‧₊˚ trinta.

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Lara.

Henrique! — não consigo conter um grito, que é um misto de susto e entusiasmo quando sinto ele envolver minhas pernas, suspendendo meu corpo. — O que você 'tá' fazendo?

Não me resta alternativa que não seja me agarrar ao seu pescoço, rindo do gesto de Henrique ao perceber que ele está me carregando até a cama. Com muita cautela, Henrique me coloca sobre a cama, mas eu recuso a deixá-lo ir, mantendo Henrique envolvido sobre as minhas pernas.

A forma como Henrique me observa faz com que eu me perca sobre o seu olhar. Há muito afeto e carinho, mas principalmente um sentimento de realização que eu jamais conseguiria colocar em palavras. Henrique me olha como se eu fosse a coisa mais fascinante do mundo e, por um momento, esse sentimento me preenche.

— Eu vou ser pai. De novo. — ele está nitidamente envolvido em êxtase e eu aproveito o momento, tocando seu rosto. Desenho o contorno das suas bochechas, me aproximando dos seus lábios, enquanto Henrique segue dizendo, em um tom ameno: — Esse é o maior presente que eu poderia ganhar na minha vida.

— Com certeza o meu também. — sigo contornando o formato do seu rosto, enquanto Henrique se mantém deslumbrado ao me observar. — A gente sempre sonhou com isso.

Sempre. E agora nós estamos começando a nos tornar uma família.

Quando Henrique coloca as coisas sob essa perspectiva, eu não consigo me conter. Desabo abraçada a ele, gesto que poderia deixar Henrique apreensivo, mas ele parece compreender minhas razões; Henrique me abraça com ainda mais força e beija meu pescoço, como se quisesse reforçar que vai ficar tudo bem.

— Nossa familinha. — confirmo, o que faz Henrique rir contra minha pele. — De um jeito mais conturbado do que a gente imaginou, mas finalmente 'tá' acontecendo.

Henrique se contenta em assentir. Ele parece cansar e eu me afasto apenas o suficiente para que ele se deite ao meu lado. Não espero por um convite, apenas me acomodo sobre seu peito e espero que Henrique envolva meu corpo através de um abraço. Há tantas hipóteses me deixando nervosa no momento, mas o abraço de Henrique é suficiente para me fazer entender que não há porque começar com histeria e apreensão desde então; nós sonhamos tanto com esse momento que devemos aproveitar para criar essas lembranças que vão ficar com a gente eternamente.

— No que você 'tá' pensando agora? — ele interrompe os meus pensamentos para me perguntar. Eu poderia mentir e dizer algo bonito, mas resolvo ser sincera:

— Eu preciso marcar uma consulta com a minha ginecologista. O quanto antes. — o olhar de Henrique sobre mim demonstra apreensão. Eu entendo o que ele quer dizer e por isso me antecipo, antes que Henrique precise concluir: — Eu sei que eu não preciso ficar nervosa, o meu corpo é saudável e se acontecer de novo vai ser só uma fatalidade, mas... é melhor garantir que esteja tudo certo.

— Com certeza, meu bem. — Henrique reforça suas palavras de carinho tocando meu rosto, novamente transbordando afeto. — Além do que, você tem shows esse final de semana. É bom a gente ter certeza de que está tudo bem 'pra' que seja tranquilo.

Eu assinto em concordância. Uma ânsia curiosidade me invade, com muitos questionamentos sobre a minha carreira daqui adiante, mas eu prefiro focar naquilo que eu posso ter controle até agora.

— E você vai mesmo para Maringá no domingo? — ele questiona, soando um pouco esperançoso demais.

— É aniversário da minha sobrinha, amor. Eu não posso não ir. — reforço para Henrique, que parece distante. — Eu te garanto, eu preferia estar com você.

Reféns do Amor | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora