Corte Estival
Havia me recuperado o suficiente para continuar com os treinos, mas os com Amren ainda eram difíceis, a todo momento do que tinha acontecido e um medo sem limites me atingia, medo de machucar algum deles. O Círculo Íntimo era o mais próximo que eu tinha de família depois da morte da minha, simplesmente não suportaria saber que eu seria a responsável caso meu poder os ferisse.
Entretanto, Rhys achava que eu já estava bem o suficiente para nossa visita a Corte Estival. Depois de tantos anos não sabia o que exatamente gostaria de achar, e nem mesmo qual seria a minha reação ao voltar para casa. Somente esperava que conseguisse sentir a presença do meu pai, seria o necessário, por enquanto, para me deixar em paz com um passado extremamente conturbado.
Amren e Rhys me esperavam no saguão da casa para podermos ir; nem Cassian, Azriel ou Mor iriam, cada um ocupado com suas próprias funções – ou, como no caso de Cassian, a Estival estava preocupada com a ida dele.
Terminei de ajudar a Feyre a arrumar o vestido dela – lilás esvoaçante com um cinto incrustado de prata e pérolas, alem de pequenas flores pratas bordadas na bainha e perto do ombro – e encarei-me no espelho. Não estava mais magra como antes, finalmente havia ganhado um pouco de peso e minha pele não estava mais tão pálida como antes, ainda assim parecia faltar alguma coisa, mas de qualquer jeito era meu vestido e a pequena coroa que chamava toda a atenção. O primeiro era inteiro preto e a manga chegava até meus pulsos, o colo ficava livre para um possível colar e pequenos pontos prateados cobriam as mangas e o busto; e a coroa era pequena e prateada com pequenas estrelas.
Quando descemos as escadas, Rhys se virou e seu olhar encontrou com o meu; percebi rapidamente como nossas roupas se completavam, ele estava de preto da cabeça aos pés, acentuado pelo bordado prateado, e a coroa dele era uma cópia um pouco maior da minha. O macho contido e sofisticado que eu conhecera, sua máscara preferida. Seus olhos adquiriram um brilho no mesmo instante, como se sorrissem.
Amren fingiu tossir para atrair nossa atenção e percebi que ela conseguia ficar elegante mesmo com roupas mais comuns que as nossas – seu habitual conjunto cinza, a calça larga com cós logo abaixo do umbigo, a blusa esvoaçante curta o suficiente para mostrar um trecho ínfimo de pele no tronco.
Rhys apenas disse:
— Bom. Vamos.
Minha boca se abriu, mas Amren explicou com um sorriso amplo e felino:
— Ele está irritadinho esta manhã.
— Por quê? — perguntei, observando Amren pegar a mão de Rhys, e os dedos delicados pareciam encolher nos dele. Rhys estendeu a outra mão para mim, agarrei-a. Os calos de Rhys arranharam os meus, o único lembrete do guerreiro treinado sob as roupas e a máscara.
— Porque — respondeu Rhys por Amren — fiquei fora até tarde com Cassian e Azriel e eles me limparam nas cartas.
— Mau perdedor? — Perguntou Feyre. Segurei a mão dela.
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Corte de Mudanças e Sonhos - Versão Antiga
FantastikA maldição foi quebrada e Amarantha está morta. De volta a Corte Primaveril, Layla tenta viver com seus novos pesadelos e seu novo corpo. Ela só se sente segura em um lugar, mas ela pode ir para lá apenas uma semana em cada mês. Mesmo morta, a Grã-R...