Memórias enterradas
Ficamos praticamente em silêncio durante o voo e a travessia até Velaris.
Aquela maldição havia tomado conta de mim. A sensação havia sido perturbadora e a mera lembrança me fazia estremecer, pior ainda era saber exatamente o que eu tinha feito cada um ver. A culpa me enchia e transbordava.
Rhys havia visto a morte de sua mãe e irmã. Feyre tinha revivido os terrores de Sob a Montanha. Nestha e Elain viram a morte de nossa mãe. Morrigan presenciou os terrores com seus pais e Eris. Azriel teve que sentir a dor de suas mão queimando mais uma vez. Cassian teve que sofrer o abandono e encontrar novamente moradia e roupas.
Eu não sabia dessa parte da história deles, mas os obriguei a reviver cada segundo que eles tentavam ao máximo manter escondido. Quando consegui acordar do transe em que estava mal acreditei no que havia feito, Rhys me segurou tão forte e não consegui quantas desculpas eu pedi a eles.
Eu não havia visto nada, mas havia sentido o medo e a ansiedade e o desespero em cada um deles. E havia continuado.
Não sabia como Raven aguentava isso. E talvez esse fosse o segredo dela: ela não aguentava.
Amren já aguardava na casa, as roupas amarrotadas e o rosto perturbadoramente pálido. Fiz uma nota mental para ir com Feyre comprar mais sangue para ela imediatamente.
Mas em vez de nos reunirmos na sala de jantar ou na de estar, Rhys seguiu pelo corredor, as mãos nos bolsos, passou pela cozinha, e saiu para o jardim do pátio nos fundos.
Tentei me convencer que isso era apenas o estresse com as rainhas, com o que elas disseram e imaginaram de nós, mas no fundo eu imaginava – e tinha quase certeza – que era porque eu havia perdido o controle e feito ele reviver um momento que tentava ao máximo deixar guardado.
O silêncio de Rhys me deixava louca. Não era normal. Não era para ser assim. Então segui atrás dele até o jardim e percebi que todos vieram também, nos sentamos nas cadeiras de ferro e começamos a tentar achar alguma solução que pudesse resolver nosso problema.
Eu havia pensado em uma, mas precisava que todos aceitassem e fizessem o papel que seria designado a cada. Mais uma máscara que a Corte Noturna teria que usar para se proteger.
Rhys e Amren contaram resumidamente a história de Miryam e Drakon – como haviam lutado para se manterem escondidos, vivendo em uma terra sem ódio.
— Então, o que oferecemos em troca? — Feyre perguntou. — O que mostramos a elas?
O rosto de Rhys pareceu arrasado.
— Mostramos Velaris a elas.
— O quê? — disparou Mor. Mas Amren a silenciou.
E era isso do que eu tinha medo. Chegar em uma situação em que todos eles teriam que abrir mão da cidade que lutaram e juraram proteger para simplesmente realizar o pedido idiota de algumas rainhas. Rhys havia sacrificado muito para jogar fora desse jeito.
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Corte de Mudanças e Sonhos - Versão Antiga
FantasiaA maldição foi quebrada e Amarantha está morta. De volta a Corte Primaveril, Layla tenta viver com seus novos pesadelos e seu novo corpo. Ela só se sente segura em um lugar, mas ela pode ir para lá apenas uma semana em cada mês. Mesmo morta, a Grã-R...