Você deveria me ver usando uma coroa
Enquanto fazíamos nosso caminho até a Cidade Escavada, flechas de freixo foram lançadas em nossa direção. Rhys disparou para o chão mais rápido do que meu cérebro foi capaz de processar, o vento cortava meu rosto e desfez uma parte da minha trança. Azriel e Cassian já se dirigiam até nós. Escudos de azul e vermelho translúcidos os envolviam –lançando aquelas flechas pelos ares. Eram os Sifões em ação.
O rosto de Rhysand apresentava fúria pura, uma fúria que fazia tempo que eu não via – desde Sob a Montanha e Amarantha. Todo aquele ódio passava pelo laço, se misturando com minha própria raiva.
Olhei para trás e vi Azriel escondendo Feyre atrás de si. Freixo não tinha efeito nela, mas dependendo de onde fosse atingida seria fatal por ela ainda ser humana. Não deixei que o medo me transbordasse, nada iria acontecer e todos sairíamos ilesos. Os três irmãos eram como forças da natureza na floresta de pinheiros, e Rhysand nem mesmo me olhou quando ordenou a Cassian:
— Leve-as para o palácio e fique lá até eu voltar. Az, você vem comigo.
Cassian estendeu a mão para mim, mas eu me afastei.
— Não. Iremos juntos.
Não queria ter que ficar presa no palácio, esperando até eles voltarem, sem saber o que estaria acontecendo. E por mais que Feyre ainda fosse humana... Cassian havia a treinado bem, ela estava forte – mais forte que muitos feéricos.
Cassian e Azriel, sabiamente, ficaram calados. E Rhys, que a Mãe o abençoasse, apenas recolheu as asas e cruzou os braços... esperando ouvir meus motivos.
— Já vimos flechas de freixo — falei, um pouco sem fôlego, tentando convencer a mim mesma que poderia fazer isso. — Posso reconhecer onde foram feitas. E se vieram da mão de outro Grão-Senhor... posso detectar isso também. Estou bem treinada e sei me esconder.
A ira que irradiava pela clareira nevada se conteve em um ódio gélido, calmo demais. Porém, Rhys falou:
— Cassian, quero patrulhas aéreas nas fronteiras marítimas, posicionadas em círculos de 3,5 quilômetros, até Hybern. Quero soldados de infantaria nos vales das montanhas ao longo da fronteira sul; certifique-se de que aquelas fogueiras de aviso estejam prontas em cada cume. Não vamos nos fiar em magia. — Ele se voltou para Azriel. — Quando terminarem, avise seus espiões de que podem estar comprometidos, e prepare-se para extraí-los. E coloque novos espiões no lugar. Vamos conter isso. Não contaremos a ninguém dentro daquela corte o que aconteceu. Se alguém mencionar, digam que foi um treinamento.
Mas quando começamos a procurar, não havia nada. Absolutamente nada. Quem fosse havia levado até as flechas para não deixar pistas. Passei o tempo todo segurando a mão de Feyre, com medo de que a levassem quando eu me distraísse.
Uma humana numa terra feérica. Pela Mãe. Mas eu não podia me deixar levar por esse pensamento, não poderia me rebaixar no nível de Tamlin. Feyre precisava viver.
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Corte de Mudanças e Sonhos - Versão Antiga
FantasiaA maldição foi quebrada e Amarantha está morta. De volta a Corte Primaveril, Layla tenta viver com seus novos pesadelos e seu novo corpo. Ela só se sente segura em um lugar, mas ela pode ir para lá apenas uma semana em cada mês. Mesmo morta, a Grã-R...