17: shit and shit

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ᒪOᑎᘜ IՏᒪᗩᑎᗪ 13:31 PM
Alicia

Meu coração pesa enquanto caminho em direção ao estacionamento, seguida de perto por um menino desconhecido. Achei o contato dele no bloco de notas do meu telefone, ele vendia uns xanax pro Gus e eu estava afim de aproveitar a noite. Tentei manter a calma, mas a preocupação pairava em minha mente. E se a coordenadora visse? Que ideia de merda comprar droga na escola, e será que Gustav viu isso?

Olho ao redor enquanto o vendedor separava algumas cartelas pra mim, Eric me olhava fixamente do refeitório enquanto falava com Gus.

Engoli em seco e me virei para encarar Gustav. Senti o peso do seu olhar pesando sobre mim, e meu coração apertou, temendo a reação dele. Paguei o que havia comprado e segui em direção ao pátio principal.

Gustav permaneceu em silêncio, seu rosto revelando uma batalha interna. Eu sabia que era hora de me pronunciar, pra explicar essa merda toda que vem acontecendo, não só hoje.

"Gustav", murmurei, minha voz fraca. "Eu posso conversar com você?"

Ele levantou a mão, interrompendo-me antes que pudesse dizer mais alguma coisa.

Alicia. Eu entendo - disse ele, sua expressão se tornando mais neutra. – Acho que a gente devia seguir em frente.

Eu não esperava que ele fosse tão indiferente. Gustav, o homem que sempre foi tão intenso em seus sentimentos. O que aconteceu conosco?

Enquanto o trio continuava a conversar sobre outros assuntos, eu lutava para manter os pensamentos em ordem e voltar a sala de aula.
Eu sabia que precisava falar com Gustav, explicar a minha situação. Mas ao mesmo tempo, uma vozinha dentro de mim sussurrava que talvez fosse hora de seguir em frente.

A incerteza dominava meus pensamentos enquanto eu me preparava para enfrentar uma conversa difícil com Gustav, rezando para que encontrássemos uma maneira de resolver isso.

Ele havia se tornado importante. Merda!

As aulas acabaram, o tempo esfriou e eu só queria ir o mais rápido pra casa. Vejo Gus caminhando na minha frente indo em direção a casa dele, acelero o passo ficando ao lado do garoto que me olhou de ombros.

- Ei, Gustav - chamei sua atenção, minha voz um pouco hesitante.

Ele olhou para mim, seus olhos castanhos escuros semicerrados como se estivesse me analisando. Suspirei, sentindo o nó em meu estômago se apertar ainda mais.

- Precisamos conversar – disse finalmente, torcendo para que minhas palavras não soassem acusatórias ou agressivas. - Sinto que tem algo entre nós, algo que estamos evitando.

Gustav franziu a testa, parecendo confuso. Eu sabia que ele devia estar se perguntando se também sentia essa mesma tensão entre nós.

- Alícia, eu... - ele começou, mas o interrompi.

- Espera, eu sei que não temos nos falado muito ultimamente, e isso está me deixando doida - admiti, minha voz carregada de frustração e vulnerabilidade. - Eu sinto a sua falta, Gus. Sinto falta de conversar como costumávamos fazer, de rir juntos, de...

Ele me olhou por um momento, sem dizer nada. Talvez estivesse processando minhas palavras e decidindo o que dizer.

- É. Eu também sinto sua falta - ele finalmente respondeu, sua voz carregada com um misto de tristeza e alívio. - Foi um mal entendido, um momento de raiva e... eu.. ah.. não queria ficar assim.

Sua sinceridade me atingiu em cheio, meu coração se apertando com a dor de saber que ele também estava lutando contra seus próprios sentimentos.

Sem pensar duas vezes, me aproximei de Gustav e segurei seu rosto em minhas mãos, olhando profundamente em seus grandes olhos que pareciam refletir uma imensidão de estrelas.

- Vamos esquecer isso, essas coisas acontecem. – eu disse suavemente, meus dedos acariciando sua pele suave. - Não podemos deixar um desentendimento nos afastar. Talvez tenhamos medo de admitir, mas...
bom, você sabe.

Gustav ficou em silêncio por um momento, suas mãos levantando para segurar as minhas, entrelaçando nossos dedos. Um sorriso tímido apareceu em seu rosto.

- Realmente, Alícia. - ele confessou, seu tom de voz carregado de emoção. - Talvez seja cedo demais, mas a gente pode descobrir juntos.

Eu estava prestes a dizer algo, quando Gustav se aproximou lentamente, seus lábios encontrando os meus em um beijo doce, o leve gosto de maconha que sua boca tinha acabava deixando tudo com um tom mais especial.

Os dias de incerteza e angústia foram substituídas pelo sentimento do momento. Sabíamos que ainda havia muito a ser enfrentado, conversas difíceis e obstáculos a serem superados. Gus está em processo de se descobrir, principalmente na vida artística, não quero atrapalhar isso mas nao posso lutar contra meus sentimentos.

E assim, enquanto caminhávamos juntos em direção à casa de Gustav, segurando suas mãos geladas e suadas, eu soube que não importava o que viesse, eu queria apoiar o garotinho que havia dentro dele.

Porém, começou a surgir o questionamento de que sempre sou eu que quero resolver as coisas. Ele realmente liga pra essa merda?

𝚂𝚃𝙰𝚁 𝚂𝙷𝙾𝙿𝙿𝙸𝙽𝙶 Onde histórias criam vida. Descubra agora