Lara.
Após aquele infame jantar, Jorge e eu decidimos em consenso, embora não tenhamos de fato discutido sobre o assunto, que era melhor deixar tudo de lado e não comentar a respeito de nada do que ouvimos naquela noite. Portanto, nenhum de nós abriu a boca para citar o acontecido, nem mesmo no caminho de volta para a minha casa, nem na noite em que passamos juntos após o jantar e nem nas duas semanas que sucederam todos esses acontecimentos. Ficou subentendido para nós dois que citar aquela noite era o mesmo que trazer problemas para o nosso relacionamento, então eu apenas me mantive calada quanto aquele episódio e sem trocar uma única palavra com Henrique durante essas duas semanas.
Não que ele tenha me procurado para falar alguma coisa, pelo contrário, o máximo de contato que tive com ele durante esse meio tempo foram publicações que eu curti no perfil oficial da dupla no Instagram, divulgando a agenda e algumas fotos de shows que acontecerem nos finais de semana. Apesar disso, precisei de muito controle para não entrar em nenhum de seus fã-clubes, por mais pequeno que esse gesto possa parecer aos olhos de outra pessoa, só eu sei a verdadeira dimensão que é isso para mim, porque eu finalmente percebi que eu preciso seguir em frente quando o assunto é ele.
O show da noite passada aconteceu em Londrina, uma cidade há uma hora e meia de distância de Maringá. Assim que vi o nome da cidade paranaense na minha agenda, eu concluí que era hora de voltar para a minha terra natal, mesmo que fosse por apenas três dias. É a oportunidade perfeita para rever meus parentes e parte dos meus amigos que ainda moram aqui, algo que não acontecia desde que me mudei para Goiânia, há quase três meses atrás.
Nesse momento eu tento pela milionésima vez no dia não pensar em meu ex-namorado, mas o aglomerado de vozes à minha volta não me parece mais atrativo do que Henrique. Aproveitando minha estadia na cidade, eu decidi desfrutar de um domingo de sol quente em um churrasco na casa de Otávio. Nesse momento, me encontro sobre a piscina, com uma latinha de Pepsi nas mãos, esperando que o anfitrião apareça, porque eu não tenho intimidade com ninguém do círculo de amizades de Otávio, além de Miguel e Luan, mas nenhum dos dois está por aqui hoje.
Caminho até a borda, enxugando minha mão sobre a toalha que está caída para fora da bolsa, de onde puxo meu celular. Não me sinto surpresa ao abrir meu WhatsApp e me deparar com um total de zero mensagens novas. Tudo bem, não que eu não tenha recebido nenhuma mensagem, mas minha mãe me perguntando que horas eu devo ir para casa não deveria contar.
— Eu não sei se eu fico mais surpresa por você estar em Maringá ou por você está tomando refrigerante em pleno churrasco. — rio na direção da voz que me tira a atenção do celular. Empurro o aparelho de volta para dentro da bolsa e volto a olhar Jaqueline enquanto ela se senta sobre a beira da piscina, ao lado da minha bolsa.
Jaqueline é a noiva de Otávio. Eles estão juntos já há alguns bons anos e eu sempre digo aos dois que eles são a meta de relacionamento que eu espero ter no meu futuro. A cumplicidade e o companheirismo que existe entre os dois é algo que eu nunca vi em nenhum outro casal e, por mais que eu goste muito de Jorge, não tenho certeza se meu namorado é essa pessoa que eu espero para ter ao meu lado pelo resto da minha vida.
Sempre que esse pensamento me ocorre, um nome me vem à cabeça; o nome do namorado mais extraordinário que eu já tive, que me mostrou a mesma cumplicidade e companheirismo que hoje eu quero de volta para a minha vida.
— Eu vou dirigir depois. — comento a respeito da minha bebida, reparando no copo que ela carrega nas mãos. — E eu não gosto de beber quando eu estou dirigindo.
— Olha ela, toda dentro da lei, certinha. — Jaqueline provoca uma gargalhada da minha parte e observa ao nosso redor enquanto leva o canudo à boca, sugando um pouco do drink que certamente foi preparado por Otávio. Ele acha que é um excelente barman. — Mas então, você vai ficar uns dias por aqui?
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Reféns do Amor | Ricelly Henrique
RomansDizem que amor de adolescência nunca dura por muito tempo, mas o que dizer de um amor que surgiu durante essa mesma fase conturbada da vida e que permaneceu aprisionado em dois corações durante quase sete anos? Lara e Henrique foram os protagonistas...