Henrique.
Nós chegamos na cidade por volta das sete horas da manhã. Eu dormi praticamente o caminho todo, o que me rendeu uma insuportável dor no pescoço assim que eu desci do veículo, mas talvez ter passado a noite inteira com Lara sentada ao meu lado valesse aquela dor.
Nós conversamos sobre coisas aleatórias durante o caminho, no tempo em que estivemos acordados. Acho que eu começava a deixar Lara mais tranquila sobre a minha presença, embora, ora ou outra, suas bochechas ficassem coradas acerca de algum comentário meu ou até do meu próprio olhar.
Ajudei os rapazes a descarregarem o carro enquanto Lara se perdia dentro da casa, abrindo janelas e portas para deixar o ambiente arejado, embora eu achasse impossível, considerando que a casa era minúscula, tinha janelas estreitas e muito mofo nas paredes.
— Ei! — ouvi a doce voz de Lara me chamar, assim que acionei o alarme do carro de Otávio. Me virei para trás a tempo de vê-la descer da calçada e atravessar a rua e pude reparar que Lara já tinha deixado para trás a calça e o par de tênis, trocando-os por um short curto e chinelos. Aquela garota ficava linda de qualquer jeito. — Você está com sono?
— Não... — respondi, um tanto perdido quanto a pergunta.
— Ótimo, então você vai ir na praia comigo.
Antes que eu tivesse oportunidade de acrescentar uma palavra que fosse, Lara entrelaçou seu braço ao meu e saiu me guiando pela rua, que terminava em uma avenida pouco movimentada aquela hora da manhã.
— Posso saber porque você está me obrigando a ir na praia a essa hora da manhã?
— Porque tá todo mundo dormindo dentro daquela casa e eu não vou ficar lá sem fazer nada a manhã toda. — ela respondeu, como se fosse óbvio. — Além do que, eu não vejo a hora de ver o mar.
Ri baixinho, observando toda aquela animação presente em suas palavras refletida em seu rosto. Lara sorria lindamente enquanto seus cabelos balançavam devido a brisa gostosa que aliviava o calor naquela manhã quente. Seus olhos ainda estavam inchados das horas de sono que teve, mas ainda sim ela conseguia parecer mais acordada do que eu, que não disfarçava as inúmeras vezes que bocejava.
— Você gosta muito de praia? — embora a pergunta me parecesse um pouco idiota, considerando toda sua animação, me esforcei para puxar assunto enquanto atravessávamos a rua.
— Você não faz ideia. — seus olhos azuis se fixaram aos meus por alguns segundos, mas logo após eles voltaram a conferir a rua. — E você?
— Bastante.
— Eu venho com a família todo ano. Quer dizer, costumava vir, quando a minha mãe tinha casa aqui.
— Nessa cidade? — continuei a puxar assunto assim que chegamos de volta a calçada.
— Na mesma rua em que a gente está. Faz alguns anos já desde que ela vendeu.
— Deve ser um saco viajar com a família. — murmurei, conseguindo avistar o mar, embora ainda estivesse longe.
— Você não faz ideia. — Lara rolou os olhos e bufou, demonstrando seu descontentamento, o que me fez rir. — Você não é de viajar muito com a sua família?
— A gente viaja pouco. — dei de ombros.
Nossos olhares mais uma vez se encontraram e eu não pude deixar de reparar nas maçãs de seu rosto saltadas, graças ao imenso sorriso que ela tinha nos lábios. Será que ela estava contente por estar ali comigo?
— Quando eu falo família inteira é a família inteira mesmo. Meus irmãos, tios, primos, avós... — Lara suspirou e eu mais uma vez olhei para frente, conseguindo ter a visão de uma curta faixa de areia.
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Reféns do Amor | Ricelly Henrique
RomanceDizem que amor de adolescência nunca dura por muito tempo, mas o que dizer de um amor que surgiu durante essa mesma fase conturbada da vida e que permaneceu aprisionado em dois corações durante quase sete anos? Lara e Henrique foram os protagonistas...