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Me perco dentro de um labirinto que eu mesmo planejei e ergui, assim como dedalo, aprisionado em sua própria criação, me vejo a beira de um abismo sem fim, sem nenhuma chance de sobrevivência ou de solução. A cada dia me mantenho vivo apenas por existir, pois minha alma já foi consumida há anos e somente meu corpo vaga por ai, tento manter um sorriso firme e costurado ao rosto, ensaiado como todos os outros, mas dá onde estou já nem se pode mais ver o fraco brilho da luz no fim da estação, aqui sentado no chão gelido de metal esperando o trem da dor e aflição, tento levantar, fugir, correr para longe de meu cruel destino, mas é impossível me soltar das amarras que todos os dias eu mesmo venho construindo, notei que não há nada que me prenda aqui além de minha própria falta de consciência, minha própria falta de força de vontade, então aceito meu trágico fim, no qual ao invés de tentar me desvencilhar das cordas imaginárias que criei eu apenas tenho pena de mim.

Des(casos) de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora