Henrique.
Goiânia, GO.
07 de agosto de 2023.
— Você me trouxe 'num' clube de strip?!
O meu espanto é recebido com reações diversas. Juliano franze o cenho, nitidamente confuso diante da minha reação; Otávio tenta conter o riso, contraindo os lábios, mas seu semblante entrega o divertimento explícito; Thiago apenas não esboça reação, parecendo suficientemente perplexo para demonstrar qualquer outra reação.
— Uai, é sua despedida de solteiro. Você esperava o que?
Estamos do lado de fora de um clube de strip no centro de Goiânia. Na época em que eu costumava frequentar esse tipo de ambiente, as coisas eram... diferentes. Talvez um pouco menos explícitas, mas foi apenas olhar para a fachada do lugar para que eu me desse conta do que se tratava.
Há muitos letreiros neons, o que praticamente me cega ao tentar me concentrar na entrada. Acompanhando as portas e, consequentemente, a entrada de clientes, se posicionam dois seguranças grandes; de ombros largos e braços cruzados, eles fazem eu me sentir ameaçado, observando com atenção cada movimento do nosso pequeno grupo de pessoas.
— Se a Lara ficar sabendo disso, ela mata nós quatro. — asseguro, desviando a atenção.
Thiago e Otávio se detém de comentários, certamente porque sabem que eu tenho razão, no entanto, meu irmão não me leva a sério. Balançando a cabeça repetidas vezes, ele acaba, por fim, dizendo:
— Isso é exagero.
— 'Cê' 'tá' falando da mesma pessoa que passou semanas sem olhar na minha cara porque uma garota deu em cima de mim 'num' barzinho, quando a gente 'tava' começando a tocar. — relembro. — E eu nem disse nada!
— Há quantos anos atrás? — Juliano insiste em contestar.
— Olha, muita coisa mudou nela de lá para cá. O ciúme não foi uma delas. — rebato. — Aliás, vocês estão envolvidos nisso? — meu questionamento é dirigido a Otávio e Luan, que se entreolham.
— Henrique, um clube de strip é o último lugar que eu gostaria de estar, eu te garanto. — Thiago afirma.
— Eu conheço minha melhor amiga. E eu amo a minha vida, então, com certeza não. — Otávio também se prontifica a negar.
Eu bufo, frustrado. Talvez eu tenha sido um pouco ingênuo ao não pensar que Juliano me traria a esse tipo de lugar, mas minha única intenção nessa noite era beber umas cervejas com eles em um bar, jogando conversa fora. Eu nunca desejei uma despedida de solteiro, apenas batizei essa noite assim porque é o que me parecia convencional.
— Cara, é sua última chance de ter uma noite assim. — Juliano aponta para a entrada.
— 'Véi', eu sou casado há dois anos. — levanto minha mão, evidenciando minha aliança.
— Henrique...
— 'Cê' pode dizer que isso não é casamento, eu 'tô' pouco me fodendo, mas a questão aqui é; eu sou casado. E, como um cara casado, eu não vou me prestar a isso.
— Aliás... — Otávio interfere na discussão, tomando partido. — Nós todos somos casados, incluindo você. — ele aponta diretamente a Juliano.
— E quem disse que alguém aqui precisa fazer alguma coisa? Caralho, 'cês' 'tão' estressando por causa de uma bebida. — Juliano resmunga, caminhando alguns passos a frente.
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Reféns do Amor | Ricelly Henrique
RomansDizem que amor de adolescência nunca dura por muito tempo, mas o que dizer de um amor que surgiu durante essa mesma fase conturbada da vida e que permaneceu aprisionado em dois corações durante quase sete anos? Lara e Henrique foram os protagonistas...