13: Paradise

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ᒪOᑎᘜ IՏᒪᗩᑎᗪ, 𝙽𝙴𝚆 𝚈𝙾𝚁𝙺
Alícia - 13:26 PM

— Tá certo, vem. – Disse Gustav me puxando

Saímos da escola e caminhamos até o centro de Long Island. Gus quis mudar a trajetória então nós íamos a praia ao invés da sorveteria, ele queria me mostrar a famosa Havens Beach uma praia localizada em Sag Harbor, uma parte nobre da cidade.
Compramos algumas coisas no centro, comemos e partimos de volta para casa. Estávamos um pouco sem assunto então o silêncio era um tanto que constrangedor, eu estava chutando uma pequena pedrinha pelo caminho até ela cair em um boeiro, ouvi Gustav resmungar algo mas não entendi o que, até ele dar um suspiro alto.

— Qual foi? – Pergunto.

— Jay! – Ele disse como se fosse algo óbvio e eu fiz uma cara de desentendida. – Meu antigo traficante. – Explica.

— O que tem ele?

— Ele mora no próximo quarteirão que a gente vai entrar, e ele não me curte muito por conta de umas parada antiga. – Explica.

— Entendi. Mas que parada?

— Lay traiu ele comigo, foi assim que conheci ela. Aí Jay descobriu, eles terminaram e ele me ameaçou falando que faria da minha vida um inferno se eu aparecesse por aqui de novo.

— Caralho, quer que a gente volte e faça outro caminho ou sei lá? – Pergunto e ele nega com a cabeça.

— Muita gente não gosta de mim por todo canto da cidade, não vou ficar evitando passar pelos lugares por isso. Quando eu for rico e famoso esses pussy vão querer atenção.

Apenas escutei e fiquei em silêncio, era incrível o jeito que Gustav acreditava em si mesmo apesar de todas as merdas que ele passa. Sinto que falta um pouco de apoio sobre a carreira dele vindo da família, mas isso não parece ser algo que o incomoda, pelo contrário, isso faz com que ele se esforce ainda mais pra provar algo. Um grande defeito dele é sempre querer fazer cem porcento de tudo, ser extremamente perfeito e isso consome ele, talvez seja algo que ele resolva a longo tempo ou seja um traço não muito bom da personalidade dele.
Me perdi nos meus pensamentos e não percebi que estávamos chegando na minha casa.

— Obrigado Gus. – Digo e ele dá um sorriso. Era um sorriso incrível, eu adorava ver isso, a covinha mais marcada do lado direito, os dentinhos de baixo não encostando nos de cima, a curvatura no canto dos seus lábios. Uau eu admiraria isso por muito tempo.

— De nada querida. Me liga quando estiver pronta e a gente vai.

— Pode deixar, cuidado na rua em. – Gustav apenas concorda e segue o caminho para sua casa.

ᒪOᑎᘜ IՏᒪᗩᑎᗪ, 𝙽𝙴𝚆 𝚈𝙾𝚁𝙺
Gustav - 16:17 PM

Tudo se encontra meio lento.
Dropei alguns xans, sei que não devia, me sinto morto por dentro.
Não aguento mais essa rotina, acordar morrendo de fome, comer, me sentir culpado e colocar tudo pra fora. Talvez meu psicológico esteja horrivel e eu não saiba disso por completo, voltei aos mesmos vícios de alguns meses, remédios, bebidas, cortes. Achar que isso vai aliviar a minha dor é burrice, isso lentamente me consome, e eu sei muito bem disso mas não sei como lutar contra.
Não ando com tempo pra pensar em mim mesmo, eu só preciso focar no meu trabalho, explodir e fazer história.
Mas nesse exato momento eu tenho que encontrar Alícia, prometi que iríamos a praia e já me arrependi dessa merda.
Sou uma pessoa confusa e tenho muito medo de machucar ela. Acho que isso se chama responsabilidade afetiva, se eu fizer algo ruim eu me afasto e nunca mais me perdoou.

ᒪOᑎᘜ IՏᒪᗩᑎᗪ, 𝙷𝚊𝚟𝚎𝚗𝚜 𝙱𝚎𝚊𝚌𝚑, 𝙽𝙴𝚆 𝚈𝙾𝚁𝙺
Gustav - 17:38 PM

— Aí caralho pisei seco na pedra. – Alicia disse rindo de desespero.

— Jesus. Se machucou?

— Não não, só doeu.

Estávamos finalmente chegando, o efeito do sono do remédio havia passado fazia pouco tempo e isso era bom, queria estar sóbrio com ela.
A praia é relativamente pequena, você tinha que fazer uma trilha até chegar nela, atravessar algumas pedras e pronto.

— Uau, é lindo. – Alicia disse me tirando da minha própria cabeça.

— Demais, a gente chegou bem no por do sol, que momento do caralho.

— Você é incrível Gus. – A garota disse de repente.

— An? – Pergunto.

— Isso aí mesmo que ouviu, só você mesmo pra me proporcionar esses momentos. – Responde.

— Que nada, qualquer pessoa faria isso.

— Cala a boca. Sua companhia e energia fazem esse momento tão bom.

Obrigado eu acho. – Digo e Alicia sorri levemente.

Estávamos sentados bem na beira da praia, nossos pés se molhavam e enchiam de areia sempre que vinha uma pequena onda. O leve vento que batia fez com que o cheiro do shampoo da Alicia se tornasse bem perceptível, um cheiro muito agradável.
O céu começou a ficar rosa e o sol estava se pondo naquele momento, era mágico ver isso e sentir um pingo de esperança em qualquer merda que fosse. Talvez fosse ela.
Observei que a garota escreveu "ghostboy" na areia mas não entendi muito bem o por que, mais tarde eu pergunto a ela sobre.
Jogamos assunto fora por mais alguns minutos até ela encostar a cabeça no meu ombro e ficar em silêncio. Não havia mais ninguém lá, apenas eu e ela.

— Gustav meu querido. – Uma voz familiar me chamou. Merda. Merda. Merda.

𝚂𝚃𝙰𝚁 𝚂𝙷𝙾𝙿𝙿𝙸𝙽𝙶 Onde histórias criam vida. Descubra agora