‧₊˚ trinta e seis.

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Henrique.

Nossa tarde de clima quente se estende para uma noite também quente, mas em outro sentido completamente diferente. Cumprindo com a sua promessa de mais cedo, Lara cede e nós passamos a noite nos amando em cada um dos cômodos da casa na qual estamos hospedados. Eu nem sei dizer como eu precisava senti-la dessa forma, depois de tantas tentativas frustradas de encontrar alguém que enlouquecesse da mesma forma que ela é capaz. A forma como seus lábios percorrem meu corpo desnudo, me levando à loucura, a falta de pudor que há em suas mãos quando elas têm a liberdade de passear por todo meu corpo, até mesmo os gemidos intensos que ela solta enquanto se entrega a mim, tudo isso ninguém jamais foi capaz de reproduzir, e nem nunca será. E foi justamente por esse fato que nós passamos tantas horas entregues um ao outro: para tentar amenizar a saudade que esses anos longe nos causaram.

É perto da meia noite quando nós tomamos banho separados, completamente exaustos e sem fôlego para continuar, embora a saudade ainda esteja presente em nossos peitos. Lara vai primeiro, alegando que ela fará algo para comermos a seguir, já que nossos estômagos estão vazios desde o almoço. Dessa forma, assim que chego a cozinha trajando apenas uma cueca, eu encontro minha noiva terminando de preparar sanduíches para nós. Não deixo de reparar que tudo o que encobre seu corpo é uma calcinha pequena e uma camiseta minha, além de ter os cabelos molhados caindo sobre as costas. Lara é linda de todas as formas, mas ela conseguiu se superar nesse momento.

Aproveitando o fato de que ela aparentemente ainda não percebeu minha presença, sigo até ela na ponta dos pés, a abraçando por trás e fungando sobre seu pescoço, para inalar seu perfume.

Lara não demonstra reação, ela apenas continua preparando os sanduíches com calma, mesmo me tendo abraçado a ela. Assim que ela finalmente termina, propõe comermos na varanda e eu aceito, por gostar da sua sugestão.

Ambos nos sentamos sobre a rede, com o prato equilibrado sobre o colo de Lara. Conversamos sobre assuntos banais enquanto devoramos os sanduíches, apreciando a paisagem que há diante de nós: a praia sem o mínimo sinal de luz, destacando o reflexo da lua sobre o mar. Em alguns minutos, o prato vazio está depositado sobre o chão e ambos estamos deitados — Lara sobre mim, enquanto acaricia minha barba.

— Você 'tá' distante... — ouço ela sibilar, enquanto meu olhar se mantém sobre o mar. — O que foi?

— Ah, eu estava pensando em algumas coisas aqui... — murmuro baixo, sem saber se eu deveria estar mencionando esse assunto com Lara. Eu sei que é algo delicado demais para ela, mas eu também não tenho culpa dele ter me surgido a mente e é algo que vamos precisar discutir em algum momento... Por que não agora?

— Que tipo de coisa? — ela indaga com curiosidade, dispondo sua outra mão sobre o meu peito.

— Você quer mesmo saber?

— Se eu estou te perguntando... — Lara responde como se não fosse óbvio, embora não faça por maldade.

— O problema é que esse é um assunto difícil para você.

— Henrique... — ela murmura em tom de repreensão, querendo dizer que tem certeza de que quer ouvir sobre o que estava pensando minutos atrás.

— A gente não precisa falar dele se você não se sentir bem com isso.

— Tudo bem. Agora me diz o que é que te deixou tão distraído assim, ou eu nunca vou poder dizer se eu me sinto bem para falar ou não.

— Você promete me dizer se o assunto for muito delicado para você? Ou se você se sentir assustada? — questiono, querendo me assegurar. Lara é a pessoa que mais importa para mim em todo o mundo e é justamente isso que faz com que eu me sinta receoso de mencionar tal assunto. Tudo o que eu menos quero é feri-la, mesmo que sem a intenção.

Reféns do Amor | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora