LXXXII

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Conheço esse caminho, essa rota, esse destino, já estive aqui antes, e também no tempo em que antecedeu o antes que me recordo. Já vi tantos irem tantos virem, imóvel sem nenhuma atitude tomar, somente substituindo algo que não dava tanto valor por outro que menos ainda iria dar. Já ouvi choros de partidas e de permanências das quais não queria, já disse insolências que qualquer coração esmagaria, já agi impulsivamente e logo me arrependi depois, já senti tanto que tudo que sentia foi esquecido e se pôs. Vivi de aparências sem ter fixas pessoas para me ancorar, troquei de versões como quem esquece sua identidade e tenta de todas maneiras encontrar. Me fiz passageiro sem querer permanecer, fechei-me em caixa de vidro apenas observando a vida acontecer, não dei espaço a quem queria realmente ficar e me admirei correndo atrás de ilusórias falácias de quem jamais pensou em me considerar, busquei tantas vezes erros em situações, em pessoas no geral, desculpas que me tirassem o foco de fato do problema real, minha constante autosabotagem quando se trata de ser alguém com o mínimo de estabilidade emocional.

Des(casos) de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora