Encolhi meu corpo no assento, com a ansiedade inundado meu corpo. Mas, ao ouvir um suspiro longo do outro lado da linha, ficou subentendido tudo aquilo que ele me diria a seguir.

Ah, Lara...

Meu coração ficou apertado e me faltou o ar. Eu sabia que tinha algum motivo por trás daquela chamada recusada. Afinal, se as coisas tivessem ido bem entre eles com certeza eu seria a primeira para quem Henrique contaria.

— Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu que o cara não curtiu o nosso trabalho.

Aquilo me doeu. Profundamente. Eu não sabia o que dizer, nem como reagir a notícia. No fundo eu estava tão confiante de que o tal cara ia amar o trabalho deles que eu não me preparei para ouvir aquela resposta. Não me preparei para dar o apoio que meu namorado precisaria naquele momento.

Reféns do Amor | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora