Calma amor, temos muito tempo para existir

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Me diz
Como tu gosta do teu café? Com açúcar ou sem?
(Sem, não é? Amargo assim como teu humor quando se recorda das aulas de português nas quintas)
E me diz também,
Se tu fecha todas as cortinas pra dormir porque qualquer fresta de claridade te incomoda,
Ou se você não se importa do teu quarto ser meio iluminado pela lua?
E se tu sempre coloca teus colares ou brincos ao acordar ou na verdade nunca tira eles?
Tu faz deneliado apenas nos dias em que está animada e mais otimista ou quando te sobra tempo?
Você assim como eu tem necessidade de tirar fotos das partes favoritas dos livros que lê para guardar de recordação ou só marca com os post-its
E deixa as fotos apenas para memorizar pessoas e lugares com músicas?
Tu já estragou teu café pintando assim como eu já estraguei meu chá inúmeras vezes?
E o quanto mais de nós tu tem guardado consigo?
(Eu sei que não é pouco meu bem)

Isso não é um lembrete para te apressar
(Temos muito tempo para existir)
Mas te (re)conhecer de novo é tão libertador que se torna surreal,
Eu sinto como se tivesse ganhado asas e voo em direção a uma casa um tanto quanto familiar,
Por isso quero memorizar todo o trajeto
(Decorar teus trejeitos, roubar tuas manias e descobrir as particularidades que tu quiser me contar
Eu adoro te ouvir sob o vento forte e o som da nossa ousadia e coragem)
E rir das nossas diferenças porque o nosso amor é leve
E nós merecemos que ele seja leve e doce;
(Exatamente como o apelido que quase escapa da tua boca ou dos teus dedos quanto tu fala comigo pelo celular)

Acho que tô começando a te entender pelo teu quebra-cabeça labirinto,
E não é nada tão absurdamente complexo como muitos julgam e se cansam,
Só exige cuidado, atenção, calma e afeto
Sorte a sua que isso eu tenho de sobra.

— Conhecer de novo alguém que já conheço a algumas décadas é um tanto quanto reconfortante,
Mas tu sabe: nosso amor é mais nosso do que de qualquer pessoa que já foi ao túmulo,
Por isso quero me lembrar perfeitamente de ti exatamente como está agora,
Não do que tu foi ou ainda será.

(Porque eu te gosto desse jeitinho meio brega mesmo)

EfêmeroOnde histórias criam vida. Descubra agora