The grudge - Olivia Rodrigo

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Pelo menos eu posso afirmar
Que as minhas mãos só estão sujas com o meu próprio sangue
Diferente de você
Que carrega o seu
E o meu
E o de mais um grupo inteiro

Você não se sente impura? Pesada? Carregada com todos os fantasmas que carrega?
S

erá que você não cogita quem nós deveríamos ter sido
Sem ter tido você pra nos puxar pra baixo
A porra do tempo inteiro?

Será que nem passa pela sua cabeça?
Como nós teríamos sido mais leves
Carregaríamos menos traumas nas costas,
A gente já era quebrada
Eu já tinha sido quebrada em um milhão de pedacinhos
E continuava brilhando.
Não há justificativa nenhuma que vá te defender
Do porque você tentou apagar o meu brilho

Nós duas podemos ter derramado sangue,

Mas cê sabe

Os cortes nunca foram e nunca vão ser iguais.

Você não se culpa? Não carrega o peso? Não carrega as mortes que quase causou? Os pensamentos suicidas que atiçou?
Todos os gatilhos que você disparou,
Todas a arma que apontou e deixou mirada
Bem
N

a
Nossa
Cara
?

Será que tu se sente como a Carry estranha
C

om todo esse sangue em você
Pingando
E exalando 
Em todos os lugares que você vai?
Nem o macacão mais lindo do mundo te faria ficar limpa de todos os seus pecados, flor 
O sangue continuaria lá
Restringindo seus movimentos e sua atuação.

Será que a gente foi um experimento
E você aprendeu a como ser mais cautelosa
Mentir melhor
Manipular melhor
Pra ninguém perceber as cordas de marionete que você pregava?
Ou
A necessidade exarcebada de atenção que você constantemente exigia
Você aprendeu a se portar superficialmente como adulta conosco
Enquanto por dentro
Ainda é só uma maldita criança?
Você nunca cresceu.

A diferença, é que machuca. 
M

achuca agir sem nenhuma responsabilidade com quem está a sua volta
Machuca
Dói
E corta
E dilacera
Fazer todos acharem que vivem em função de te manter viva.
Deixar todos os seus amigos conviverem com a normalidade que era dormir sem saber se você acordaria respirando no dia seguinte

Olha
A gente sentiu como se tivesse uma bigorna emaranhada as nossas costas
P

or malditos dois anos,
Espero que você saiba carregar as três que devolvemos a você,
Ou
Que
Por estar tão imunda
E cheia de sangue viscoso e escorregadio
Você deixe elas caírem 
E elas esmaguem
Justamente 
O que é mais importante pra você

Seria um prazer assistir de camarote
Enquanto todo o seu teatro é destruído.
Com todos gritando e correndo
E você banhada de sangue sem ter a mínima ideia do que fazer.

Sabe amor,
E

u nem gosto de fogo.
Mas seria legal sacar um isqueiro do bolso

Despretensiosamente 
Atear fogo as cortinas.
(Da mesma forma que você queimou parte das nossas histórias)
Não seria uma revanche, não ache que eu sou vingativa
Até porque, nada do que eu fizesse agora chegaria aos pés do que você teve capacidade de fazer
Mas 
S

eria um lembrete

Do que a religião que você tanto idolatra prega:
"Do pó viestes, e ao pó retornará".
Você não tem a coragem necessária de queimar e renascer,
Já que todas as vezes que uma linhazinha da sua roupa começou a pegar fogo
Você só tacou a pessoa mais próxima que viu na fogueira, pouco se lixando dos danos.
Mas
O que você faria
Se um balde de gasolina caísse sob a sua cabeça
E além de sangue,
Seu macacão ficasse cheio de combustível 
E você não tivesse mais como fugir
Ou ninguém pra jogar no seu lugar
(Já que todo o seu palco havia desmoronado)
?

Não se engane
Você não é uma fênix.
Não vai renascer das cinzas.
Só vai queimar 
Ouvindo os murmúrios de sofrimento de todo mundo que você já causou algum mal
Igual
Na
Porra
Do 
Inferno.

Pra alguém que acredita em céu,
Você tá bem distante dele,
Mas não se preocupe
Eu vou acenar pra você lá embaixo
Com um sorrisinho cínico, um chá gelado em mãos e óculos escuros
Me deleitando 
Vendo você ficar sem 
Nada.
(Exatamente como nos deixou.)

EfêmeroOnde histórias criam vida. Descubra agora