A Corte dos Sonhos
A baía estava bastante calma — talvez amansada por seu senhor e mestre — para que a barca de festas mal oscilasse ao longo das horas em que jantávamos e bebíamos a bordo.
Feita da madeira mais fina e de ouro, o enorme barco era confortável para os cem ou mais Grão-Feéricos que faziam o possível para não observar cada movimento que Rhys, Amren, Feyre e eu fazíamos.
O deque principal estava cheio de mesas baixas e sofás para comer e relaxar, e, no nível superior, sob um dossel de azulejos composto com madrepérola, nossa longa mesa tinha sido montada. Tarquin era o verão encarnado, usando turquesa e ouro, e pedaços de esmeralda brilhavam nos botões e em seus dedos. Uma coroa feita de safira e ouro branco em forma de ondas quebrando repousava no alto do cabelo cor de espuma do mar; tão exótica que eu me surpreendia olhando para ela frequentemente.
Estava sentada ao lado direito de Amren quando reparei na conversa entre Tarquin e Feyre. Perguntei-me sobre o que eles poderiam estar conversando, se seria o início da distração de Feyre; Amren, como se lesse meus pensamentos, deu um pequeno aceno com a cabeça e se virou novamente para seu prato, antes de levantar e seguir as escadas até a popa da embarcação. Senti pena dela, infelizmente sua forma não deixava que ela aproveitasse da comida que havia sido servida para todos.
Virei-me para Rhys, na minha direita, e tive que reprimir o sentimento ao vê-lo conversando tão alegremente com Cressida. Encarei novamente o prato na minha frente, a comida espalhada sem realmente comê-la. Tentei ignorar os risos ao meu lado, a proximidade, as pequenas carícias.
Fechei o olho e respirei fundo.
Era tola por pensar que Rhysand realmente esperaria alguém. Mas seus olhos eram tão verdadeiros, suas palavras tinham tanto sentimento.
Levantei da cadeira sem me preocupar em explicar onde iria. Senti os olhares em mim, mas decidi ignorá-los e segui meu caminho até o convés principal. Procurei um lugar que não houvesse ninguém, queria evitar conversar com alguém e apenas aproveitar a pequena brisa que batia contra a lateral do barco; senti aquele formigamento dentro de mim, meu poder aos poucos acordando, querendo ser libertado.
Não sei quanto tempo passei parada ali, observando o mar, as ondas quebrando. Deixei que minha mente viajasse, imaginei como seria se meu pai estivesse ali, o que ele pensaria do que eu deveria fazer, se aprovaria.
— Você já se isolou demais — Feyre disse atrás de mim, vindo até meu lado e enlaçando seu braço com o meu. — Espero que estivesse pensando em como conseguir o livro e não em certas pessoas.
Ri do jeito que ela falou e observei seu sorriso também crescer.
— Não. Estava pensando no meu pai, — olhei para baixo, piscando para afastar as lágrimas — se ele aprovaria tudo que estou fazendo. Se estou fazendo realmente a coisa certa.
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Corte de Mudanças e Sonhos - Versão Antiga
FantasiA maldição foi quebrada e Amarantha está morta. De volta a Corte Primaveril, Layla tenta viver com seus novos pesadelos e seu novo corpo. Ela só se sente segura em um lugar, mas ela pode ir para lá apenas uma semana em cada mês. Mesmo morta, a Grã-R...