Henrique.
Assim que saio do quarto, abro a porta logo à minha frente, onde Lara alegou ser um banheiro e sorrio em direção a minha ex-namorada, que vem logo atrás de mim. Ambos temos os rostos inchados, uma consequência do tanto que choramos durante a nossa conversa, e por esse motivo, decidimos lavar os rostos antes de descer, para não causar questionamentos para nenhum de nós dois.
Entro primeiro no cômodo e assim que abro a torneira escuto o som de vozes subindo pela escada, como se caminhassem em direção ao andar em que estamos. Em seguida, vejo Lara fechar a porta rapidamente, passando a tranca, e uma sensação estranha me invade, de desconforto. Lara estava fugindo de mim há poucos minutos atrás e acaba de nos trancar dentro de um mesmo cômodo — pequeno, por sinal.
— É só para não verem a gente juntos. — ela justifica, parando sobre a porta, aparentemente com medo de se aproximar de mim.
— Você acha mesmo que os amigos do Otávio, que nunca viram o seu namorado na vida, vão contar para ele que nós estávamos juntos no banheiro? — questiono em tom de deboche, enquanto jogo um pouco de água sobre meu rosto.
— Não, mas se uma pessoa comenta com a outra isso vai virando um telefone sem fio gigantesco que pode terminar em páginas de fofoca. — ergo a cabeça a tempo de arregalar meus olhos para essa sua explicação. Com meu olhar sobre ela, Lara encolhe os ombros e diz: — Pensei que você estivesse acostumado com esse tipo de coisa.
— Acostumado eu estou, só não sou paranoico como você. — fecho a torneira, não contendo uma risada baixa, que faz com que Lara feche a cara.
— Eu não sou paranoica.
Puxo a toalha de rosto que está pendurada em um gancho ao lado e enxugo meu rosto, ouvindo apenas o silêncio que paira sobre o cômodo.
— Qual é, Lara, você sempre foi paranoica. — jogo a toalha em sua direção, o que só faz com que ela pareça ainda mais irritada. Não posso negar que essa sua cara brava me derrete por inteiro, mas tento demonstrar o mínimo possível, para não tornar a situação mais estranha do que já é. — Mas eu sempre gostei disso em você.
— Você está dizendo que gosta das minhas paranoias? — ela questiona desacreditada, levando a mão à cintura enquanto eu rio da sua reação.
— É claro. Eu amo tudo em você, até mesmo os seus defeitos.
As bochechas de Lara instantaneamente coram, me fazendo rir ainda mais. Ela permanece sem reação, até o momento em que eu recolho a toalha do chão e seu celular vibra. Com Lara distraída, não perco a chance de olhar para seu corpo. Ela ainda está usando apenas a parte de cima de seu biquíni e um shorts jeans aparentemente meio úmido, enquanto os cabelos estão presos em um coque alto e o rosto está livre de maquiagem e aparentemente um pouco irritado do sol, já que as maçãs de rosto se encontram avermelhadas. Ela nunca esteve tão linda antes.
— Eu preciso ir. — sou atraído de volta a terra quando Lara comenta comigo e a vejo guardar o celular em seu bolso novamente.
— Era o...
— A minha mãe. — ela interrompe quando estou prestes a citar o nome de seu namorado, abrindo um sorriso irônico. — Chegaram uns tios meus lá na casa dela e eles querem me ver.
Abro espaço para que Lara se aproxime da pia e isso significa eu andar alguns passos para trás. Ela abre a torneira assim como eu fiz e, também como eu, joga um pouco de água no rosto, tentando minimizar a cara de choro.
— Sabe, eu sinto falta da sua família, em especial dos churrascos na sua casa.
— Você só pode estar brincando comigo. — ela comenta assim que fecha a torneira, com os olhos ainda fechados, embora a cabeça esteja apontada em minha direção. Eu rio fraco, questionando:
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Reféns do Amor | Ricelly Henrique
RomansDizem que amor de adolescência nunca dura por muito tempo, mas o que dizer de um amor que surgiu durante essa mesma fase conturbada da vida e que permaneceu aprisionado em dois corações durante quase sete anos? Lara e Henrique foram os protagonistas...