LXXVII

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Sinto. Sinto tanto, sinto pouco, deixo de sentir, mas sinto. Sinto sua falta, sua ausência, sua presença ainda que distante, sinto teu cheiro de madeira com outono refrescante, sinto tua voz reverberar por meus ossos em fio de memória, sinto tua boca passear por minhas linhas escritas tortas sob seus dedos, sinto o gelo instalado em seu peito que meu calor não pode descongelar, sinto a queda do alto de prédio que tivemos, sinto teu sorriso ao me ver despencar, sinto tuas mentiras belas aos outros proclamar, sinto a máscara que se folga em seu rosto cada dia nesse papel que decidiu encenar. Sinto os estalos das engrenagens sem óleo de seu corpo, sinto o calafrio do arrepio por teu olho preto morto, sinto a lâmina que gravou em meu coração com as facas afiadas de palavras que ousou dizer, sinto e sinto tanto por ainda sentir você.

Des(casos) de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora