Brilho nos olhos
O almoço foi uma merda. Em todos os sentidos.
As provações não pararam por sequer um segundo e o dia acabou muito pior comparado a como começou. Pelo menos no meio de todo o caos conseguimos escrever a carta para as rainhas – impressionante, calorosa e ameaçadora o suficiente –, e eu consegui ficar a noite com Feyre.
Nós duas estávamos sem sono então aproveitamos a madrugada para bagunçar igual crianças. De pequenas correntes de água que não molhavam o chão e eram pura beleza, até pequenos montes de neve. Éramos duas adultas – ou pelo menos eu era –, mas fazia tempo, muito tempo, em que não me divertia dessa maneira.
Com muito esforço consegui cantar um pouco até ela pegar no sono. Adormeci logo em seguida e uma noite longe de pesadelos foi o que recebi. Então, quando Rhys me acordou – com extremo cuidado para não acordar Feyre que dormia agarrada em mim – apenas me virei para o outro lado e resmunguei algo sobre não querer, logo voltando a dormir.
Só percebi que ele tinha me tirado do quarto quando o vento frio do final de inverno bateu no meu rosto, fazendo com que eu encolhesse no seu colo.
— Eu. Te. Odeio. — Resmunguei enquanto passava meus braços por seu pescoço. Os braços de Rhys me seguraram com mais força nas costas e no joelho me impedindo de cair conforme me encolhia mais.
Sua risada baixa encheu o corredor vazio e ele logo fechou a janela.
— Duvido muito disso, querida. — Encostei a cabeça no seu peito, escutando seus batimentos, e mais uma vez senti o sono chegando. — Ei, nada de dormir.
Apenas bufei e abri os olhos, o violeta dos olhos de Rhys já me encaravam e os pequenos pontos prateados pareciam brilhar cada vez mais.
— Achei que não aguentaria — ele começou enquanto caminhava em direção ao quarto que havia dormido — o jantar ontem. Você e suas irmãs são muito diferentes, e não digo isso apenas porque é feérica. Elas têm boa atenção, ou pelo menos uma delas. Mas ao vê-las, sentadas àquela mesa... Não percebi que me atingiria com tanta força. O quanto você era jovem. O quanto elas não a protegeram.
— Eu era a mais velha, Rhys.
— Feyre te protegeu. Ela é a mais nova.
Rhys me deixou sentada na cama e peças de roupas parecida com o couro illyriano apareceram do meu lado, ele acenou com a cabeça para que eu pegasse uma e quando escolhi a menor segui para o banheiro para me trocar.
— Não foi sempre assim, sabe? Eu passava a manhã com Elain nos jardins, dançava a tarde com Nestha e de noite ia no quarto de Feyre e cantava até ela dormir. Não sei direito onde tudo isso mudou, talvez com a morte da nossa mãe, talvez antes.
Terminei de me trocar e abri a porta do banheiro, engolindo em seco com o que havia visto.
Rhys estava virado de costas para a porta sem a blusa que usara para dormir. O padrão das tatuagens illyrianas subia por suas costas, continuando além do ombro. Os músculos eram definidos nos lugares certos e na quantia certa.
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Corte de Mudanças e Sonhos - Versão Antiga
FantasyA maldição foi quebrada e Amarantha está morta. De volta a Corte Primaveril, Layla tenta viver com seus novos pesadelos e seu novo corpo. Ela só se sente segura em um lugar, mas ela pode ir para lá apenas uma semana em cada mês. Mesmo morta, a Grã-R...