Que rosto tem o amor?

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Primeira mente eu achei que o amor talvez tivesse o rosto dele...
A mania tímida de ajeitar o óculos quando estava nervoso, ou passar o braço pelos meus ombros (pra reafirmar nossa diferença de altura e me trazer pra mais perto), de me abrigar quando eu era só caos tempestade e ventania
De me dizer coisas bonitas mesmo que fosse só para eu ouvi-las (não porque necessariamente ele acreditava)
E depois me deixar com um monte de mentiras como se não fosse nada.
Então, conclui
O amor não tem o rosto dele
Muito menos era parecido com ele.

Depois,
Eu achei que o amor tinha o rosto (e o gosto) dela.
O sorriso de lado, a ironia, as mordidas e todo o fogo que a gente possuía e queimava sempre.
Mas também o olhar preocupado, de quem faria de tudo pra me ver bem, os abraços apertados (pra respirar), e todo o resto que só eu e ela sabemos (e só nós precisamos saber).
O amor teve cara de praia, cheiro de maresia difundindo com cheiro de grama molhada durante muito tempo pra mim.
(Talvez não tempo o suficiente)
Até eu me retirar da praia num pedido frio e silencioso.
Talvez,
O amor tivesse o rosto (e o gosto) dela mesmo,
Constatei.
Mas talvez não fosse ser assim pra sempre.

Em seguida
Pensei que o amor tivesse o rosto dela (um tanto parecido com o meu)
Mas em contraste, a personalidade totalmente diferente
As roupas escuras combinavam demais com as minhas claras,
Assim como o meu all-star com o coturno pesado.
As minhas frases doces começaram a destoar das tuas ríspidas.
E tudo meio que parou de encaixar,
O amor deixou de ter teus olhos puxadinhos e teu meio sorriso
Ou teus cachos rebeldes que tu nunca arrumava.

Então constatei que o amor não teve teu rosto,
Nem rosto do 1 garoto,
Ou da 1 garota.
O amor nunca teve rosto no final das contas,
Porque ele não é alguém e sim algo.
Algo que não deve suprir expectativas e se encaixar em uma pessoa só quando é tão extenso quanto o universo.

Mas mesmo assim,
O amor continua sendo doce em todas as suas nuances pra mim.
Só que...
Ele também continua sendo um pouco doloroso.

— sinto que eu saio sempre machucada de algo que não deveria sequer doer.

EfêmeroOnde histórias criam vida. Descubra agora